Neste próximo final de semana, entre sexta e segunda-feira (de 27 a 30/11) acontecerá a segunda janela das eliminatórias para o EuroBasket da FIBA de 2022, a principal competição entre seleções européias. Neste artigo, tentaremos contar para vocês todos os detalhes importantes relacionados ao evento, que é o penúltimo passo antes da definição dos 24 países que disputarão o torneio.

Um pouco de história

Para aqueles que estão começando a acompanhar o basquete europeu apenas recentemente, achamos válido falar um pouco sobre a rica história do EuroBasket. Com 85 anos de existência, o EuroBasket é uma das competições mais tradicionais da história do basquete. Criado em 1935, ele reúne as melhores seleções do continente, para definir quem é o campeão europeu.

Desde sua concepção até 2017, o torneio era realizado a cada dois anos. Isso nunca foi diferente até então, exceto quando houve a Segunda Guerra Mundial e a competição ficou em hiato entre 1939 e 1946. Durante décadas, as seleções que exerceram o maior domínio foram a União Soviética e a Iugoslávia, que são até hoje as seleções com mais medalhas de ouro (14 para a U.R.S.S. e oito para a Iugoslávia) e com mais medalhas totais (21 para a U.R.S.S. e 17 para a Iugoslávia).

Na década de 1980, esse domínio começou a ser quebrado. Em 1983, a Itália conquistou seu primeiro título europeu, interrompendo uma seqüência de 13 conquistas dos dois países. Em 1987, a Grécia se tornaria a outra “intrusa” na lista de conquistas, vencendo o seu primeiro título, na edição que foi jogada em sua casa. Esse título da Itália deu início a um período de 34 anos (1983 a 2017) em que dez seleções diferentes ganharam o EuroBasket. Nos 47 anos que o antecederam (1935 a 1982), somente sete o fizeram.

O espanhol Pau Gasol, que na edição de 2017 se tornou o maior cestinha da história da competição

Em 2012, a FIBA anunciou que suas competições sofreriam alterações de calendário e o EuroBasket – bem como todas as competições continentais – passaria a acontecer a cada quatro anos, ao invés de dois, após a edição de 2017. Desta forma, o EuroBasket deveria acontecer em 2021, mas por causa da pandemia da COVID-19, que jogou as Olimpíadas de 2020 para 2021, o órgão decidiu em abril deste ano que o EuroBasket seria transferido para as duas primeiras quinzenas de setembro de 2022.

Situação atual

Os 24 países que chegaram à segunda fase das eliminatórias européias para a Copa do Mundo de 2019 garantiram vaga automática nesta fase final das eliminatórias para o EuroBasket. São elas: Alemanha, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Croácia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Geórgia, Grécia, Holanda, Hungria, Israel, Itália, Letônia, Lituânia, Montenegro, Polônia, República Tcheca, Rússia, Sérvia, Turquia e Ucrânia.

O ala-armador Michele Vitali, representando a Itália na primeira janela, em fevereiro

Outras 17 seleções que ficaram pelo caminho nas eliminatórias para a Copa puderam jogar as pré-eliminatórias do EuroBasket, entre novembro de 2017 e agosto de 2019, em três rodadas eliminatórias diferentes, até que sobrassem oito que avançaram para as qualificatórias. Foram elas: Suécia, Macedônia do Norte, Bélgica, Áustria, Dinamarca, Romênia, Grã-Bretanha e Suíça.

Assim, temos hoje 32 seleções, divididas em oito grupos de quatro equipes cada, onde os três primeiros colocados garantem vaga no EuroBasket. Vale ressaltar que apesar delas estarem disputando estas eliminatórias, República Tcheca, Geórgia, Itália e Alemanha já estão automaticamente classificadas para o EuroBasket, pois eles são os quatro países que sediarão a competição. Ou seja, há 20 vagas em disputa entre as outras 28 seleções.

Os grupos e os resultados da primeira janela

Após a última fase das pré-eliminatórias, as 32 seleções classificadas foram sorteadas de acordo com sua posição no ranking da FIBA de fevereiro de 2019 e separadas em oito grupos. Em fevereiro deste ano, tais grupos disputaram a primeira das três janelas desta fase, em que realizaram duas partidas cada.

Nesta janela eles disputarão mais duas cada e a terceira e última janela está programada para acontecer entre os dias 18 e 22 de fevereiro de 2021. Ao fim desta, conheceremos os países que disputarão a competição. Os grupos e os resultados da primeira janela foram os seguintes:

Grupo A
Seleções: Espanha🇪🇸, Polônia🇵🇱, Israel🇮🇱 e Romênia🇷🇴;
O que aconteceu na primeira janela: Israel foi o único a vencer seus dois compromissos, diante da Polônia e da Romênia. Eles se aproveitaram do tropeço da Espanha diante da Polônia para assumir a ponta do grupo;

Grupo B
Seleções: Rússia🇷🇺, Itália🇮🇹, Macedônia do Norte🇲🇰 e Estônia🇪🇪;
O que aconteceu na primeira janela: Mesmo com vaga garantida, a Itália fez bonito e venceu seus dois jogos, contra Rússia e Estônia. Com força quase que total, os italianos bateram os russos de maneira dominante, por quase vinte pontos de diferença (83 a 64);

Grupo C
Seleções: Lituânia🇱🇹, República Tcheca🇨🇿, Bélgica🇧🇪 e Dinamarca🇩🇰;
O que aconteceu na primeira janela: a surpresa deste grupo foi a Bélgica, que logo na primeira partida atropelou a gigante Lituânia, por 86 a 65 em casa. Eles bateram a Dinamarca na seqüência e lideram o grupo com folga. A Lituânia bateu a já classificada República Tcheca na segunda rodada para ficar com o segundo lugar;

Grupo D
Seleções: Croácia🇭🇷, Turquia🇹🇷, Holanda🇳🇱 e Suécia🇸🇪;
O que aconteceu na primeira janela: a Croácia não teve problemas para exercer seu favoritismo diante da Suécia e da Holanda e lidera tranqüila. A grande decepção foi a Turquia, que perdeu ambos os jogos, contra essas mesmas seleções e está agora em maus lençóis;

Grupo E
Seleções: Sérvia🇷🇸, Finlândia🇫🇮, Geórgia🇬🇪 e Suíça🇨🇭;
O que aconteceu na primeira janela: outro grupo com uma grande surpresa, que foi a Geórgia. Usamos o termo “surpresa” não que o elenco não seja bom, mas porque a equipe derrotou a grande favorita Sérvia, mesmo jogando em Belgrado, para conseguir sua segunda vitória. Na luta desesperada pela última vaga, a Finlândia deu um passo importante ao bater a Suíça fora de casa;

Grupo F
Seleções: Eslovênia🇸🇮, Ucrânia🇺🇦, Hungria🇭🇺 e Áustria🇦🇹;
O que aconteceu na primeira janela: sem levar suas principais estrelas, a atual campeã Eslovênia cai na estréia diante da Hungria, mas recuperou-se na seqüência batendo a Áustria em casa. Os húngaros deram outro passo gigantesco rumo à classificação ao bater a Ucrânia fora de casa, para ficar com a liderança;

Grupo G
Seleções: França🇫🇷, Alemanha🇩🇪, Montenegro🇲🇪 e Grã-Bretanha🇬🇧;
O que aconteceu na primeira janela: um dos grupos mais difíceis desta fase, todas as quatro seleções terminaram a primeira janela empatadas, com uma vitória e uma derrota cada. No confronto das favoritas do grupo, a Alemanha levou a melhor sobre a França;

Grupo H
Seleções: Grécia🇬🇷, Letônia🇱🇻, Bósnia e Herzegovina🇧🇦 e Bulgária🇧🇬;
O que aconteceu na primeira janela: a Grécia não teve grandes dificuldades e venceu seus dois compromissos, contra a Bulgária em casa e a Bósnia e Herzegovina fora. Búlgaros e bósnios empatam até no saldo de cestas, mas os búlgaros levam a vantagem no número de pontos marcados;

Classificação após a primeira janela:

As “bolhas” de proteção contra a COVID-19 e os jogos desta segunda janela

A grande novidade para esta segunda janela é que ao invés de cada seleção mandar seus jogos em seu próprio país, cada grupo terá uma cidade-sede, onde as equipes jogarão no formato de “bolha”, para prevenir a propagação da COVID-19. Confira abaixo quais são essas bolhas e quais serão os jogos de cada grupo nesta janela (horários de Brasília):

Grupo A
Local da “bolha”: Valência, Espanha
Jogos:
28/11 – 12h30 – Romênia x Polônia
28/11 – 15h30 – Israel x Espanha
30/11 – 12h30 – Israel x Polônia
30/11 – 15h30 – Espanha x Romênia

Grupo B
Local da “bolha”: Tallinn, Estônia
Jogos:
28/11 – 11h – Itália x Macedônia do Norte
28/11 – 15h30 – Estônia x Rússia
30/11 – 11h – Rússia x Itália
30/11 – 15h30 – Estônia x Macedônia do Norte

Grupo C
Local da “bolha”: Vilnius, Lituânia
Jogos:
27/11 – 11h30 – República Tcheca x Bélgica
27/11 – 14h30 – Lituânia x Dinamarca
29/11 – 11h30 – Dinamarca x República Tcheca
29/11 – 14h30 – Lituânia x Bélgica

Grupo D
Local da “bolha”: Istambul, Turquia
Jogos:
27/11 – 10h – Holanda x Suécia
27/11 – 13h – Croácia x Turquia
29/11 – 11h – Holanda x Turquia
29/11 – 14h – Suécia x Croácia

Grupo E
Local da “bolha”: Espoo, Finlândia
Jogos:
28/11 – 11h30 – Suíça x Sérvia
28/11 – 14h30 – Finlândia x Geórgia
30/11 – 11h – Suíça x Geórgia
30/11 – 14h – Sérvia x Finlândia

Grupo F
Local da “bolha”: Liubliana, Eslovênia
Jogos:
28/11 – 13h10 – Áustria x Hungria
28/11 – 16h10 – Eslovênia x Ucrânia
30/11 – 13h10 – Ucrânia x Áustria
30/11 – 16h10 – Eslovênia x Hungria

Grupo G
Local da “bolha”: Pau, França
Jogos:
27/11 – 14h – Grã-Bretanha x França
27/11 – 17h – Alemanha x Montenegro
29/11 – 11h – França x Alemanha
29/11 – 14h – Grã-Bretanha x Montenegro

Grupo H
Local da “bolha”: Sarajevo, Bósnia e Herzegovina
Jogos:
27/11 – 14h – Grécia x Letônia
27/11 – 17h – Bósnia e Herzegovina x Bulgária
29/11 – 14h – Bulgária x Grécia
29/11 – 17h – Bósnia e Herzegovina x Letônia

Para quaisquer detalhes que não pudemos incluir neste guia, como estatísticas, elencos, etc, recomendamos o site oficial da competição.

Onde assistir?

A plataforma oficial de streaming da FIBA, a Live Basketball TV, fará a transmissão de todas as partidas. A vantagem é que eles disponibilizam um plano temporário para aqueles que querem assistir somente as competições continentais e esse plano expira exatamente após o fim da janela. Para assinar esse plano temporário, o usuário precisa pagar US$ 6,99, que na conversão de hoje (23/11, às 20h30) está dando cerca de R$ 38,00.

Um relato pessoal

Pedindo licença para fazer um breve relato pessoal, este que vos escreve conheceu o basquete europeu através de um EuroBasket, em 2007, quando a Rússia, de Andrei Kirilenko, bateu a anfitriã e favoritíssima Espanha, de Pau Gasol, em uma final espetacular, vencida nos últimos segundos por 60 a 59. Me apaixonei perdidamente pela emoção da disputa, pela paixão das torcidas, e descobri que aquilo não era uma exceção e sim a regra. Dificilmente há uma conquista de EuroBasket que não envolva uma tonelada de emoção. Como o primeiro título da Grécia, de Nikos Galis, em 1987, que em casa derrotou na grande final, na prorrogação, a U.R.S.S. e deu início a uma revolução no basquete do país. Ou como quando a Lituânia do armador Šarūnas Jasikevičius conquistou o seu primeiro ouro desde a independência da U.R.S.S., em 2003, dominando a Espanha na final. Ou como quando Luka Dončić e a extraordinária geração eslovena deram o ouro inédito ao país na última edição, em 2017, batendo a favoritíssima Sérvia na final. Poderia passar dias contando histórias emocionantes sobre o EuroBasket. Eu sinceramente espero que todos os que leram este artigo até aqui consigam conhecer essa mesma paixão e se deliciem em setembro de 2022. Se Deus quiser, a presença das torcidas já será restabelecida até lá, o que facilitará muito o processo de paixão!

Este texto é um conteúdo original do EuroLeague Brasil e não deve ser reproduzido em outros sites sem o devido consentimento.

By Tabela de Ferro

O único site em língua portuguesa especializado em basquete europeu.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *