A temporada regular da Liga Francesa (LNB Pro A) chegou ao fim (finalmente!) na sexta-feira (18), porém o rumor de um boicote dos jogadores à fase final permanecia no ar. Com muitos jogos remarcados ao longo da temporada, em função da Covid-19, o cansaço começou a pesar para os atletas, já que as partidas passaram a ser disputadas com pouco intervalo entre elas. Porém, na quinta-feira (17), a Liga Nacional (LNB) e o Sindicato dos Atletas chegaram a um acordo, com a fase de quartas-de-final sendo realizada nos dias 20 e 21, em jogo único, e depois um Final Four, com sede em Rouen, na quinta-feira (24) (semifinais) e sábado (26) (final). Assim, os oito melhores colocados na fase regular se enfrentaram, com o primeiro enfrentando o oitavo, o segundo pegando o sétimo, e assim por diante, com os quatro primeiros tendo o mando de quadra. Sem muitas surpresas, as quatro melhores equipes venceram suas partidas e passaram para o Final Four.

QF 1 – Dijon (1) 83 x 59 Orléans (8)

Na única partida disputada neste domingo (20), o Dijon, melhor campanha da temporada regular (feito histórico para a equipe), recebeu o Orléans e conseguiu uma vitória tranquila, por 83 a 59. A equipe visitante, que fez uma campanha muito boa, após subir para a primeira divisão na temporada 2019-20, estava desfalcada de um de seus principais jogadores, o nigeriano Chima Moneke, que se juntou à seleção nacional em preparação para as Olimpíadas. Além disso, a equipe não contava com Tahjere McCall (luto do irmão) e Gary Florimont (lesionado), enquanto o Dijon não contava “apenas” com Chase Simon, lesionado, mas tinha o retorno de Jacques Alingué.

O jogo começou com certo equilíbrio, porém com as equipes tendo dificuldades ofensivas. O Dijon dominava completamente os rebotes, aproveitando a ausência de Moneke, porém cometia muitos erros, especialmente em passes errados. O Orléans consegue os roubos de bola, principalmente com seu cestinha, Paris Lee, mas não consegue transformar em pontos. Além disso, a equipe abusa dos arremessos de longa distância, com péssimo aproveitamento. O primeiro quarto chega aos três minutos finais com placar baixo (10 a 8), até que a equipe da casa engata uma corrida de 11 a 2 e consegue fechar a parcial com boa vantagem. No segundo quarto, a equipe da casa vai ampliando a vantagem, com atuação explosiva do armador Axel Julien, que termina o primeiro tempo com 19 pontos. O Orléans continua mal do perímetro e vai para os vestiários perdendo por 20 pontos, conseguindo pegar míseros seis rebotes na primeira etapa inteira (contra 23 do Dijon).

No início da segunda etapa, os visitantes até esboçam uma reação, fazendo uma parcial de 7 a 0, mas logo a equipe da casa abre 19 de frente novamente. Apenas Jamel Morris tem um bom aproveitamento pelo Orléans, mas insuficiente para diminuir a vantagem, que se mantém na casa dos 18 pontos. No quarto final, com os visitantes visivelmente abatidos, a diferença chega aos 25 pontos, com o Dijon administrando a boa vantagem e conseguindo a vitória, colocando a equipe na fase final do campeonato.

Além de uma diferença gritante nos rebotes (42 a 22), o número de assistências também foi muito favorável ao Dijon (26 a 16), que também teve melhor aproveitamento nos arremessos de quadra. Partida incrível do armador Axel Julien, com 26 pontos (10 de 17 dos arremessos de quadra), quatro rebotes e cinco assistências, para 25 de valoração, em jogo de despedida em Dijon (o jogador irá para o JL Bourg-em-Bresse na próxima temporada). Também merece menção a partida de Jacques Alingué, com 11 pontos, oito rebotes, um toco, uma assistência e um roubo de bola. Do lado do Orléans, boa partida de Jamel Morris, com 19 pontos, quatro rebotes, um roubo e 19 de valoração.

https://www.youtube.com/watch?v=AT1w_lDJ_kc

QF 2 – ASVEL (2) 97 x 79 Le Mans (7)

No terceiro jogo da segunda-feira (21), o ASVEL, atual campeão, maior vencedor e maior orçamento da liga, recebeu o Le Mans, equipe também tradicional, e conseguiu a vitória por 97 a 79. Mesmo com desfalques importantes (Charles Kahudi, Guerschon Yabusele e Amine Noua), a principal equipe da França não teve dificuldades para superar o Le Mans, que levou apenas seis profissionais para a partida, não podendo contar com Scott Bamforth, Ovie Soko, Terry Tarpey, Antoine Eito e Kaza Kajami-Keane. A equipe visitante até tentou fazer uma partida equilibrada, mas não resistiu à melhor defesa do ASVEL, a qual propiciou também um maior volume de jogo da equipe da casa, com bom aproveitamento de quadra.

A equipe da casa começou melhor, buscando bastante o jogo dentro do garrafão e pressionando bastante na defesa. O Le Mans não se desesperava e também buscava o jogo interno, mas tinha que enfrentar o gigante Moustapha Fall na defesa. Aos poucos, sob o comando de Norris Cole e Paul Lacombe, o time da casa vai controlando a partida e abrindo vantagem, chegando a abrir 20 a 8. Os visitantes, sob a liderança de Valentin Bigote, tentam se manter no jogo, apesar das enormes dificuldades ofensivas. No segundo quarto, o Le Mans melhora a defesa e consegue cortar a desvantagem para cinco pontos. Mas o ASVEL faz ajustes e logo coloca dez pontos a frente, com Bigote do outro lado mantendo o Le Mans no retrovisor. Novamente a equipe visitante aperta e reduz para quatro pontos, e mais uma vez os donos da casa trazem a diferença para dois dígitos, dessa vez com boa contribuição de Thomas Heurtel vindo do banco.

Na volta do intervalo, o ASVEL volta com muita intensidade, e rapidamente aplica uma parcial de 13 a 4, abrindo 21 pontos de frente, com Cole e Lacombe puxando as ações. Com pouco mais da metade do quarto, a vantagem chega a 25 pontos, parecendo que o jogo seria definido com bastante antecedência. Porém, o time visitante não se entrega, consegue uma parcial de 14 a 3, e leva a diferença para “apenas” 14 pontos para o quarto final, com papel de destaque para Williams Narace. No último período, a batalhadora equipe do Le Mans até consegue diminuir a diferença para dez pontos, com grande participação de Bigote, mas a equipe da casa liga o alerta, faz uma corrida de 7 a 0, e coloca 17 de vantagem, não dando chances para o Le Mans encostar. A partir daí, os visitantes não encontram mais forças, e o ASVEL apenas controla a vantagem até o final da partida.

Destaque coletivo para as 27 assistências do time da casa (contra 17 do Le Mans), 11 roubos de bola (contra sete dos visitantes) e apenas dez turnovers, enquanto o Le Mans teve 20 desperdícios de bola. Além disso, a equipe da casa distribuiu seis tocos, contra nenhum dos visitantes. O destaque individual ficou com Paul Lacombe, com 19 pontos (8 de 10 dos arremessos de quadra), sete rebotes, quatro assistências, dois tocos, três roubos e 33 de valoração, com grande apoio de Moustapha Fall, com nove pontos, 11 rebotes, cinco assistências, dois tocos e 24 de valoração, e Antoine Diot, com dez pontos, dois rebotes e seis assistências. No Le Mans, grande partida de Valentin Bigote, com 25 pontos (5 de 9 do perímetro), quatro rebotes, cinco assistências e dois roubos de bola.

https://www.youtube.com/watch?v=wLvXMFpmH3U

QF 3 – Strasbourg (3) 79 x 68 Metropolitans 92 (6)

No jogo mais equilibrado das quartas-de-final, realizado na segunda-feira (21), o Strasbourg recebeu o Metropolitans e venceu por 79 a 68. O time da casa estava desfalcado de um de seus principais cestinhas, Brandon Jefferson, porém os visitantes não contavam com o israelense Tomer Ginat, além do jovem Maxime Roos e Brandon Brown. A partida teve um certo equilíbrio até o quarto final, quando o time da casa foi arrasador e conseguiu levar a vitória.

O jogo começa com as equipes trocando cestas, sem nenhum dos ataques predominando sobre as defesas. O MVP da temporada regular, Bonzie Colson, não conseguia produzir para o Strasbourg, que tinha em Ishmail Wainright o seu grande nome. Pelo Metropolitans, Josh Owens aparecia melhor, deixando a equipe com um ponto de vantagem com três minutos por jogar (13 a 14). Então o tcheco Jaromír Bohačík anota sete pontos em sequência para a equipe da casa, que agora tinha seis de vantagem, levada para o segundo quarto. O segundo período foi mais fraco ofensivamente, apesar do início mais forte das duas equipes, com Vitalis Chikoko cortando a desvantagem para quatro pontos. A partir daí, as equipes entram numa sequência de quase três minutos sem pontuar, com muitas faltas e desperdícios de bolas. Até que Wainright conecta outra bola tripla e o nigeriano Ike Udanoh faz quatro pontos seguidos, aumentando a vantagem da equipe da casa para 11 pontos, a maior da partida até o momento. Porém o Strasbourg comete falhas defensivas, permite uma parcial de 10 a 5 do Metropolitans, e leva uma vantagem de apenas seis pontos para os vestiários (37 a 31).

A conversa no intervalo parece que teve mais efeito no Metropolitans, com David Michineau e Chikoko em alta voltagem, e a equipe visitante virando a partida na metade do quarto. Apenas Wainright e Udanoh mostram confiança pelo Strasbourg, e o Metropolitans faz um quarto muito bom, abrindo oito de vantagem após uma bola tripla de Bastien Pinault. A equipe da casa vai para o quarto decisivo perdendo por seis pontos (50 a 56), após um terceiro quarto muito fraco (13 a 25), necessitando de muitos ajustes para sair com a vitória. E os ajustes são feitos. Apesar do Metropolitans abrir oito pontos logo no início da etapa, o Strasbourg melhorou a defesa e contou com Wainright e Udanoh para empatar a partida, com dois minutos jogados no quarto. O jogo seguiu equilibrado, até que a equipe da casa fez uma corrida de 9 a 0, com boa participação de Colson, e abriu boa vantagem, com pouco mais de um minuto por jogar. O Metropolitans toma decisões ruins nos seus ataques, e Colson e DeAndre Lansdowne decretam a vitória para o time da casa, confirmando seu favoritismo.

Partida sensacional de Ishmail Wainright, com 19 pontos (5 de 5 do perímetro), seis rebotes, quatro assistências, um toco e 24 de valoração, bem escoltado por Ike Udanoh, com 15 pontos, oito rebotes, uma assistência e um roubo. O MVP da competição, Bonzie Colson, terminou com 14 pontos, sete rebotes e uma assistência. No Metropolitans, nenhum grande destaque individual, com David Michineau tendo dez pontos, três rebotes, seis assistências e três roubos de bola.

https://www.youtube.com/watch?v=hHty7WIDmFk

QF 4 – Monaco (4) 91 x 72 JL Bourg (5)

No primeiro jogo realizado na segunda-feira (21), o atual campeão da EuroCup, Monaco, recebeu o JL Bourg e venceu sem dificuldades, por 91 a 72. O time visitante tinha um desfalque de peso, o sérvio Danilo Anđušić, cestinha da competição, que estava servindo a Seleção Nacional que disputa o Pré-Olímpico. Além dele, o capitão Zachery Peacock ainda não sentia disposto a jogar basquete, abalado pelo desaparecimento do irmão. Pelo time da casa, o grande desfalque era Wilfried Yeguette, lesionado e com a temporada encerrada. O time do Monaco liderou boa parte do campeonato, porém caiu de rendimento nas últimas rodadas, finalizando na quarta posição.

O jogo começou truncado, com as equipes errando muito e cometendo faltas, sendo a defesa dos visitantes mais eficiente. Na metade do quarto, o placar era muito baixo (7 a 8), com o Bourg conseguindo anular as peças ofensivas do Monaco. Após uma corrida de 6 a 0, a equipe abre sete pontos de vantagem, com boa atuação de Alen Omić e Pierre Pelos. O Monaco tenda se encontrar na partida, com Marcos Knight começando a ter uma boa atuação, porém Thomas Scrubb tem uma boa sequência e ajuda a equipe a abrir 13 de frente, a maior vantagem dos visitantes na partida. O time da casa sente a pressão, engata uma parcial de 8 a 0, com Knight e Rob Gray, e termina o quarto com apenas cinco de desvantagem (19 a 24). No segundo quarto, o jogo muda completamente, com o Monaco se impondo na defesa e no ataque, fazendo uma sequência de 15 a 0 (!) e abrindo dez pontos de vantagem. Mas o Bourg, mesmo desfalcado de seu principal cestinha, não deixa o Monaco crescer mais e, com grande atuação de Zack Wright, vai para o intervalo perdendo por apenas um ponto (40 a 39).

Na volta para a segunda etapa, a conversa com o técnico Zvezdan Mitrović, melhor técnico da temporada, parece ter sido boa, pois o Monaco voltou com tudo, disposto a derrubar o Bourg ainda no terceiro quarto. E foi o que ocorreu. Com grandes atuações de Ibrahima Fall Faye e Knight, logo a equipe abre 12 pontos de vantagem, não deixando mais o Bourg encostar. A equipe visitante ainda tentava com Wright e Scrubb, mas foi para o quarto final perdendo por 18 pontos. No último quarto, o mais fraco ofensivamente, logo o Monaco abre 22 de frente e passa a controlar o jogo de forma mais tranquila, não dando espaços ao Bourg. A equipe visitante, cometendo muitos erros, já não tinha forças para superar o Monaco, que garantiu a vitória em casa sem maiores dificuldades.

Apesar do aproveitamento de quadra um pouco melhor do Bourg, o volume de jogo do Monaco foi muito maior, tanto pelo número de rebotes ofensivos (15 a 8), quanto pelos desperdícios de bola (6 a 23), com a equipe da casa arremessando 21 bolas a mais do que os visitantes. Além disso, o Monaco teve mais chances de lances livres (28 a 13), apesar do aproveitamento pior (61% vs 77%). O destaque individual ficou com Marcos Knight, com 21 pontos, dois rebotes, três assistências e dois roubos de bola, enquanto o austríaco-esloveno Rašid Mahalbašić teve 11 pontos, quatro rebotes, uma assistência e dois roubos de bola. O destaque dos visitantes ficou com Zack Wright, com 22 pontos, oito rebotes, três assistências, um roubo e 21 de valoração, a maior da partida, junto com Pierre Pelos, que teve 11 pontos, 11 rebotes e dois tocos.

https://www.youtube.com/watch?v=v1IBuYrRHQk

Programação – Final Four

Semifinal 1: Dijon x Monaco (24/06/21, quinta-feira, 10:30h, horário de Brasília)

Semifinal 2: ASVEL x Strasbourg (24/06/21, quinta-feira, 16h, horário de Brasília)

Final: Vencedor SF 1 x Vencedor SF 2 (26/06/21, sábado, 8:35h, horário de Brasília)

Premiações da Temporada Regular

MVP: Bonzie Colson (Estados Unidos), Strasbourg

Melhor Técnico: Zvezdan Mitrović (Montenegro), Monaco

Melhor Jovem: Victor Wembanyama (França), Nanterre

Melhor Defensor: Moustapha Fall (França), ASVEL

Melhor Pontuador: Danilo Anđušić (Sérvia), JL Bourg

Melhor Bloqueador: Victor Wembanyama (França), Nanterre

Melhor Sexto Homem: Pierre Pelos (França), JL Bourg

Quinteto do Ano: Thomas Heurtel (França, ASVEL), Danilo Anđušić (Sérvia, JL Bourg), Bonzie Colson (Estados Unidos, Strasbourg), Ovie Soko (Inglaterra, Le Mans), Moustapha Fall (França, ASVEL)

https://www.youtube.com/watch?v=4SI0_DXHsP0

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