Enquanto a decisão do maior jogador da história do clube de encerrar a carreira pode vir como um motivo de tristeza para o torcedor do Olympiacos, ela traz um lado positivo também: o clube parece finalmente encaminhado para se renovar. De volta à primeira divisão do campeonato nacional, os Vermelhos podem se beneficiar ainda mais. Resta saber se os reforços serão suficientes para encerrar o jejum de playoffs na Euroliga que já dura três anos.
Quem chegou
Moustapha Fall (C, ASVEL-FRA, francês, 29 anos) / Michális Loúntzis (PG, Promithéas-GRE, grego, 23 anos) / Thomas Walkup (PG, Žalgiris Kaunas-LIT, estadunidense, 28 anos) / Tyler Dorsey (SG/PG, Maccabi Tel Aviv-ISR, estadunidense, mas com passaporte grego, 25 anos)
Quem saiu
Vassílis Spanoúlis (SG, grego, 39 anos, aposentou-se) / Kósta Koufós (C, grego-estadunidense, 32 anos, sem clube) / Charles Jenkins (SG/PG, estadunidense, 32 anos, foi para o Tenerife-ESP) / Aaron Harrison (SG, estadunidense, 26 anos, foi para o Türk Telekom-TUR) / Octavius Ellis (C, estadunidense, 28 anos, foi para o Türk Telekom-TUR) / Vassílis Charalampópoulos (SF, grego, 24 anos, foi para a Reyer Veneza-ITA) / Aléxandros Nikolaídis (PG, grego, 19 anos, foi emprestado para o Lavrío-GRE)
Possível quinteto titular: PG – Kóstas Sloúkas SG – Tyler Dorsey SF – Kóstas Papanikoláou PF – Sasha Vezenkov C – Hassan Martin Sujeito a variações |
Possível segunda unidade: PG – Thomas Walkup / Michális Loúntzis SG – Giannoúlis Larentzákis SF – Shaquielle McKissic PF – Giórgos Príntezis / Livio Jean-Charles C – Moustapha Fall Sujeito a variações |
Desempenho geral na temporada passada
Disputando somente a Euroliga, enquanto mandava uma “equipe B” para a disputa da segunda divisão grega, o Olympiacos teve duas temporadas distintas dentro de uma mesma campanha. Durante o primeiro turno, o gigante grego teve altos e baixos. Começou muito bem, disputando uma vaga no “G4” ao vencer cinco dos primeiros oito jogos que disputou. Mas o time não conseguiu manter-se constante, vencendo adversários da parte de baixo da tabela, mas se alternando entre vitórias e derrotas contra concorrentes diretos e os favoritos ao título.
Dessa forma, os Vermelhos terminaram o primeiro turno com uma campanha de 50% (oito vitórias e oito derrotas, um jogo a menos naquele momento), ocupando apenas o 10º lugar, ainda bastante vivo na briga por uma das oito vagas aos playoffs. Porém, o que se viu no segundo turno foi uma queda vertiginosa de rendimento da equipe, mais especificamente de algumas de suas principais peças. A principal delas foi a do ala-armador Aaron Harrison, titular do time e que pontuou em duplos-dígitos em seis jogos durante o primeiro turno, mas que “desapareceu” na segunda metade da temporada, na qual teve uma média de apenas 4,6 pontos por jogo.
Adicione-se a isso o baixo rendimento de outros titulares como Charles Jenkins e Kóstas Papanikoláou e o Olympiacos não teve muitos recursos para evitar a fraca campanha. Kóstas Sloúkas foi, pela maior parte da temporada, a estrela solitária do time. Pelo menos no segundo turno ele teve um pouco mais de ajuda da parte do ala-pivô Sasha Vezenkov, grande aposta do time no garrafão para suprir a saída de Nikola Milutinov. O búlgaro foi um dos grandes destaques de toda a Euroliga no segundo turno, no qual teve média de 14,8 pontos por jogo. Ele terminou a temporada como o cestinha geral da equipe.
O time abriu o returno com duas vitórias empolgantes, contra Maccabi (jogo remarcado) e Bayern de Munique, chegando à campanha de dez vitórias e oito derrotas, entrando na zona de classificação temporariamente. Mas este foi o último momento de esperança para o clube, pois o que se subseguiu foi uma série de oito derrotas seguidas contra rivais diretos na briga pelos playoffs, praticamente acabando com a temporada da equipe.
Reforço(s) mais importante(s) para esta temporada
O Olympiacos não se reforçou muito do ponto de vista da quantidade, mas as “poucas” contratações que o time fez foram pontuais e podem ter fortalecido o time de maneira substancial. Duas delas chamam mais atenção.
O grandalhão Moustapha Fall (2,18m) foi um dos melhores pivôs da Europa na temporada passada, apesar de uma leve queda de rendimento nos jogos finais da temporada, quando seu ASVEL não disputava mais nada. Entre pivôs, ele teve a quinta maior média de PIR (Performance Index Rating) por 40 minutos, com 25,7. Muitos têm ele como reserva do bom Hassan Martin para a posição cinco, mas Fall – que teve números melhores que os de Martin em 2021 – certamente irá disputar a titularidade.
A outra aquisição que chama atenção é a do armador estadunidense Thomas Walkup. Ele é um dos principais defensores da posição, algo que o Olympiacos precisava desesperadamente, pois Sloúkas e Spanoúlis deixaram a desejar no quesito na temporada passada. Walkup dá ao técnico Giórgos Bartzókas várias alternativas, podendo, por exemplo, deixar Walkup com a função de armar o time e deixar Sloúkas mais solto para talvez explorar a posição dois.
O que esperar nesta Euroliga
Não foi citada na seção precedente, mas outra contratação de peso do time de Pireu foi a do ala-armador Tyler Dorsey, uma das principais peças do banco de reservas do Maccabi Tel Aviv nos últimos anos. Assim como Walkup, Dorsey dá a Bartzókas um leque de possibilidades para escalar o backcourt do time. Contando ainda com o sempre explosivo Shaquielle McKissic para a posição três, saindo do banco, o Olympiacos fortaleceu consideravelmente seu perímetro para este ano.
Vale citar também a saída de Spanoúlis, que decidiu se aposentar no meio do ano. Apesar de ídolo e maior jogador da história do clube, ele já havia passado do seu auge há muito tempo e não fazia mais sentido dar a ele tanto tempo de quadra (17 minutos por jogo) baseado apenas em seu legado. Ele já não vinha sendo uma ajuda tão efetiva assim dentro de quadra, após as duas cirurgias no tornozelo dos dois anos anteriores.
A manutenção das principais peças de garrafão, junto à adição de Fall, torna esse o setor mais forte da equipe. O grande ponto de interrogação em torno a este time é o quanto as adições de Walkup e Dorsey vão ajudá-lo a melhorar sua defesa. Os Vermelhos tiveram a 6ª pior defesa da Euroliga no ano passado (79,8 pontos sofridos por jogo). Qualquer expectativa de um ano melhor passa por uma melhora nesse fundamento. Se isso for alcançado, as chances de o Olympiacos voltar às quartas-de-final aumentam muito.