Entre os dias 21 de abril e, se preciso for, 4 de maio, os oito primeiros colocados da temporada regular se enfrentarão em séries melhor de cinco jogos, para definir os quatro times que avançarão para o Final Four. No texto de hoje, falaremos sobre o confronto da quarta-de-final C, entre o Anadolu Efes (TUR), terceiro colocado na temporada regular, e o Real Madrid (ESP), o sexto.
>>LEIA TAMBÉM: Euroliga – QF A, Barcelona x Zenit
Em uma das séries mais equilibradas dos playoffs, o Anadolu Efes enfrentará o experiente Real Madrid em um confronto que tem virado tradição nos últimos anos, pois ambas as equipes permanecem com muitos jogadores em seu plantel, fazendo com que se conheçam bastante. Os dois clubes sofreram muito no começo da temporada e tiveram que se reestruturar várias vezes para conseguir a suada classificação. Algo de interessante nesse duelo é que, durante o ano da Euroliga, quando o Efes e o Real se enfrentaram o duelo ficou empatado com uma vitória para cada lado. Poderia ser um indício de que teremos uma série super disputada? Só o tempo dirá.
Como foi a temporada do Anadolu Efes: O Anadolu Efes entrou na temporada com grande expectativa, uma vez que a equipe turca, antes da paralização por conta da COVID-19 na temporada 2019-20, chegou a estar liderando a Euroliga e com o nível mais alto de todos os tempos do clube. A interrupção precoce deixou os torcedores e jogadores engasgados, pois o título da competição continental era uma grande realidade.
No entanto, todo aquele ímpeto do ano anterior não foi visto no começo da temporada 2020-21. A equipe precisou reencontrar seu ritmo, pois viu-se sem seu grande armador Shane Larkin na escalação por lesão, perdendo assim os três dos primeiros quatro jogos da temporada. Porém, na virada do ano para 2021, o Efes se transformou no time que todos estavam esperando. Logo em janeiro, três vitórias consecutivas vieram para dar uma esperança à equipe. Com a volta de Shane Larkin, o esquema tático agressivo foi novamente adotado e a equipe foi se aproximando cada vez mais da classificação. A vitória derradeira para garantir a vaga veio na rodada 32, coincidentemente enfrentando o Real Madrid. Além da classificação, o clube acabou reencontrando o bom basquete que viveu no ano anterior, os dando uma grande esperança para a fase decisiva da Euroliga.
Como o time está em sua liga doméstica: Diferente da Euroliga, no campeonato turco o Anadolu Efes não sofreu com a inconstância da equipe no início da temporada. Está bem claro o favoritismo do Efes na competição nacional, pois o clube encontra-se na liderança isolada com 27 vitórias e apenas 1 derrota, sendo que essa derrota só veio na 23ª rodada, foram 22 jogos de soberania e invencibilidade. O segundo colocado da competição, Fenerbahçe, possui seis vitórias de diferença para o Efes.
Destaque(s) do time: Após sua volta às quadras, ficou bem nítido a diferença que o armador Shane Larkin faz para a composição ofensiva do Anadolu Efes. Uma grande prova disso foi na partida contra o Baskonia na 33ª rodada, onde Shane anotou 30 pontos, sendo 18 deles provindos de cestas de três pontos. A partida foi disputada até a prorrogação e o armador turco mostrou o quão versátil é, chamou a responsabilidade e venceu basicamente com a própria habilidade e visão de jogo. Para muitos, a atuação de Larkin no segundo turno da Euroliga foi digna de MVP, tendo apenas uma única partida com uma pontuação abaixo dos dois dígitos. O que podemos esperar então nos playoffs, é um Shane Larkin ainda mais focado e com vontade de finalmente levantar a taça, que acabou batendo na trave em dois anos seguidos.
Fator de desiquilíbrio: Algo que pode ser de grande poder nas mãos do Anadolu Efes é o esquema que o treinador, Ergin Ataman, montou de possuir três armadores na equipe revezando entre si dentro de quadra, algo que não foi visto na temporada anterior, pois muitas ações ofensivas ficavam na mão só de Shane Larkin e Vasilije Micić. No entanto, neste ano um terceiro componente foi adicionado com Krunoslav Simon. Esse esquema de três armadores foi utilizado em média por cerca de 25 minutos em 27 jogos, sendo o grande diferencial para vitórias elásticas na temporada regular.
Ponto forte e ponto fraco da equipe: Um ponto forte do Efes, com certeza, é o ataque. Seu esquema tático permite com que a equipe seja agressiva o tempo inteiro com jogadores rápidos no perímetro e passes escolhidos da melhor forma possível para finalizar a jogada. Como prova disso, o Efes terminou a temporada regular em segundo lugar de equipe que mais pontuou na temporada, com uma média 84 pontos por jogo, resultado da sua ascensão no segundo turno da temporada. Depois de ficar em 14º lugar no meio da temporada regular, o clube turco acelerou seus motores e obteve uma média espetacular de 90,4 pontos nas últimas 17 rodadas.
Já o ponto negativo, vem na direção oposta da estratégia que acabou gerando o ponto positivo do time. Esse contraponto aconteceu por conta de contra-ataques da equipe adversária, uma vez que por ser um time muito agressivo, o Efes acaba sofrendo ao ter que voltar para a defesa rapidamente. A equipe turca chegou a estar na penúltima colocação de melhor defesa da competição na primeira metade da temporada. A melhora defensiva veio no segundo turno, mas ainda é algo a ser revisto e um alerta para a equipe.
Como foi a temporada do Real Madrid: A classificação para as quartas-de-final foi conquistada de forma árdua pelo Real Madrid, que lutou até as últimas rodadas contra outros clubes que ameaçaram assumir sua posição. Falando do início da temporada, o Real vinha com boas expectativas, pois possuía no papel um núcleo forte de jogadores que estão juntos há muitos anos e treinados por Pablo Laso. Mas mesmo com todos esses pontos a favor, a equipe da Espanha obteve um começo bem devagar, perdendo quatro dos primeiros cinco jogos.
Para piorar a situação, o clube de Madrid sofreu a saída de seu espetacular armador Facundo Campazzo, que foi adquirido pelo Denver Nuggets da NBA. Além disso, o Real ainda perdeu por lesão o experiente Anthony Randolph no meio da temporada. Porém, a equipe de Pablo Laso demonstrou grande resiliência e seguiu em frente, registrando três vitórias em dezembro para alimentar uma sequência de seis vitórias consecutivas na virada do ano. Um dos grandes fatores para a melhora do time foi a grande experiência de Sergio Llull e Rudy Fernandez, que juntos sabem como ninguém jogar a Euroliga, melhorando com o tempo nas escolhas ofensivas em quadra e conseguindo a classificação apenas na última rodada.
Como o time está em sua liga doméstica: Assim como seu adversário nas quartas-de-final, o Real Madrid encontra-se na liderança isolada da competição nacional. O clube de Madrid soma 29 vitórias em 30 jogos, perdendo apenas uma partida para seu maior rival Barcelona no primeiro turno. Apesar de não ter conseguido vencer a Copa do Rei, o Real Madrid está otimista para a fase final da Liga ACB, podendo ter a oportunidade de vingar novamente a derrota para o rival, porém agora valendo o título.
Destaque(s) do time: O grande destaque da equipe vai para o pivô Walter Tavares, que dominou a temporada regular em alguns aspectos, terminando como líder em tocos (1,7 de média por jogo) e em segundo colocado como o maior reboteiro da liga (8 rebotes de média). Parte principal desse sucesso foi devido à sua conexão perfeita com Jaycee Carroll, que possui uma visão de jogo ímpar, dando a oportunidade para que Tavares jogue solto e consiga ser dominante dentro do garrafão, sem precisar se preocupar em ter que subir para o perímetro o tempo inteiro para ajudar seus companheiros na composição ofensiva. Por ser dominante no garrafão, o pivô acaba chamando a marcação para si embaixo da cesta, deixando seus companheiros livres no perímetro, o que faz o Real chutar tantas bolas de três pontos e possuir bons resultado provindos desse método.
Fator de desiquilíbrio: O fator que pode ser de grande importância negativa para a equipe espanhola é a saída de seu ala Gabriel Deck para NBA. Durante a temporada 2020-21 na Euroliga e Liga ACB, o argentino disputou 58 jogos e teve uma média de 9,7 pontos, 3,8 rebotes e 1,2 assistências em 23,9 minutos por jogo. Mas seu grande diferencial encontrava-se nos arremessos, ficando acima dos 50% de média em quadra. Além disso, Deck foi muito importante no segundo turno, pois seu índice de rendimento (PIR) aumentou exponencialmente e, com isso, pôde ser uma das principais colunas na armação da equipe após a saída do grande armador Facundo Campazzo, mesmo sendo um ala. Apesar do Real estar mantendo uma boa sequência sem Gabriel Deck na liga nacional, nos resta saber se nos jogos decisivos da Euroliga a sua falta será sentida pela experiência que o mesmo possuía em playoffs.
Ponto forte e ponto fraco da equipe: O principal ponto encontrado a favor da equipe de Madrid são os arremessos de três pontos. A equipe terminou a temporada na liderança de bolas convertidas do perímetro, foram 350 anotadas em 944 tentadas. Apesar de liderar nesse ponto na temporada, o Real Madrid não possui a melhor porcentagem de acertos, o que pode ser um grande ponto fraco da equipe ao rifar muitas bolas de três pontos sem êxito, uma vez que, sabendo dessa arma, o adversário virá com uma grande defesa do perímetro para tentar abafar as ações ofensivas de longa distância.
Palpites de nossa equipe
Rafael Bittelbrunn: Efes 3 a 2. Melhor conjunto da equipe turca, que conta com Shane Larkin, um monstro nos playoffs, e Vasilije Micić, jogando como MVP. O time espanhol perdeu Gabriel Deck, mas tem feito boas apresentações, com boa defesa e aproveitamento do perímetro. Será um osso duro pro Efes roer.
Vinícius Matosinhos: Meu palpite fica em 3 a 1 para o Efes. O ataque da equipe turca está com as duas temporadas passadas engasgadas, então, virão com tudo. Vai ser muito difícil pro Real segurar esse ímpeto. Porém, a pressão espanhola irá ocorrer pela experiência que possuem, com jogadores que jogam juntos há muito tempo e pelo bom aproveitamento nas bolas de três pontos. Estou ansioso para assistir!
Artur José Freitas: Efes 3 a 1. O Anadolu Efes estava a praticar o segundo melhor basquetebol de toda a Euroliga agora na segunda metade da temporada regular. Para além disso, tem um ótimo plantel e os dois melhores jogadores individuais para caso seja necessário marcar uns pontos na hora certa. O Real, com a experiência que tem, poderá dificultar a vida, ganhando um joguito, mas não estou a vê-los a conseguirem este “upset”.
José Andrade: 3 a 2 para o Efes. Vão ser grandes jogos, Larkin e Micić vão fazer a diferença, eles que se transcendem sempre nos playoffs. Walter Tavares e a defesa do Real sempre vão ajudar a vencer jogos, mas o Efes passa e vence por 3 a 2.
Thiéres Rabelo: Com certeza a série mais legal de assistir. Você nunca pode descartar a influência que uma camisa tão pesada quanto a do Real pode ter em uma série eliminatória. Porém, acredito que esse time do Efes é consideravelmente superior ao do Real. O que esse time vem fazendo nos últimos três anos, é muito especial. Eu acho que o Efes ganha por 3 a 1.