No último dia 19 de agosto ocorreu a final do Campeonato Europeu Feminino Sub 16, que encerrou o calendário 2023 de competições continentais de seleções no velho mundo, o qual é composto por quatro torneios: o Eurobasket (nível adulto) e três de categorias de base (Sub 20, Sub 18 e Sub 16).
Coletamos os oito primeiros colocados em cada um deles e os organizamos na figura abaixo para fazer uma análise de quem são as forças do continente europeu e o que se pode esperar das competições futuras. Cabe ressaltar que Rússia e Belarus (tradicionais forças do basquete europeu) não participaram de nenhum dos eventos desse ano devido envolvimento político desses países com a guerra na Ucrânia.
Oito primeiros colocados nas competições europeias de seleções femininas em 2023
Pontos observados:
- França e Espanha: são de fato as grandes forças da Europa. Os dois países conseguiram subir ao pódio em todos os eventos. A França teve dois ouros (Sub 20 e Sub 16), uma prata e um bronze, e a Espanha duas pratas e dois bronzes. Ao que tudo indica, ambas continuam investindo forte nas categorias de base e devem continuar carregadas de favoritismo nas próximas competições. Na equipe adulta a Espanha tem sido liderada pela experiente Alba Torrens e pelas jovens estrelas Raquel Carrera e Maite Cazorla, enquanto quem se destaca nas categorias de base é Martina Iglesis de apenas quinze anos. As francesas contam com a experiência de Sandrine Gruda, Valeriane Vukosavljevic e de Marine Johannès na seleção adulta, ao passo que as jovens Carla Leite (MVP do Sub 20), Marine Dursus (time do campeonato no Sub 18) e Ainhoa Risacher (MVP do Sub 16) vêm mostrando que a renovação da equipe parece estar garantida.
- Sérvia: a campeã do Eurobasket em 2021 e 2015 teve bons resultados em 2023 e, junto com Espanha e França, figurou no Top 8 nos quatro torneios. No entanto, a equipe dos balcãs não subiu ao pódio europeu (foram dois quartos um quinto e um sétimo lugares). As sérvias mantêm-se competitivas dentro do continente, porém precisam ser um pouco mais decisivas para voltarem às medalhas, e com a ascensão de outras equipes correm risco de ficar de fora das competições de nível mundial. As aposentadorias de Sonja Vasic e das irmãs Ana e Jelica Dabovic talvez justifiquem parte da pequena queda de protagonismo da Sérvia, porém as jovens Dunja Zecevic (time do campeonato no Sub 20), Marija Avlijas (time do campeonato no Sub 18) e Jovana Popovic (destaque no Sub 16) são as promessas para um futuro breve.
- Hungria: apareceu em três Top 8, sendo quarto lugar no Eurobasket, quinto no Sub 18 e oitavo no Sub 16. Talvez tenhamos aqui a maior força emergente no basquete europeu feminino. As húngaras foram eliminadas no Eurobasket pela Espanha, que foi vice campeã, no sub 18 pela Eslovênia, que foi campeã, e no sub 16 pela Espanha que foi vice campeã, fatos que valorizam ainda mais as campanhas continentais da Hungria. Ademais, no Sub 18, o país conta com o título de 2019 e o bronze de 2018. Na equipe adulta a armadora Agnes Studer e as pivôs Bernardett Hatar (2,08 m) e Ceysha Goree (americana naturalizada) lideram o time no Eurobasket. O país ainda conta com a ala Dorka Juhasz do Minnesota Lynx da WNBA. Na base, a Melinda Miklos (Sub 20), Eliza Farbas (Sub 18) e Leila Drahos (Sub 16) são estrelas em ascensão. A Hungria tem boas chances de estar nas olimpíadas de Paris 2024.
- Letônia, Polônia, Itália e Turquia: essas equipes estiveram duas vezes no Top 8. Destaque maior para a Letônia que, capitaneada por Vanesa Jasa (time do campeonato), foi prata no Sub 20, e também para a Itália bronze no sub 16 e quinta no Sub 20. Porém tudo indica que essas equipes seguem no quadro de coadjuvantes do basquete feminino na Europa, podendo aparecer uma vez ou outra no pódio, e necessitam aprimorarem um pouco mais se quiserem ascender ao nível mundial das competições;
- Bélgica: campeã do Eurobasket de 2023 após dois bronzes (2017 e 2021) e um quinto lugar (2019). As belgas finalmente levantaram a taça da principal competição europeia, com direito à MVP para Emma Meesseman e time do campeonato para Julie Allemand e Julie Vanloo. Mas a luz vermelha está acesa. A equipe não esteve em nenhum Top 8 nas categorias de base, inclusive no Sub 20 foi rebaixada para a divisão B, denotando que a Bélgica pode começar a desocupar o pódio das competições continentais nos próximos anos.
- Eslovênia e Finlândia: são surpresas? As eslovenas ficaram com o título no Sub 18, com Ajsa Sivka levando o MVP e Lea Bartelme eleita para o time do campeonato, e as finlandesas ficaram em quarto no Sub 16. Todavia, essas foram as únicas aparições de cada país no Top 8 das competições de 2023. Logo fica a pergunta: também são países emergentes que podem figurar mais vezes entre as forças do velho continente ou foram apenas boas campanhas isoladas em torneios bem jogados?;
- Alemanha, Rep. Tcheca, Montenegro, Israel e Croácia: essas equipes também tiveram apenas um posicionamento no Top 8, e foi entre quinto e oitavo lugar. Entre eles, destacamos a Alemanha, que foi sexta colocada no Eurobasket jogando um basquete muito coletivo. A croácia tem como destaque individual Olivia Vukosa no Sub 16. São times que vez ou outra podem dar um pouco de trabalho às equipes das prateleiras de cima.
Jogadoras eleitas para os times de cada Torneio (All Star Five)