Após a realização de quatro partidas remarcadas para esta semana, a temporada regular da EuroCup foi oficialmente concluída e o torneio caminha para sua segunda fase, o Top 16. A segunda competição mais importante do basquete europeu de clubes masculino definirá, nesta fase, os oito clubes que avançam para as quartas-de-final.
Originalmente, o Top 16 estava programado para começar no dia 30 de dezembro, duas semanas após o fim da temporada regular. Porém, devido ao alto número de jogos que precisaram ser adiados em função de problemas com a COVID-19 nos clubes, a organização da competição decidiu adiar o início desta próxima fase.
O Top 16 terá seu início na segunda semana de janeiro, com a primeira rodada acontecendo nos dias 12 e 13. Cada clube disputará seis rodadas dentro de seu grupo e esta fase está programada para terminar no dia 10 de março.
O formato do Top 16
Assim como na temporada regular, o Top 16 consiste em uma fase de grupos. Na temporada regular, eram quatro grupos (A, B, C, D) de seis times cada, que se enfrentaram em jogos de ida e volta e os quatro primeiros colocados avançaram de fase.
Agora, há novamente quatro grupos (E, F, G, H), mas com quatro clubes em cada, que também se enfrentam em jogos de ida e volta e somente os dois primeiros colocados de cada grupo se classificam para as quartas de final. Os grupos do Top 16 foram formados por cruzamentos, baseados na posição de cada time na temporada regular. Eles ficaram assim:
Os quatro times de melhor campanha nesta fase terão vantagem de mando de quadra nas quartas de final, fase disputada em séries melhor de três jogos, com início programado para o dia 23 de março.
Casos de COVID-19
Assim como na temporada regular, qualquer clube que passar por problemas relacionados à COVID-19 terá o direito de adiar quaisquer de suas partidas, até três vezes. A data limite para realizar uma partida adiada, nesta fase, é o dia 16 de março.
Favoritos em potencial
Somente três times alcançaram pelo menos oito vitórias, nos dez jogos disputados na temporada regular. O Joventut Badalona (ESP), da dupla Ante Tomić (com a bola na foto acima) e Pau Ribas, começou quente, vencendo as cinco primeiras no difícil grupo A. Após duas derrotas em três jogos, o clube voltou aos trilhos e venceu as duas últimas, garantindo o primeiro lugar.
A dupla citada acima não é o único ponto forte da equipe. Dois garotos formados na base do clube também despontaram nesta temporada regular, contribuindo excelentemente. São eles o armador macedônio Nenad Dimitrijević e o ala-armador espanhol Xabier López-Arostegui. Com, respectivamente, médias de 14,1 e de 14,0 pontos por jogo, eles foram os cestinhas do time na primeira fase. Dimitrijević foi titular em apenas dois jogos, enquanto “Xabi” ganhou a posição no quinteto inicial de vez a partir da 6ª rodada.
Outro espanhol que também venceu oito partidas foi o Gran Canaria (ESP), que em um grupo D não tão difícil, manteve a campanha sólida do início ao fim. O grupo, na realidade, foi dominado pela Trentino (ITA) durante sua primeira metade, com o clube italiano permanecendo invicto após seis jogos. Mas o Gran Canaria foi o primeiro time a derrotá-los e a vitória lhes deu a moral para avançar e tomar dos italianos o primeiro lugar na penúltima rodada.
O time se fez valer da forte defesa para dominar os times mais fracos do grupo. No geral, o Gran Canaria teve a quinta melhor defesa da competição, sofrendo uma média de apenas 76,5 pontos por jogo. Como destaques individuais, dois atletas do “frontcourt” da equipe chamaram atenção na temporada regular: o ala Stan Okoye e o pivô Matt Costello. A dupla americana combinou para uma média de 12,3 rebotes por jogo, ajudando a equipe a terminar como a quarta que mais rebotes pegou. Okoye também terminou como o cestinha do time, com média de 13,6 pontos por jogo.
Por fim, o time que chega com mais moral a esta fase. Os italianos da Virtus Bologna (ITA) foram o único clube a terminar a temporada regular invicto. Ainda que a campanha no campeonato italiano esteja sendo irregular, o time foi completamente dominante no grupo C, que contava com adversários muito fortes. Dentre as características que tornam a Virtus tão boa, estão a defesa, a quarta melhor da temporada regular (74,5 pontos por jogo) e a criação de jogadas. Nenhum time roubou mais bolas (média de 9,4 por jogo) ou deu mais assistências que ela na temporada (23,7 por jogo).
Sem a menor dúvida o grande destaque do time é o armador sérvio Miloš Teodosić (foto acima), que dispensa apresentações. Desde que se juntou à Virtus, ele tem o costume de começar as partidas no banco, mas é, sem dúvidas, a grande estrela do time. Mas a equipe também conta com vários ótimos coadjuvantes, como Stefan Marković, quarto jogador com mais assistências na temporada (média de 6,6 por jogo), e os americanos Josh Adams e Kyle Weems. Para melhorar ainda mais, o time acertou há poucas semanas o retorno de Marco Belinelli, após 13 anos na NBA. Caso ele se encaixe bem na equipe, cuja base joga junto há quase dois anos, a Virtus tem um potencial para se tornar ainda mais perigosa.
Quem mais está na briga
É claro que, apesar do favoritismo, nenhuma dessas três equipes terá vida fácil ou uma “classificação garantida”. Há vários times qualificados que prometem ser pedras no sapato. Os russos UNICS Kazan (RUS) e Lokomotiv Kuban (RUS) combinam para dois títulos e dois vice-campeonatos da competição nesta década e são sempre perigosos. O “Loko”, inclusive, tem o melhor ataque da competição, marcando 91 pontos por jogo. A equipe conta com um dos melhores jogadores da competição, o pivô Alan Williams (foto abaixo), que teve médias de 14,5 pontos e 12,5 rebotes por jogo.
Os “ex-iugoslavos” também são candidatos fortes: o tradicionalíssimo Partizan Belgrado (SER) começou muito mal a temporada, após perder o técnico Andrea Trinchieri, mas se acertou após a chegada do treinador Sašo Filipovski na 6ª rodada, vencendo quatro das cinco partidas finais; os montenegrinos do Budućnost (MNE) surpreenderam a muitos na primeira fase e podem continuar a fazê-lo; os eslovenos do Cedevita Olimpija (SLO) terminaram com uma grande arrancada, vencendo cinco das últimas seis partidas da temporada regular.
O trio de franceses é encabeçado pelo Monaco (FRA), clube que teve a melhor defesa da competição na temporada regular (média de 72,4 pontos por jogo) e vem liderando o campeonato francês. Mas o Metropolitans 92 (FRA) também fez ótima campanha até aqui, na EuroCup e no nacional, e é um candidato forte em seu grupo. Campeão da temporada 2016-17, o Unicaja Málaga (ESP) e seu forte ataque também podem incomodar.
Por fim, se as 12 equipes citadas até aqui têm, em teoria, grandes chances de preencher as oito vagas para as quartas, as próximas quatro precisarão surpreender muita gente para conseguir avançar. Correndo um pouco por fora estão Andorra (ESP) e Nanterre 92 (FRA), os dois times que avançaram com as piores campanhas. Já Mornar Bar (MNE), JL Bourg (FRA) e Trentino (ITA) não fizeram campanhas necessariamente ruins, mas a irregularidade que apresentaram deixa dúvidas sobre se eles conseguirão sobreviver após esta fase.
Os italianos, como já citamos, tiveram um início espetacular, mas eles relaxaram após garantir a classificação e terminaram a temporada regular com quatro derrotas seguidas. Bourg dominou os times fracos do grupo e ainda bateu duas vezes o Partizan, mas perdeu as quatro contra Badalona e UNICS. Então, é difícil imaginar que eles consigam ir muito longe no grupo mais forte desta fase. O Mornar, dentre os três, tem a vantagem de estar no grupo “menos difícil”, mas ainda assim terá que superar dois gigantes para se classificar.