Começou nesta sexta-feira (28) o Final Four da temporada 2020-21 da Euroliga, que acontece em Colônia, na Alemanha. Foram disputadas as duas semifinais da competição, que acontecem em eliminação em jogo único. De um lado, o líder da temporada regular, Barcelona (ESP), enfrentou a Olimpia Milão (ITA), time que terminou a temporada regular em quarto lugar. Do outro, o vice-líder, CSKA Moscou (RUS), enfrentou o Anadolu Efes (TUR), terceiro, em uma reedição da grande final da temporada 2018-19, que terminou com o título dos russos. Leia abaixo o resumo de como foi cada uma das partidas de hoje. Ao fim do texto, saiba mais alguns detalhes sobre as duas decisões que acontecerão no domingo.

Barça e Olimpia travam batalha épica e catalães vencem com arremesso salvador de Higgins no segundo final

Por Thiéres Rabelo

Pela semifinal 1 do Final Four da Euroliga, Barcelona (ESP) e Olimpia Milão (ITA) fizeram um dos jogos mais espetaculares destes playoffs, decidido apenas no segundo final. Os catalães, que tiveram a melhor campanha durante a temporada regular, venceram por 84 a 82 e estão de volta à final da maior competição continental de clubes do planeta, após 11 anos.

As duas equipes travaram uma dura e equilibrada batalha durante o primeiro quarto. Inicialmente, parecia que o Barça tomaria as rédeas da partida, pois o time catalão rapidamente abriu 7 a 2, com todos os pontos vindos das mãos de Nick Calathes (quatro) e Nikola Mirotić (três). Mas não demorou nada para Vladimir Micov trazer a Olimpia de volta ao jogo. O veterano sérvio fez sete dos primeiros dez pontos do clube italiano e, de repente, a diferença era de apenas um ponto, em favor do Barça.

A pressão da Olimpia não cessou e a equipe italiana levou poucos minutos para chegar à sua primeira liderança da noite, quando Malcolm Delaney, com uma cesta de três, virou o jogo para 15 a 14 para os “meneghini”, com pouco mais de quatro minutos para o fim do quarto. Foi neste momento que começou a brilhar a estrela do veteraníssimo Pau Gasol, que apareceu com sete pontos nos três minutos e meio finais do quarto, que ajudaram os “Culé” a não perderem a ponta. Após dez minutos, mesmo que a Olimpia tenha tido duas oportunidades seguidas da linha de três nos segundos finais do quarto, o Barcelona terminou à frente, por 27 a 24.

A defesa barcelonista se endurece no segundo quarto

Apesar de os números finais talvez não demonstrarem isso, o Barcelona conseguiu ter uma superioridade considerável durante o segundo período, principalmente do lado defensivo da quadra. Os “blaugrana” conseguiram limitar o time italiano a somente 11 arremessos de quadra, enquanto também os forçou a cometer cinco desperdícios de posse de bola, após não terem cometido sequer um no primeiro quarto. O argentino Leandro Bolmaro foi um dos defensores do Barça que mais deu trabalho aos adversários no quarto, com sua marcação fortíssima.

Apesar da ótima postura, o Barça não conseguiu ampliar sua vantagem no placar tanto quanto essa superioridade defensiva lhes possibilitaria. Durante a maior parte do paríodo, a Olimpia se manteve a uma ou duas posses de bola de distância. Foi somente nos dois minutos finais que o Barcelona foi capaz de elevar sua liderança para os duplos-dígitos. Porém, antes do fim do primeiro tempo, os italianos conseguiram trazer ela de volta para nove. Na ida para os vestiários, o placar mostrava 51 a 42 para os espanhóis.

Olimpia volta melhor e vira o jogo no terceiro quarto

A história do jogo mudou completamente no terceiro quarto. Aparentemente, o técnico Ettore Messina conseguiu consertar no vestiário todos os problemas da Olimpia, que voltou faminta para o segundo tempo. Primeiro, os italianos levantaram um muro na defesa, limitando o Barça a somente oito pontos em quase oito minutos. Nesse mesmo intervalo, os “Sapatinhos Vermelhos”, como é apelidada a Olimpia, ainda conseguiram transpor a defesa catalã e marcaram 26 pontos. O ala-armador Kevin Punter foi o grande destaque ofensivo da Olimpia no quarto, anotando 11 pontos, que incluíram cestas cruciais.

Os italianos viraram a partida e chegaram até mesmo a abrir oito pontos de frente nos minutos finais, quando chegaram a estar vencendo por 69 a 61. Porém, o Barça jamais se entregou e uma cesta de três quase no estouro do cronômetro do fim do quarto mostrou que os catalães estavam mais vivos do que nunca. Chegando ao último quarto, a Olimpia estava à frente, por apenas 71 a 67.

Logo no primeiro minuto do último quarto, Calathes já trouxe o Barcelona de volta ao jogo de uma vez por todas, com uma jogada de três pontos que diminuiu a vantagem italiana para apenas um ponto. O equilíbrio perdurou durante todo o período, sem que nenhum dos dois times conseguisse se sobressair. As coisas pareceram tomar um rumo ruim para o Barça na metade final do período, quando Calathes torceu o tornozelo e foi obrigado a deixar o jogo em definitivo, com ainda mais de três minutos por jogar.

Após algumas trocas na liderança e vários momentos empatados, Mirotić deu ao Barça uma vantagem de três pontos, 82 a 79, com menos de dois minutos para o fim, ao acertar dois lances livres. Mas Punter, até então zerado no quarto, acertou uma bola de três crucial na posse de bola seguinte e empatou o jogo a 1:44 do fim. Tensos, os dois times desperdiçaram posses ofensivas nos segundos finais. A bola voltou para a Olimpia com 31 segundos no relógio e a jogada foi para Punter, que tentou o chute de três. Porém, a cesta não foi convertida.

O rebote ficou com Victor Claver, que com apenas cinco segundos no relógio, passou para Cory Higgins, o ala-armador americano que foi um dos destaques da equipe ao longo da temporada, mas que vinha fazendo uma partida ofensivamente discreta, com oito pontos até ali. Higgins penetrou e, da cabeça do garrafão, converteu o arremesso da vitória, fazendo 84 a 82 para o Barça. Após revisão, a arbitragem viu que ainda restavam 0.8 segundo para a Olimpia tentar o milagre. Porém, a defesa “Culé” anulou todas as opções na cobrança de lateral e Punter só conseguiu efetuar um arremesso desequilibrado, que não passou perto de cair.

Assista aos melhores momentos da partida:

Apesar da derrota e de ter tido apenas três pontos no último quarto, Punter terminou como o cestinha da partida, com seus 23 pontos. Ele teve três companheiros pontuando em duplos-dígitos: Micov, com 14, Shavon Shields, com 13, e Sergio Rodríguez, com 11. Delaney teve apenas nove pontos, mas liderou o time com sete rebotes e quatro assistências. Pesou para a Olimpia as atuações apagadas de três de suas estrelas: Zach LeDay, Kyle Hines e Luigi Datome. Combinados, o trio produziu apenas 12 pontos totais.

Pelo lado do Barça, Mirotić finalmente “apareceu” nestes playoffs, terminando como o cestinha do time, com seus 21 pontos (cinco acertos em dez arremessos de quadra), além de pegar seis rebotes, que lhe deram 28 de PIR (Performance Index Rating). Nos cinco jogos que disputou nas quartas-de-final, ele não havia feito mais do que 11 em nenhum deles e teve oito ou menos e três jogos. Calathes teve 17 pontos, seis assistências e quatro rebotes, que lhe deram 27 de PIR. Higgins, o herói da vitória, terminou com 11 pontos, enquanto Gasol ficou com dez, todos no primeiro tempo.

Efes domina durante quase todo o jogo, CSKA reage no último quarto, mas os turcos conseguem sua vingança

Por Artur José Freitas

Para abrir a Final Four em Colónia, tivemos um encontro entre gigantes. O Anadolu Efes, vindo da Turquia e que estava em primeiro no ano passado antes da pandemia ter terminado com a competição, teve como adversário, o ainda atual campeão, CSKA Moscou, vindo da Rússia. Os dois times foram os finalistas da última temporada concluída, 2018-19.

O CSKA começou com Daniel Hackett e Darrun Hilliard a base (armadores), Nikita Kurbanov e Tornike Shengelia a extremos, e Eric Michael a poste (pivô). Já o cinco inicial do Efes foi: Vasilije Micic, Simon Krunoslav (bases/ armadores), Rodrigue Beaubois, Chris Singleton (extremos) e Sertac Sanli (poste/ pivô).

Tivemos um bom início de jogo com Shenglia a marcar com uma tip-in, corrigindo o lançamento falhado do colega de equipa. Já para os turcos, na posse de bola seguinte, Micic consegue após um bloqueio vantagem sobre o defensor e empata a partida. Durante os minutos seguinte tivemos oportunidade de ver um and-one, resultando numa jogada de três pontos por parte de Krunoslav e depois um triplo de Beaubois. Johannes Voigtmann entrou no jogo, e ao ver que a sua equipa estava a ficar para trás cravou um triplo levando a que a metade do primeiro período o resultado estivesse 7 a 13 com vantagem para a equipa de Istambul. Apesar de Hackett estar bem ao marcar um par de vezes, o Efes ia tirando vantagem do tiro exterior com Micic e Beaubois. Para terminar o primeiro período, Janis Strelnieks roubou a bola de Larkin e foi marcar em cima da buzina, diminuindo a desvantagem do CSKA no final dos primeiros 10 minutos. O resultado encontrava-se 15 a 25.

Will Clyburn que veio do banco dos moscovitas e pegou fogo e se não fosse ele, as esperanças do CSKA passar à final seriam quase nulas a meio do segundo período, pois do outro lado a dupla Micic e Larkin estavam nos seus bons dias, um step-back three do recém MVP colocou o resultado em 24 a 39. Clyburn continuava a brilhar no grande palco da Final Four, mas a defesa do CSKA não estava a conseguir parar o ataque do Efes e ao intervalo os turcos venciam 37 a 49, onde vimos Clyburn a marcar os últimos quatro pontos do período.

A segunda parte começou nem mais nem menos com uma jogada de quatro pontos de Micic e de seguida um lançamento de média distância, e com pouco mais de 20 minutos jogados tinha 20 pontos marcados e o Efes vencia por 18. A equipa que veio de Istambul estava com tudo a correr a seu favor, mesmo quando o CSKA começou a aquecer, depois de ter começado 2 em 11 em lançamentos no terceiro período, o ataque turco continuava a gerar pontos. Chegamos a registar uma vantagem do Efes de 21 pontos (a maior do jogo), com o jogo 39 a 60 a seu favor. No entanto, no final do período o CSKA foi-se chegando ao adversário e perdia 55 a 71 no final do terceiro período.

A formação da Rússia tinham acabado o período anterior num parcial de quatro a zero e começou este com um de seis a zero, levando a colocar a desvantagem em apenas 10 pontos (61 a 71). O Efes conseguiu depois mais uns pontos de vantagem e depois para o CSKA, Iffe Lundberg, excedeu o limite de faltas atingindo as cinco e teve de se ir sentar no banco o restante do jogo; uma perda importante para a equipa de Moscovo, visto que já limitado com faltas a peça importante da rotação registava 15 pontos com 6 em 7 em lançamentos de campo em apenas 13 minutos. O CSKA mostrava que não estava rendido e foi aos poucos recuperando do buraco de onde se tinha colocado durante a primeira parte, e com menos de cinco minutos para o fim já só estava a oito pontos (73 a 81). E depois veio um parcial de sete a dois, por parte dos ainda detentores do troféu, e com o jogo a 80 a 83 a 2:54 do fim, sentia-se que podíamos um bocadinho de magia de EuroLiga a abrir esta tão desejada Final Four.

A esperança de haver uma recuperação de mais de 20 vinha cada vez a crescer mais. Com pouco mais de um minuto para o fim Kurbanov marcou os dois lances livres e a diferença encontrava-se em apenas um (86 a 87). O pensamento instalava-se, será que o Efes ia pipocar quando estava tão perto de poder eliminar a equipa que em 2018/19 lhes “roubou” o troféu, ou que ia se impor e mostrar que era mesmo a melhor equipa naquele campo? Tivemos então, de seguida, posses de bola em que ninguém marcou nenhum cesto, com destaque para Clyburn e Hillard que não conseguiram converter quando tiveram a oportunidade de virar o jogo. O CSKA foi depois obrigado a forçar uma falta e Larkin foi para o lance livre onde marcou os dois, a 7.8 segundos do fim. Clyburn com mais uma oportunidade, desta vez para empatar o jogo, falhou mais uma vez para tristeza dos adeptos do CSKA de Moscovo. No final de contas o CSKA caiu aos pés do Anadolu Efes, 86 a 89.

Assista aos melhores momentos da partida:

Para a equipa russa destacaram-se: Daniel Hackett com 17 pontos (seis em oito de dois pontos), três ressaltos, duas assistências, dois roubos de bola e um PIR de 17 e Will Clyburn com 26 pontos (nove em nove de dois pontos), sete ressaltos, nove faltas sofridas e um PIR de 34. Para os vencedores brilharam: Vasilije Micic com 25 pontos, seis ressaltos (três ofensivos), seis assistências, 10 faltas sofridas e um PIR de 26; Sertac Sanli com 19 pontos (seis em oito de dois pontos), oito ressaltos, três desarmes de lançamento/ tocos e um PIR de 25; e Simon Krunoslav com 10 pontos, seis ressaltos, três assistências e um PIR de 16.

Decisões no domingo

As duas decisões que restam acontecem neste domingo (30). CSKA e Olimpia farão a disputa de terceiro lugar, em partida que começa às 12h30 do horário de Brasília, 16h30 do horário de Lisboa. O clube italiano, que voltou ao Final Four após 29 anos, busca igualar sua melhor colocação final na Euroliga desde a temporada 1991-92. Já o CSKA, presente nos últimos oito Final Fours, esteve na disputa pelo bronze cinco vezes nessa seqüência e saiu vitorioso em três. Na história da Euroliga moderna (de 2000-01 para cá), os dois times se enfrentaram 15 vezes e os russos levam ampla vantagem, tendo vencido 11 vezes. Na temporada regular deste ano, foi uma vitória para cada lado.

Às 15h30 de Brasília e 19h30 de Lisboa, Efes e Barcelona decidem o título. Os turcos, atuais vice-campeões, perseguem seu primeiro título, que pode vir após três anos de campanhas excelentes. O time joga a grande final apenas pela segunda vez em sua história, de um total de quatro participações no Final Four. Já o Barça quer voltar a erguer o troféu mais importante da Europa pela terceira vez. A última foi na temporada 2009-10, quando um time treinado por Xavi Pascual e comandado dentro de quadra por Juan Carlos Navarro e Ricky Rubio atropelou o Olympiacos na grande final. Na história, os dois clubes já se enfrentaram 23 vezes, com 12 vitórias turcas e 11 espanholas. Nesta temporada, o Efes foi um dos poucos times a derrotar o Barça em ambos, primeiro e segundo turno.

By Tabela de Ferro

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