Nesta quinta-feira (13), faltam duas semanas para o Draft 2024 da NBA, a ser realizado em Nova Iorque. Com o crescimento da globalização na liga norte-americana, tem se tornado costume jovens europeus projetados em altas posições no recrutamento. Em 2023, o francês Victor Wembanyama foi o número 1 do draft, selecionado pelo San Antonio Spurs.
Em cima disso, o Tabela de Ferro apresenta um pouco de cinco atletas com origens europeias que estarão na NBA na próxima temporada. Dois franceses, inclusive, estão cotados para as duas primeiras escolhas. Dos cinco citados abaixo, três atuaram no Velho Continente até o fim desta temporada.
Alex Sarr (pivô, França)
É possível que, mais uma vez, um jovem pivô francês seja selecionado na primeira escolha geral do Draft da NBA. Em 2024, a opção é do Atlanta Hawks. Alexandre Sarr, 19 anos, não tem o mesmo hype que Wembanyama e sequer sofre comparações com o compatriota, apesar de algumas semelhanças. Sarr se destaca pelo forte poderio defensivo e grande mobilidade no ataque, em especial por seu tamanho (2,16m). Além do atleticismo apreciado pela NBA.
Nascido em Bordeaux e criado em Tolouse, Alex é descendente de senegaleses e tem histórico de atletas na família. O pai, Massar, foi jogador de basquete profissional na França. Já o irmão Olivier, seis anos mais velho, atua na NBA e na G-League em contrato bidirecional com Oklahoma City Thunder e Oklahoma City Blue, a franquia afiliada na liga de desenvolvimento.
Apesar de crescer na França, Alex trilhou outros caminhos desde cedo. Aos 14 anos, foi para a Espanha atuar nas categorias de base do Real Madrid, mas dois anos depois rumou aos Estados Unidos para integrar o Overtime Elite, projeto focado em jovens com potencial de chegar à NBA. Na época, foi o primeiro europeu contratado pelo programa. Foram dois anos na América do Norte até atravessar o mundo e se profissionalizar na Austrália.
Sarr foi para a NBL participar do Next Star, programa da liga de basquete australiano que visa desenvolver jovens talentos elegíveis ao Draft da NBA. No Perth Wildcats, o pivô passou a ganhar destaque e subir nas cotações do próximo recrutamento da liga dos Estados Unidos. Em 27 jogos na Oceania, Sarr acumulou médias de 9.4 pontos, 4.3 rebotes, 0.9 assistência e 1.5 toco em pouco mais de 17 minutos de quadra. Seu time foi eliminado nas semifinais da NBL.
Zaccharie Risacher (ala, França)
O outro francês da lista tem crescido nas projeções. Em muitas, inclusive, para ser a primeira escolha ao invés de Alex Sarr. Zaccharie Risacher foi campeão com Wemby e também deixou seu clube para ter mais espaço um ano antes de saltar para a NBA. Aos 18 anos, representa a seleção da França, mas é nascido na Espanha por conta de seu pai. Stéphane Risacher foi atleta profissional por mais de 20 anos, sendo medalhista de prata nas Olimpíadas de 2000. Quando Zaccharie nasceu, Stéphane jogava no Málaga.
O ala fez estreia profissional pelo ASVEL em 2021, aos 16 anos. Na época, Wembanyama estava no elenco do time de Lyon, mas os dois nunca estiveram juntos em quadra. Apesar disso, fizeram parte do elenco campeão francês da temporada 2021-22. No ano seguinte, Wemby partiu para o Metropolitans, enquanto Risacher permaneceu no clube e teve mais oportunidades na Euroliga. Porém, também tomou outro rumo em meados de 2023.
Segundo informações da imprensa europeia, Risacher teria ficado insatisfeito de trabalhar com o técnico TJ Parker, irmão do lendário Tony Parker, dono do ASVEL. Com isso, o jovem tomou a decisão de ir para outro clube em busca de mais espaço. Pouco depois de completar 18 anos e assinar o primeiro contrato profissional, o jogador foi emprestado pelo ASVEL ao Bourg, que também disputa a liga francesa, além da EuroCup.
No campeonato local, o ala somou 39 jogos com 10.9 pontos, 4.4 rebotes e 0.9 assistência de média. O Bourg foi eliminado nas semifinais pelo Monaco. Na EuroCup, o jovem acumulou, em 23 partidas, médias de 11.3 pontos, 3.3 rebotes e uma assistência. Risacher foi peça importante na campanha de vice-campeão do Bourg, sendo eleito o “Rising Star”, do torneio, premiação dada a jovens em ascensão. Com 2,08m, tem a capacidade defensiva como uma das principais virtudes apontadas.
Nikola Topić (armador, Sérvia)
O jovem é mais um talento da geração sérvia, com muitos já na NBA. Aos 18 anos, Topić também é mais um com histórico familiar, pois o pai, Milenko, teve carreira de 20 anos no basquete europeu. Listado com 1,98m, o armador é comumente prospectado nas primeiras escolhas do próximo draft. Criatividade e visão jogo, com enorme capacidade de passes, são alguns dos principais destaques. Além de ter potencial de crescimento defensivo.
Topić pertence ao Estrela Vermelha, onde chegou durante a adolescência. Ainda aos 16 anos, na reta final da temporada 2021-22, o jogador estreou na equipe profissional na Liga Adriática. Pouco depois, debutou também na Euroliga. Na temporada seguinte, para ganhar mais rodagem, foi emprestado ao clube sérvio Slodes, mas retornou logo em seguida. Depois, foi novamente cedido. No OKK Belgrado, passou a ter destaque na liga sérvia.
Em meados do ano passado, Topić foi campeão europeu sub-18 com a Sérvia, disputado em casa, sendo MVP do torneio. Na sequência, perto de completar a maioridade, o armador assinou o primeiro contrato profissional com o Estrela Vermelha, e passou por novo empréstimo no início da temporada 2023-24, para o Mega Basket. Por lá, virou um dos principais jogadores da Liga Adriática, a ponto de seu time o chamar de volta.
O armador foi eleito o Top Prospecto do torneio, prêmio que seus xarás Jokić e Jović, hoje na NBA, receberam em anos anteriores. Topić teve 15.1 pontos, 3.2 rebotes e 5.9 assistências de média na Liga Adriática, em 18 jogos incluindo Mega Basket e Estrela Vermelha. Apesar de campeão, o jovem sofreu lesão no joelho no primeiro jogo da final contra o Partizan, que o fez ficar fora do restante da série. Antes, havia ficado mais de três meses fora pelo mesmo problema, que inclusive pode fazê-lo perder posições no draft.
Matas Buzelis (ala, Lituânia)
O “menos europeu” da lista é nascido em Chicago, criado nos Estados Unidos, mas devidamente lituano, de família e de escolha por defender a seleção europeia. A trajetória de Buzelis inclui o fato de nunca ter jogado no Velho Continente, além de ter optado por se profissionalizar no G-League Ignite, time que disputa a liga de desenvolvimento da NBA. Para isso, recusou algumas das principais universidades que disputam a NCAA.
Matas, de 19 anos, tem o basquete no sangue e no histórico familiar. A mãe, Kristina, foi uma promissora atleta na Lituânia, com passagens por seleções de base, e o pai, Aidas, teve carreira como profissional, embora por pouco tempo. Por outro lado, o avô, Petras Buzelis, foi histórico jogador do Žalgiris Kaunas nos anos 1950 e 1960, sendo capitão do time. No início dos anos 2000, os pais do garoto migraram para Chicago, onde Matas nasceu.
Ainda criança, o hoje jogador de basquete frequentava aulas de ginástica e praticava natação. Já com a bola laranja, Matas Buzelis passou por Hinsdale Central, Brewster Academy e Sunrise Christian Academy durante o high school. Em 2023, no seu último ano, foi eleito MVP de um camp organizado pela NBA e FIBA no All-Star Game da NBA. Além disso, foi selecionado para o McDonald’s All-American, uma espécie de jogo das estrelas do ensino médio americano.
Na mesma época, Buzelis tinha ofertas de grandes universidades como Kentucky, North Carolina, Florida State e Wake Forest para ingressar na NCAA. Porém, o jovem optou por assinar com o G-League Ignite. Foram 26 jogos em sua única temporada, com 14.3 pontos, 6.9 rebotes e 1.9 assistência. Cotado para o Top-10 do draft da NBA, o ala tem versatilidade nos dois lados da quadra como um dos pontos fortes.
Tristan da Silva (ala-pivô, Alemanha)
O único da lista que atuou no basquete universitário americano é alemão com parte de Brasil no sangue. O sobrenome bem brasileiro de Tristan não é à toa. O ala-pivô da Universidade do Colorado é nascido em Munique, na Alemanha, filho de pai brasileiro, o ex-boxeador Valdemar da Silva. O irmão mais velho de Tristan, Oscar, também passou pelo college nos EUA e hoje faz carreira no basquete europeu. Atualmente, joga pelo Barcelona.
Tristan, de 23 anos, viveu na Alemanha até terminar o ensino médio, em 2019. Durante uma temporada, atuou no Schwabing, clube da Regionalliga 1, o quarto escalação do basquete alemão. Simultaneamente, participou do IBAM, projeto que lança jovens atletas ao profissional, ambos em Munique, seguindo os passos do irmão Oscar. Em meados de 2020, Da Silva acertou com a Universidade do Colorado para disputar a NCAA.
Pelos Búfalos, como é conhecido o time da faculdade, Tristan atuou os quatro anos. No ano passado, ele chegou a se candidatar para o draft da NBA, mas retirou seu nome e seguiu para o último ano como jogador universitário. A temporada 2023-24 foi a melhor do teuto-brasileiro. Titular nos 34 jogos da equipe, acumulou médias de 16 pontos, 5.1 rebotes e 2.4 assistências, as melhores da carreira nos três quesitos.
Há pouco mais de um mês, o jogador oficializou sua candidatura ao próximo draft. Em praticamente todas as projeções de sites especializados, Tristan aparece como uma escolha de primeira rodada. Entre os principais aspectos elogiados do ala-pivô estão a versatilidade para cumprir funções nos dois lados da quadra e bom arremesso para três pontos. Na última temporada da NCAA, teve quase 40% de aproveitamento.
Outros nomes para ficar de olho:
- Tidjane Salaün (França)
- Yves Missi (Bélgica)
- Pacôme Dadiet (França)
- Kyshawn George (Suíça)
- Nikola Djurisić (Sérvia)
- Bobi Klintman (Suécia)
- Pelle Larsson (Suécia)
- Melvin Ajinça (França)
- Adem Bona (Turquia)
- Ajay Mitchell (Bélgica)
- Juan Nuñez (Espanha)
- Izan Almanza (Espanha)