Por Matheus Irias e Thiéres Rabelo
Foi concluída a fase de grupos do EuroBasket feminino, que teve rodadas na quinta e sexta-feiras e um dia de folga no sábado, antes da última rodada neste domingo (20). Nas três rodadas, foram definidas as quatro seleções cabeças-de-chave, que avançam diretamente para as quartas-de-final e as outras oito, que jogarão uma qualificatória para as quartas-de-final nesta segunda-feira (21). Confira abaixo o nosso resumo de tudo o que de mais importante aconteceu nos jogos de cada um dos grupos da primeira fase da competição.
Grupo A
A primeira rodada foi aberta com um resultado bem previsível: vitória da Suécia sobre a Eslováquia por 74 a 57. A partida já estava decidida bem antes do fim e a Suécia chegou a liderar por 28 pontos no terceiro quarto. O triunfo foi comandado por Frida Eldebrink (17 pontos e sete assistências) e sua irmã Elin Eldebrink (15 pontos e sete assistências). Do outro lado, Ivana Jakubcova (17 pontos e oito rebotes) foi a cestinha da seleção eslovaca.
Enquanto o jogo entre Suécia e Eslováquia foi previsível e sem grandes emoções, a partida feita por Espanha e Belarus foi completamente diferente. As duas seleções protagonizaram um duelo bastante equilibrado e com um final eletrizante. Os dois primeiros quartos não foram de muita qualidade, com uma pontuação baixíssima e ambos os ataques incapazes de converter arremessos. O nível melhorou depois do intervalo, com a dupla Maryia Papova e Alex Bentley coordenando as ações ofensivas do lado bielorrusso, enquanto Astou Ndour e Cristina Ouviña chamaram a responsabilidade na equipe espanhola. Ainda assim, nenhum dos dois times conseguiu se impor no placar e o equilíbrio se manteve até o último arremesso. Faltando 1 segundo para o fim, Alex Bentley superou a defensora e arremessou da meia distância para ser a heroína uma vitória gigantesca por 53 a 51 para a seleção de Belarus.
As bielorrussas foram do céu ao inferno em apenas um dia. A inesquecível vitória sobre a Espanha foi seguida por uma atuação decepcionante que levou à derrota por 58 a 54 contra a Eslováquia. A pivô Ivana Jakubcova (16 pontos e seis rebotes) foi o destaque da partida que deixou as eslovacas com um fio de esperança em uma possível classificação.
A Espanha, por sua vez, se recuperou do golpe sofrido no primeiro jogo e superou a Suécia com autoridade. A vitória por 76 a 55 marcou o dia em que a lendária armadora Laia Palau se tornou a atleta com mais jogos na história da competição. Aos 41 anos, Palau distribuiu sete assistências e foi a líder do jogo no quesito. Quem também brilhou foi Astou Ndour, a MVP de 2019, com 22 pontos e 13 rebotes.
A situação no grupo A estava completamente em aberto na rodada final: todas as equipes poderiam alcançar a primeira posição, mas ao mesmo tempo também tinham chances de ficar em último. Belarus controlou o jogo do começo ao fim e venceu tranquilamente a Suécia por 78 a 54. Maryia Papova (17 pontos e 12 rebotes) e Alex Bentley (20 pontos e cinco assistências) voltaram a jogar bem e contribuíram muito para a classificação da seleção bielorrussa.
Por fim, a Eslováquia tinha a improvável missão de vencer a Espanha para seguir no EuroBasket. Elas até conseguiram se manter próximas da Espanha no primeiro tempo, mas a segunda metade do jogo foi de completo domínio espanhol. As donas da casa foram impecáveis ofensivamente, criando arremessos bons tanto no garrafão quanto no perímetro. Mesmo com a vitória por 93 a 61, a Espanha ficou em segundo lugar por ter perdido o confronto direto contra Belarus e terá que disputar uma fase anterior às quartas-de-final.
Grupo B
Na quinta-feira, o grupo teve uma primeira rodada de jogos emocionantes e que possivelmente definiram ali os destinos finais de cada equipe. Primeiro, na partida entre as duas equipes que teoricamente brigariam para ficar com a terceira vaga do grupo, Montenegro dominou a Grécia por quase toda a partida, na qual contou com grande atuação da pivô Milica Jovanović (19 pontos e oito rebotes) e chegou a abrir confortáveis 17 pontos de vantagem ainda no início do segundo tempo. Porém, a Grécia não se deu por vencida e mesmo com Montenegro tendo 13 de frente no início do último quarto, as gregas conseguiram aplicar uma defesa fortíssima. Contando também com a maestria da armadora Angelikí Nikolopoúlou, a Grécia conseguiu uma seqüência de 6 a 0 e se recolocou na partida (60 a 53), com mais de cinco minutos ainda por jogar. Mas as montenegrinas se recompuseram na defesa e com a armadora Božica Mujović sendo decisiva, elas conseguiram reconstruir uma confortável vantagem e venceram por 70 a 55.
Também no primeiro dia, Sérvia e Itália fizeram um dos jogos mais emocionantes da fase de grupos. Disputado do início ao fim, o jogo ficou aberto durante quase todo o tempo, com os dois times se alternando na liderança oito vezes. Porém, as italianas pareceram melhores na reta final, quando conseguiram abrir dez pontos de vantagem (68 a 58), quando faltavam pouco mais de quatro minutos para o fim. Mas Sonja Vasić resolveu começar o seu espetáculo. A três minutos do fim, ela deu início à reação sérvia e, mesmo perdendo por seis pontos já dentro do minuto final, a equipe continuou lutando. Vasić deu uma assistência e fez quatro pontos já dentro dos 50 segundos finais, incluindo a cesta do empate, após uma pressão incrível da defesa sérvia na saída de bola italiana (marcação tripla), levando o jogo para a prorrogação. No tempo suplementar, a ala continuou desequilibrando e, com outros cinco pontos e cinco rebotes, ela ajudou sua seleção a concretizar a virada e vencer por 86 a 81. Vasić terminou com 27 pontos, 13 rebotes e sete assistências.
Na sexta-feira, as favoritas confirmaram sua força e se impuseram. A Sérvia atropelou a Grécia, por 85 a 51, enquanto a Itália passou tranqüila por Montenegro, 77 a 61. E o mesmo se repetiu no domingo, com a Sérvia batendo sem maiores problemas a rival balcã Montenegro, por 87 a 75, e a Itália liqüidando a Grécia por 77 a 67. A Sérvia avança para as quartas com sua campanha invicta, enquanto Itália e Montenegro garantem vaga na qualificatória. A Grécia fica com a lanterninha do grupo, apenas com derrotas.
Grupo C
A favorita Bélgica já começou a competição sendo surpreendida pela Bósnia e Herzegovina e foi derrotada por 70 a 55. A seleção bósnia tirou vantagem do baixo aproveitamento belga no ínicio do jogo e consolidou uma liderança inicial, mas a Bélgica se recuperou e equilibrou o jogo ao longo do segundo quarto. A partida seguiu disputada até a metade final do último quarto, quando a Bósnia fez uma corrida impressionante de 17 a 2 até o final do jogo. Oito desses 17 pontos foram marcados por Nikolina Babic, que foi extremamente eficiente durante todo o jogo, marcando 23 pontos no total. Jonquel Jones também teve uma grande contribuição para a vitória, com 13 pontos e 17 rebotes. Apesar da derrota, Emma Meesseman (24 pontos, 13 rebotes e cinco assistências) teve uma exibição dominante.
No segundo jogo do grupo, a Eslovênia não teve dificuldades para bater a Turquia por 72 a 47. O time esloveno liderou por praticamente todo o tempo e fechou a partida perfeitamente, vencendo o último quarto por 19 a 5. A aniversariante Eva Lisec comemorou seus 26 anos com uma grande atuação: 17 pontos, oito rebotes e quatro roubos. Teja Oblak (14 pontos e seis assistências) e Zala Friskovec (12 pontos e seis rebotes) também se destacaram. A Turquia mostrou ter um ataque bem limitado, com a pivô Quanitra Hollingsworth sendo o único destaque positivo, com 16 pontos e cinco rebotes.
A Bósnia continuou fazendo história no EuroBasket ao derrotar a Turquia por 64 a 54 na segunda rodada. Assim como no jogo contra a Bélgica, a equipe fez um excelente trabalho no último quarto e venceu o período por 26 a 10. Jonquel Jones foi o nome do jogo com um duplo-duplo sensacional de 22 pontos e 15 rebotes.
A seleção belga precisava vencer a Eslovênia para manter alguma possibilidade de brigar pelo primeiro lugar do grupo, e a vitória veio de forma implacável. A Bélgica se postou muito bem defensivamente, anulou as principais jogadoras eslovenas e sacramentou o triunfo por 92 a 57. Emma Meesseman comandou o show com 23 pontos, sete assistências e incríveis 37 de eficiência. Além dela, outras quatro jogadoras belgas pontuaram em dígitos duplos.
Na terceira e última rodada, a Bósnia dependia apenas de uma simples vitória sobre a Eslovênia para garantir a primeira colocação do grupo e conseguir uma classificação direta às quartas de final. O jogo começou equilibrado, mas as coisas começaram a desandar para as bósnias a partir do segundo quarto e a seleção eslovena chegou a abrir 25 pontos de vantagem. A Bósnia repetiu o roteiro dos outros jogos e foi brilhante no último quarto, diminuindo o déficit para três pontos, mas dessa vez a equipe não teve forças para reverter o placar e foi derrotada por 91 a 81, mesmo com grandes partidas de Marica Gajic (28 pontos e 11 rebotes) e Jonquel Jones (24 pontos e dez rebotes). A Eslovênia teve uma atuação coletiva bem sólida, com destaques para Eva Lisec (22 pontos e sete rebotes), Teja Oblak (13 pontos e 11 assistências) e Nika Baric (12 pontos e dez assistências).
Com o resultado do jogo entre Bósnia e Eslovênia, a Bélgica ficou numa situação bastante curiosa: caso vencesse a Turquia, se classificaria em 1°; caso perdesse, amargaria a última posição e voltaria pra casa. Apesar do favoritismo belga, o jogo foi muito mais disputado do que era esperado, com a Turquia protegendo bem o garrafão e deixando as pivôs belgas livres para tentar arremessos ineficientes de média e longa distância. Ainda assim, a Bélgica sobreviveu mesmo com um desastre ofensivo e saiu vitoriosa com o resultado de 63 a 61. Emma Meesseman coroou seu excelente desempenho na fase de grupos com 15 pontos e oito rebotes.
Grupo D
A anfitriã França passou como um rolo compressor por cima de suas adversárias e venceu os três jogos com ampla dominância, como era esperado. O desafio mais complicado para as francesas ficou para a última rodada, contra a Rússia, considerada a segunda força do grupo. Após as visitantes abrirem o primeiro quarto vencendo, a França, empurrada por sua torcida, conseguiu fazer um incrível segundo quarto, o qual venceu por 20 a 4 e foi para o intervalo vencendo por 12 pontos. As russas voltaram a encostar durante o terceiro período e conseguiram diminuir para apenas seis pontos (57 a 51) o seu déficit no início do último quarto. Porém, as donas da casa conseguiram uma parcial de 16 a 0 em cerca de quatro minutos, o que lhes possibilitou matar a partida ainda na metade do último quarto. No fim, vitória por 85 a 59 para as francesas. A França já havia atropelado a República Tcheca (71 a 51) e a Croácia (105 a 63) nas duas rodadas anteriores e, com mais esse triunfo no domingo, garantiu o primeiro lugar com sua campanha invicta.
Antes de ser dominada pela França na terceira rodada, a Rússia havia vencido de maneira apertada a República Tcheca na primeira rodada. As russas chegaram a abrir 13 pontos de vantagem, porém, as tchecas lutaram muito durante o último quarto e conseguiram empatar o jogo (69 a 69) a 37,8 segundos para o fim. No ataque seguinte, as russas contaram com a sorte, pois a República Tcheca cometeu um erro gravíssimo, permitindo que Nina Glonti pegasse um rebote ofensivo completamente e recolocasse a Rússia à frente, a 14.4 segundos do fim. A Rússia acabou vencendo por 73 a 69. Já na segunda rodada, a Rússia bateu a Croácia em uma partida duríssima. Raisa Musina (19 pontos e 14 rebotes) e Maria Vadeeva (17 pontos, nove rebotes, seis assistências) comandaram o time, que só conseguiu ter uma vantagem que lhe deu tranqüilidade no início do último quarto, quando abriu 16 pontos de vantagem e caminhou para vencer o jogo por 73 a 62.
A definição de quem ficaria com a última vaga saiu do confronto direto entre as duas equipes que corriam por fora, Croácia e República Tcheca, que mediram forças no domingo e as croatas atropelaram as tchecas. Em uma partida de domínio absoluto, a Croácia chegou a abrir 34 pontos de frente e acabou vencendo por 84 a 56. A ala-armadora Ivana Dojkić foi o grande destaque das croatas, com seus 24 pontos, sete rebotes e cinco assistências, mantendo o incrível nível de performance que teve nas eliminatórias para o torneio. Ela terminou a primeira fase como a segunda maior pontuadora, com média de 19,7 pontos por jogo. Ambas, Croácia e República Tcheca, perderam toda as outras partidas, como já citamos, fazendo com que a terceira vaga ficasse com as croatas, enquanto as tchecas terminaram sem vitórias, no último lugar.
Confrontos da fase final
Belarus, Sérvia, Bélgica e França, como primeiras colocadas de seus grupos, avançam diretamente para as quartas-de-final e só voltam a entrar em quadra na quarta-feira (23). Elas aguardam as quatro vencedoras da fase qualificatória para as quartas-de-final, cujos quatro jogos acontecem nesta segunda-feira (21). Confira abaixo quais são esses jogos, seus horários (de Brasília) e qual adversário a equipe vencedora de cada um terá pela frente nas quartas-de-final:
