Por Gabriel Girardon, Rafael Bittelbrunn e Thiéres Rabelo

Quando a Seleção Brasileira foi derrotada pela Alemanha na final do torneio Pré-Olímpico de Split, na Croácia, no início deste mês, foi um choque. Não apenas por causa do nosso trauma de torcedores, mas, também, porque o Brasil havia feito uma campanha avassaladora até aquele momento, inclusive atropelando uma seleção teoricamente bem mais forte do que os germânicos – a Croácia. Para nós, ficou a tristeza. Para as Olimpíadas, aquele resultado representou que todas as quatro vagas em disputa nos torneios Pré-Olímpicos ficaram nas mãos de seleções européias. O Brasil foi a única equipe não européia a alcançar uma das quatro finais.

Desta forma, o torneio do basquete masculino olímpico contará com seis seleções do Velho Continente, exatamente a metade do total de participantes. É a quarta vez nos últimos 41 anos (dez edições dos Jogos Olímpicos) em que o número de participantes europeus chega a seis. A última vez que o número foi maior que esse foi nos Jogos de Moscou, em 1980, quando sete nações do continente participaram do torneio masculino.

O torneio masculino começa neste domingo (25) e termina ao fim da primeira semana de agosto (7). Nossa equipe, que se dedica diariamente à cobertura do basquete europeu, resolveu criar este guia para você, que deseja saber maiores detalhes sobre cada uma das seis equipes. Esperamos que vocês gostem e terminem esta leitura bastante informados. Aqui vão nossas análises, com os times ordenados alfabeticamente.

Alemanha🇩🇪

Participações em Olimpíadas: está será a sexta, sendo que a última foi em 2008, em Pequim;
Melhor(es) resultado(s): em 1992, em Barcelona, a equipe alemã terminou em sétimo lugar;
Elenco que vai para Tóquio:

Armadores
Maodo Lô (ALBA Berlim, ALE)
Andreas Obst (Bayern de Munique, ALE)
Joshiko Saibou (Châlons-Reims, FRA)

Alas-armadores e alas
Niels Giffey (Zalgiris Kaunas, LIT)
Lukas Wank (Brunsvique, ALE)
Isaac Bonga (Washington Wizards, EUA)
Robin Benzing (Zaragoza, ESP)

Alas-pivôs e pivôs
Moritz Wagner (Orlando Magic, EUA)
Johannes Thiemann (ALBA Berlim, ALE)
Danilo Barthel (Fenerbahçe, TUR)
Jan Wimberg (Chemnitz, ALE)
Johannes Voigtmann (CSKA Moscou, RUS)

Técnico: Henrik Rödl (ALE)

A seleção alemã vai às Olimpíadas empolgada após a classificação no Pré-Olímpico disputado em Split, na Croácia, onde derrotou os donos da casa na semifinal e o Brasil na decisão para conquistar uma vaga em Tóquio. A última participação da Alemanha nos Jogos havia sido em 2008, quando a equipe que contava com a lenda Dirk Nowitzki não conseguiu passar da fase de grupos, vencendo apenas um de cinco jogos. Agora, sem nenhum remanescente daquela geração, os germânicos tentaram fazer uma campanha melhor no Japão.

No Pré-Olímpico, a seleção alemã passou em primeiro no seu grupo ao vencer México (82 a 76) e Rússia (69 a 67). Na semifinal, contra a Croácia, vitória por 86 a 76 com virada no último quarto e grande atuação de Maodo Lô, com 29 pontos e oito assistências. No jogo decisivo, triunfo diante do Brasil por 75 a 64, com destaque para Moritz Wagner, autor de 28 pontos. O ala-pivô do Orlando Magic foi o cestinha da Alemanha no torneio, com média de 14,2 pontos na campanha alemã. Outro jogador vindo da NBA é Isaac Bonga, ala-armador do Washington Wizards, mas que jogou apenas dois jogos em Split.

Apesar de ir ao Japão sem nomes importantes como Dennis Schröder, Paul Zipser, Maxi Kleber e Daniel Theis, a Alemanha conta com outras peças experientes. Além dos já citados Maodo Lô e Moritz Wagner, Johannes Voigtmann, pivô do CSKA Moscou, é mais um com bagagem e que pode agregar ao time alemão, sendo o principal reboteiro e sempre muito acionado em jogadas embaixo do garrafão. O ala-armador Niels Giffey, ex-ALBA Berlim e recém-chegado ao Zalgiris Kaunas, e Danilo Barthel, ala-pivô do Fenerbahçe, também são experimentados, na faixa dos 30 anos, com experiência em grandes competições de clubes na Europa.

Os alemães estão no Grupo B das Olimpíadas, junto com Austrália, Itália e Nigéria. Ao que tudo indica, os australianos surgem como favoritos, e o italianos como principais postulantes à segunda vaga, ou mesmo a liderança. Para a Alemanha, a briga pelo terceiro posto parece ser uma realidade. Neste caso, dependendo dos critérios de desempate, pode conseguir avançar à fase seguinte e sonhar com uma campanha melhor que a conquistada em Barcelona 1992, quando terminou em sétimo lugar.

Eslovênia🇸🇮

Participações em Olimpíadas: primeira participação desde a independência da Iugoslávia;
Melhor(es) resultado(s): ainda não participou dos Jogos Olímpicos, mas é a atual campeã do EuroBasket, realizado em 2017;
Elenco que vai para Tóquio:

Armadores
Luka Dončić (Dallas Mavericks, EUA)
Luka Rupnik (Cedevita Olimpija, SLO)
Aleksej Nikolić (BCM Gravelines-Dunkerque, FRA)

Alas-armadores e alas
Klemen Prepelič (Valencia Basket, ESP)
Zoran Dragić (Baskonia, ESP)
Jaka Blažič (Cedevita Olimpija, SLO)
Gregor Hrovat (Élan Béarnais, FRA)
Edo Murić (Cedevita Olimpija, SLO)
Jakob Čebašek (Leuven Bears, BEL)

Alas-pivô e pivôs
Vlatko Čančar (Denver Nuggets, EUA)
Mike Tobey (Valencia Basket, ESP)
Žiga Dimec (Cedevita Olimpija, SLO)

Técnico: Aleksander Sekulić (SLO)

Após uma campanha fantástica no EuroBasket 2017, onde conseguiu o título inédito liderada pelo armador Goran Dragić, a Eslovênia continua surpreendendo. Obteve a classificação (também inédita) para as Olimpíadas de Tóquio de forma convincente, após atropelar Venezuela, Angola e Polônia, fazendo a final do torneio contra o time da casa, a poderosa Lituânia (que fica fora de uma Olimpíada pela primeira vez). Já sem contar com seu armador e MVP lá em 2017, aposentado da seleção nacional, a equipe eslovena possui um jovem talento que assombra nas quadras da NBA, e fez o mesmo no pré-olímpico de Kaunas, diante de um ginásio lotado. Além disso, a equipe conta com ótimos arremessadores do perímetro, muita velocidade no contra-ataque e elevado QI de basquete, onde todos se movimentam e buscam a melhor opção no ataque. Definitivamente esta equipe vai para sua primeira edição de Jogos Olímpicos com muitas possibilidades de levar uma medalha, o que seria extraordinário, mas não totalmente surpreendente para os atuais campeões europeus.

E tudo isso passa pelo jovem (22 anos) Luka Dončić, que a cada temporada impressiona mais os amantes do basquete, especialmente aqueles conectados com a liga americana. Desde muito cedo já brilhava no Real Madrid, onde fez sua estreia profissional aos 16 anos, na época o mais jovem na história do clube merengue. E desde que estreou na NBA, o jogador tem feito de tudo: pontos, rebotes, assistências, duplos-duplos, triplos-duplos! Já quebrou vários recordes e tem conduzido sua equipe aos playoffs, sendo que no da última temporada conseguiu números muito impressionantes: 35,7 pontos, 7,9 rebotes e 10,3 assistências! Terminada a temporada americana, foi se juntar ao selecionado esloveno para buscar a inédita vaga olímpica, que veio sem maiores dificuldades, apesar da excelente seleção lituana. O atleta foi o MVP do torneio, com uma partida final digna do seu talento, anotando 31 pontos, 11 rebotes e 13 assistências. Afinal, quem pode parar Luka Dončić?

Auxiliando na armação, mas com papel menos relevante, apenas para dar alguns minutos de descanso para Dončić, dois jogadores com muita qualidade no passe. Primeiro, Luka Rupnik, que foi um dos grandes prospectos da sua geração, especialmente pelos passes espetaculares, mas que nunca explodiu como se esperava. O jogador de 28 anos continua sendo um exímio passador, mas oscila bastante no arremesso do perímetro, a sua opção preferida durante os jogos. Teve pouco espaço no pré-olímpico, mas pode contribuir bastante com a movimentação da equipe na competição no Japão. O outro armador é Aleksej Nikolić, presente na seleção nacional a mais tempo, incluindo o Europeu de 2017. O atleta possui ótimo arremesso do perímetro, tendo 50% de aproveitamento no pré-olímpico, apesar do tempo reduzido de quadra. Também possui ótimo drible e visão de jogo, sempre atento aos companheiros mais bem colocados para o arremesso.

A Eslovênia possui muitos bons arremessadores, a maioria jogando na posição de ala, com boa capacidade de fugir da marcação para receber o melhor passe. Um deles é Klemen Prepelič, um dos destaques da equipe vitoriosa em 2017 e com boa temporada no Valencia, tanto na Euroliga quanto na Liga ACB. O jogador, que é ótimo arremessador do perímetro, fez apenas uma boa partida no pré-olímpico, ficando muito abaixo na semifinal e final do torneio. Mas sabe-se o quanto ele pode contribuir para essa seleção, e é melhor que os adversários não o deixem muito à vontade, pois podem sofrer bastante. Outro jogador que é um gatilho é Jaka Blažič, que fez uma temporada fantástica na EuroCup pelo Cedevita, sendo o cestinha da competição com 19,1 pontos por jogo. O atleta oscilou bastante no pré-olímpico, mas fez uma grande final contra a Lituânia, com 16 pontos, ajudando muito na conquista da vaga. Outro grande finalizador dessa equipe é Zoran Dragić, o irmão mais novo de Goran, e o jogador mais velho dessa seleção (32 anos). Após boa temporada no Baskonia, vindo do banco, o atleta foi um dos destaques da seleção no pré-olímpico, com 12 pontos de média, sendo o terceiro pontuador da equipe, além de ser uma voz importante, após dez anos servindo a seleção principal. Será peça importantíssima, trazendo a infiltração e energia defensiva pra a equipe.

Outros três atletas podem aparecer em diferentes situações, todos com alto poder de destruição do perímetro, dando muito poder de fogo para a seleção eslovena. Começando por Edo Murić, que fez sua melhor temporada de EuroCup pelo Cedevita, acertou 50% dos arremessos de longa distância no pré-olímpico, além de ser o quarto maior “+/-“ da equipe no torneio, em apenas 17 minutos por jogo. Depois temos Gregor Hrovat, que fez grande temporada pelo Cholet, da França, sendo um dos destaques da LNB Pro A. Além de ótimo no arremesso do perímetro, o jogador é muito forte no um-contra-um para dentro do garrafão, dificultando muito para os defensores. No pré-olímpico, apesar do pouco tempo de quadra (cerca de 11 minutos em média), acertou 67% dos arremessos de quadra, anotando 16 pontos em 19 minutos na partida contra a Polônia. Por fim, temos Jakob Čebašek, que foi o atleta menos aproveitado no pré-olímpico, mesmo sendo grande arremessador. O jogador de 30 anos possui grande habilidade em criar o próprio arremesso, apesar dos 2,00 metros de altura, além de ser letal no “catch and shoot”, quando o atleta recebe o passe e já realiza o arremesso, sem driblar a bola. Tomara que seja mais aproveitado em Tóquio, pois pode ser uma arma importante da equipe.

E temos os (poucos) homens grandes da Eslovênia. Depois de Anthony Randolph em 2017, e Jordan Morgan nas qualificatórias para o EuroBasket 2022, chegou a vez do estrangeiro Mike Tobey brilhar pela Eslovênia. O jogador de 26 anos estreou pela seleção pouco antes do pré-olímpico, mas se tornou o encaixe perfeito para Dončić, que usou e abusou dos “pick-and-roll” com o americano. Além de se movimentar muito bem no ataque, dentro do garrafão, o jogador também era uma boa opção do perímetro, acertando 64% dos arremessos tentados (7 de 11), complicando muito a vida da defesa adversária. Sem contar o papel na defesa, com rebotes e tocos. Sem dúvidas, Tobey já é o melhor estrangeiro a defender a seleção eslovena, e pode ser o ponto de desequilíbrio para voos mais altos.

Outro destaque desta seleção é Vlatko Čančar, que tem tentado mais espaço na NBA. O jogador com perfil de ala-pivô, gosta bastante do arremesso do perímetro, apesar do seu melhor aproveitamento ser quando atua perto da cesta. No pré-olímpico, teve grande aproveitamento dos três pontos e fez grande partida final contra a Lituânia, com 18 pontos e 4 de 6 da bola tripla, em 29 minutos em quadra. Aos 24 anos, ainda tem muito a evoluir e contribuir para o selecionado de seu país. Por fim, o único pivô de fato dessa seleção (e único jogador que não arremessa de três pontos), Žiga Dimec. O atleta mais alto da equipe (2,11 m) faz aquele estilo mais bruto, brigador, sem muita técnica, mas com muito suor e energia. Será muito importante como substituto de Tobey, especialmente se este último não ficar atento com as faltas, fato que foi um ponto de atenção no pré-olímpico.

A Eslovênia está no forte Grupo C, ao lado de Espanha, Japão e Argentina, estreando justamente contra os atuais vice-campeões mundiais. O time é um dos que possui o melhor conjunto de arremessadores, sem falar no talentosíssimo Dončić, que controla o ritmo do jogo como ninguém, além de pontuar com muita facilidade. Depois do título europeu inédito em 2017, não surpreenderia nem um pouco esta equipe da Eslovênia conseguir uma medalha já em sua primeira Olimpíada.

Espanha🇪🇸

Participações em Olimpíadas: esta será a 13ª, sendo a sexta participação seguida;
Melhor(es) resultado(s): três vezes medalha de prata (1984, 2008 e 2012);
Elenco que vai para Tóquio:

Armadores
Sergio Rodríguez (Olimpia Milão, ITA)
Ricky Rubio (Minnesota Timberwolves, EUA)
Sergio Llull (Real Madrid, ESP)

Alas-armadores e alas
Rudy Fernández (Real Madrid, ESP)
Víctor Claver (Valencia Basket, ESP)
Alberto Abalde (Real Madrid, ESP)
Álex Abrines (Barcelona, ESP)

Alas-pivô e pivôs
Pau Gasol (Barcelona, ESP)
Marc Gasol (Los Angeles Lakers, EUA)
Willy Hernangómez (New Orleans Pelicans, ESP)
Juancho Hernangómez (Minnesota Timberwolves, EUA)
Usman Garuba (Real Madrid, ESP)

Técnico: Sergio Scariolo (ITA)

Sendo uma das grandes forças do basquete mundial nos últimos 20 anos, a “La Roja” vai para mais uma edição dos Jogos Olímpicos como uma das favoritas a conquista de mais uma medalha. Com sete jogadores remanescentes do elenco campeão da Copa do Mundo de 2019 (posição que deu a classificação para as Olimpíadas), o técnico italiano Sergio Scariolo conta com um grupo muito experiente e vencedor, com destaque para o retorno do lendário Pau Gasol, que completa 20 anos defendendo a seleção espanhola. Além dele, outros seis jogadores têm pelo menos 30 anos de idade, sendo que apenas três atletas do elenco nunca venceram uma competição pela seleção principal (Álex Abrines, Alberto Abalde e Usman Garuba). Em resumo, uma equipe que joga junto a muito tempo, muito talentosa, e que ainda está em busca de sua primeira medalha de ouro olímpica.

O grande líder técnico dessa seleção tem sido Ricky Rubio, eleito o MVP da Copa do Mundo de 2019 e o principal destaque nos amistosos preparatórios para as Olimpíadas de Tóquio. Tendo completado dez temporadas na NBA, após chamar muita atenção na Liga ACB (estreou como profissional aos 14 anos!), o atleta de 30 anos mostra muita maturidade na carreira e assume de vez o protagonismo na condução da equipe. O jogador terá como reservas “de luxo” dois armadores muito experientes e campeões, com quem o jovem Ricky muito aprendeu: Sergio “El Chacho” Rodríguez (35 anos) e Sergio Llull (33 anos). O primeiro volta para o selecionado, após não participar do título mundial dois anos atrás, e com papel fundamental vindo do banco na equipe da Olimpia Milão, terceira colocada da última Euroliga. O segundo, apesar de sofrer com lesões ao longo da temporada, continua sendo muito importante para a seleção nacional e o Real Madrid, também vindo do banco e trazendo um repertório ofensivo amplo e com muito volume de jogo. Pode-se dizer que a Espanha está servida do melhor trio de armadores (de fato) destes Jogos Olímpicos, ao lado dos argentinos Campazzo/Laprovittola/Bolmaro.

Outro veterano importantíssimo para a seleção espanhola é Rudy Fernández que, mesmo não tendo a explosão ofensiva de dez anos atrás, constitui peça fundamental aos 36 anos. O atleta, com múltiplas premiações por Joventut e Real Madrid, além de boa passagem pela NBA, possui (ainda) boa capacidade de infiltração, além de muito bom arremesso do perímetro, dificultando bastante para a defesa adversária. Ao lado dele, três alas vindos de temporadas bastante irregulares, mas de quem o técnico Scariolo espera grande contribuição. Primeiro, o veterano Víctor Claver, de 32 anos, que perdeu espaço no Barcelona de Šarūnas Jasikevičius, e acaba de retornar para sua antiga casa, o Valencia. O jogador, que fez parte da equipe campeã da EuroBasket 2009, tem muita confiança do treinador e faz parte do quinteto titular, mesmo que com um papel mais tático e defensivo.

Em segundo, a “promessa” Álex Abrines, que após período pela NBA, retornou para o Barça em uma segunda passagem. O jogador de 27 anos, que foi MVP do Europeu Sub-18 em 2011 (onde a Espanha levou o Ouro), nunca explodiu como se esperava, sendo até omisso em muitas partidas pelo Barcelona. Com bom aproveitamento de quadra durante a temporada, especialmente do perímetro, espera-se que o jogador assuma mais a responsabilidade, desafogando as estrelas da equipe. Por fim, outro ala desta seleção é Alberto Abalde que, aos 25 anos, terá sua primeira oportunidade em uma grande competição com o selecionado espanhol. O atleta teve boas oportunidades em sua primeira temporada no Real Madrid, inclusive ganhando a titularidade em muitas partidas, porém oscilou bastante ao longo da temporada. Além do bom arremesso do perímetro e capacidade de infiltração, também possui bom tiro de média distância, podendo ser uma arma importante na estratégia de jogo de Sergio Scariolo.

Por fim, a grande força do garrafão espanhol, aliando muita experiência com energia e juventude. Começando pelo novato Usman Garuba, que aos 19 anos faz sua estreia na seleção principal, após grande temporada no Real Madrid. Destaque desde muito cedo (estreou na Liga ACB aos 16 anos), o jovem atleta sempre se mostrou uma força dentro do garrafão, pontuando, pegando rebotes e distribuindo tocos. Na última Euroliga, se tornou o jogador mais jovem a chegar a 30 de valoração em um jogo de playoff, ao anotar 24 pontos e 12 rebotes. Depois, temos os irmãos Hernangómez, Willy (27 anos) e Juancho (25 anos), ambos jogando na NBA e evoluindo cada vez mais o seu jogo. O primeiro, presente na seleção desde o título europeu de 2015, com um jogo mais de pivô, próximo da cesta, e uma força nos rebotes, principalmente os ofensivos. O segundo, jogando mais como um ala-pivô, com bom arremesso do perímetro e boa mobilidade.

E, por fim, temos os irmãos Gasol. Começando com Marc Gasol, com uma carreira vitoriosa na NBA e com a seleção nacional. Aos 36 anos, o pivô não possui mais os movimentos rápidos de ataque, especialmente os giros de pivô, mas continua um excelente passador e grande defensor, além de ter evoluído no arremesso de longa distância. Mesmo tendo perdido espaço no Lakers, o jogador continua sendo uma arma a ser temida por qualquer equipe adversária. E então temos Pau Gasol. A lenda. Um dos maiores atletas do esporte da Espanha e um dos maiores nomes da história do basquete, ele está de volta. Aos 41 anos, o atleta vai para sua quinta Olimpíada, em busca do ouro inédito para a seleção nacional, após cerca de dois anos sem jogar basquete. Mas antes, o jogador acertou seu retorno para o Barcelona, jogando o final da temporada europeia e conquistando a Liga ACB e o vice-campeonato da Euroliga. E sempre tendo impacto dentro da quadra, mesmo com minutos reduzidos, contribuindo muito com rebotes e tocos, além de altíssimo aproveitamento nos arremessos. Para se ter uma ideia, o jogador teve a maior média de valoração dos playoffs da Liga ACB, com pouco menos de 15 minutos em quadra, em média, demonstrando o quanto ele ainda consegue ser relevante para qualquer equipe. E para a seleção nacional, mais ainda. E esta será, provavelmente, a última oportunidade de assistirmos esta lenda em ação numa quadra de basquete.

A Espanha está no temido grupo C em Tóquio, ao lado de Argentina, Japão e Eslovênia. A classificação para a fase seguinte já será um primeiro desafio, visto que enfrenta a atual vice-campeã mundial Argentina e a atual campeã europeia Eslovênia, porém o time espanhol é muito experiente e talentoso, sendo muito difícil de ser batido. A expectativa é de mais uma medalha olímpica para a seleção vermelha, que com certeza irá brigar muito para conquistar o tão sonhado ouro olímpico.

França🇫🇷

Participações em Olimpíadas: está será a décima, sendo a terceira consecutiva;
Melhor(es) resultado(s): duas vezes medalha de prata (1948 e 2000);
Elenco que vai para Tóquio:

Armadores e alas-armadores
Frank Ntilikina (New York Knicks, EUA)
Thomas Heurtel (Real Madrid, ESP)
Andrew Albicy (Gran Canaria, ESP)
Nando De Colo (Fenerbahçe, TUR)

Alas e alas-pivôs
Evan Fournier (Boston Celtics, EUA)
Nicolas Batum (Los Angeles Clippers, EUA)
Timothé Luwawu-Cabarrot (Brooklyn Nets, EUA)
Guerschon Yabusele (ASVEL, FRA)
Amath M’Baye (Pınar Karşıyaka, TUR)

Pivôs
Vincent Poirier (Real Madrid, ESP)
Moustapha Fall (Olympiacos, GRE)
Rudy Gobert (Utah Jazz, EUA)

Técnico: Vincent Collet (FRA)

Les Bleus chegam ao Japão para tentar o ouro inédito – possuem duas pratas, sendo a última em 2000, quando perderam para os Estados Unidos. Será a primeira Olímpiada da França sem nomes como Tony Parker e Boris Diaw, mas em um momento de consolidação da atual geração. Em 2019, na Copa do Mundo, disputada na China, os franceses mostraram suas forças ao eliminarem a seleção americana nas quartas de final. A derrota para a Argentina na semi deixou um gosto amargo, mas agora o time treinado por Vincent Collet, há 12 anos no cargo, pode ter sua grande chance de subir ao lugar mais alto do pódio.

Um dos principais pontos positivos da equipe pode ser a experiência. Os grandes astros beiram os 30 anos ou já passaram desta idade. O mais velho deste elenco, Nando De Colo, tem 34 anos e vai para sua terceira Olimpíada. Como um dos maiores armadores do basquete europeu, duas vezes campeão da Euroliga, é um dos líderes do time. Nicolas Batum é outro atleta a estar no terceiro ciclo olímpico da França. Dentro de quadra, será interessante ver como o ala, aos 32 anos, irá contribuir. Durante a temporada da NBA, o jogador, em muitos momentos, fez outras funções na rotação do Los Angeles Clippers, inclusive como “falso pivô”.

Por falar em pivô, este sim de origem, Rudy Gobert será uma das grandes atrações do basquete nos Jogos. Aos 29 anos, o jogador do Utah Jazz vem de temporadas fantásticas, sendo eleito o melhor defensor da liga norte-americana em 2020-2021, pela terceira vez na carreira. Outro nome com bagagem é o de Thomas Heurtel, 32 anos e que esteve no Rio de Janeiro em 2016. Apesar da temporada conturbada após polêmica no Barcelona e a ida para o ASVEL – agora acaba de ser anunciado pelo Real Madrid –, o armador pode ser muito útil na segunda unidade. Por fim, outro destaque vai para Evan Fournier, 28, que disputará sua primeira Olimpíada com a camisa francesa após duas medalhas de bronze em Copas do Mundo (2014 e 2019). A França está no Grupo A da competição, junto com Estados Unidos, República Tcheca e Irã. A estreia contra os americanos, dia 25 de julho, poderá ditar o rumo da chave. Quem vencer provavelmente será o líder. Os tchecos, embalados pela vaga conquistada no Pré-Olímpico, podem tentar complicar a vida dos franceses, mas não é considerada outra alternativa senão a classificação de Les Bleus para a fase seguinte.

Itália🇮🇹

Participações em Olimpíadas: esta será a 13ª, sendo que a última foi em 2004, em Atenas;
Melhor(es) resultado(s): duas vezes medalha de prata (1980 e 2004);
Elenco que vai para Tóquio:

Armadores
Nicolò Mannion (Golden State Warriors, EUA)
Marco Spissu (Dinamo Sassari, ITA)
Alessandro Pajola (Virtus Bolonha, ITA)

Alas-armadores e alas
Stefano Tonut (Reyer Veneza, ITA)
Simone Fontecchio (ALBA Berlim, ALE)
Riccardo Moraschini (Olimpia Milão, ITA)
Michele Vitali (Brose Bamberg, ALE)

Alas-pivô e pivôs
Nicolò Melli (Dallas Mavericks, EUA)
Danilo Gallinari (Atlanta Hawks, EUA)
Achille Polonara (Fenerbahçe, TUR)
Giampaolo Ricci (Olimpia Milão, ITA)
Amedeo Tessitori (Virtus Bolonha, ITA)

Técnico: Romeo Sacchetti (ITA)

A “Nazionale”, contando com uma de suas melhores gerações em quase duas décadas, quebrou um jejum de três Olimpíadas seguidas ficando de fora. A jovem equipe italiana está de volta aos Jogos Olímpicos após 17 anos, quando conseguiu a medalha de prata, caindo diante da geração dourada da Argentina. As principais forças da Itália estão na juventude do seu elenco, que no Pré-Olímpico teve média de idade de apenas 27 anos, e no sistema ofensivo fortíssimo.

Achille Polonara deu prosseguimento à temporada fantástica que teve com o Baskonia e liderou o time como seu melhor jogador nos três jogos do torneio de Belgrado, como era esperado (médias de 17,3 pontos, 9,3 rebotes e 25,3 de valoração, esta, a maior do time). Mas ele deve perder um pouco de tempo de quadra, em função da inclusão de Danilo Gallinari no elenco, ele que não pôde estar com o grupo por estar disputando as finais de conferência da NBA. Por um lado, o time pode perder um pouco de seu entrosamento, pois Gallo não defende a seleção desde setembro de 2019, mas, por outro, seu talento é incontestável e a presença de Polonara na segunda unidade a torna ainda mais forte.

A grande surpresa para o treinador Romeo Sacchetti que saiu deste Pré-Olímpico foi o armador Niccolò Mannion. O garoto, de apenas 20 anos, teve uma temporada de pouquíssimo espaço no Golden State Warriors, da NBA, apesar de ter ido bem no afiliado de ligas menores do clube. Antes do torneio amistoso VTG Supercup, em Hamburgo, agora em junho, ele havia jogado pela seleção principal apenas uma outra vez. Mas, em Belgrado, ele teve um desempenho espetacular, terminando com médias de 17,7 pontos e 4,0 assistências por jogo, a mais alta da equipe. Ele conseguiu desbancar o excelente Marco Spissu, um dos melhores armadores do campeonato italiano e se consolidou como o titular.

Simone Fontecchio, assim como Polonara, também deu prosseguimento à ótima temporada que fez com o ALBA Berlim. O ala terminou como o cestinha da Itália no torneio, com médias de 19,7 pontos por jogo, enquanto teve 53,8% de aproveitamento da linha de três. A propósito, em Belgrado a equipe teve um excelente aproveitamento do perímetro, com 42,7%, o que é uma característica do time. Durante as eliminatórias para o EuroBasket, a Itália também acertou 42,6% dos arremessos de fora. Durante o Pré-Olímpico, o grande destaque no fundamento foi Polonara, que efetuou seis tentativas por jogo e manteve um aproveitamento de 61,1%, ambas as mais altas marcas do time.

Destoando bastante ofensivamente está o pivô e capitão do time, Nicolò Melli, cuja produção ofensiva se limitou à ajuda nas execuções de jogada, fora da bola. O que é vital, sim, mas resta saber até que ponto o veterano tem vaga cativa na equipe apenas por estar na NBA. Amedeo Tessitori, seu substituto, teve pouco espaço no Pré-Olímpico, em comparação ao que teve durante as eliminatórias para o EuroBasket, e isso deve permanecer assim em Tóquio, em função do status de Melli. Um aspecto com o qual Sacchetti deve tomar cuidado é que, com Gallinari tomando o lugar de Polonara no time titular, você perde uma peça de muita mais mobilidade jogando ao lado de Melli, que já não é dos melhores defensores. A defesa ao redor da cesta pode ficar fragilizada com Gallo e Melli formando a dupla de garrafão e isso pode ser o ponto fraco a ser atacado pelos adversários.

A Itália está no grupo B em Tóquio, ao lado de Austrália, Alemanha e Nigéria. É plausível de se imaginar que, após campanhas excepcionais nas eliminatórias para o EuroBasket e no Pré-Olímpico, este time seja considerado o favorito para o grupo. Seu primeiro encontro é contra a Alemanha, talvez sua principal desafiante, seguido do duelo contra a Austrália, antes de fechar a primeira fase contra a Nigéria. Será uma “zebra” histórica se esta equipe não avançar de fase.

República Tcheca🇨🇿

Participações em Olimpíadas: esta será a primeira do país desde a divisão da Tchecoslováquia, em 1993;
Melhor(es) resultado(s): como Tchecoslováquia unificada, a antiga nação participou dos Jogos Olímpicos sete vezes, mas nunca obteve medalha. Porém, no EuroBasket foram 12 medalhas, incluindo uma de ouro (1946). Como República Tcheca, a melhor participação do país no EuroBasket foi na edição de 2015, quando terminou em sétimo lugar;
Elenco que vai para Tóquio:

Armadores
Tomáš Satoranský (Chicago Bulls, EUA)
Ondřej Sehnal (USK Praga, CZE)
Jakub Šiřina (Opava, CZE)
Tomáš Vyoral (BK Pardubice, CZE)

Alas-armadores e alas
Jaromír Bohačík (SIG Strasbourg, FRA)
David Jelínek (Andorra, ESP)
Lukáš Palyza (ERA Nymburk, CZE)
Blake Schilb (USK Praga, CZE)

Alas-pivô e pivôs
Jan Veselý (Fenerbahçe, TUR)
Patrik Auda (Yokohama B-Corsairs, JAP)
Ondřej Balvín (Gunma Crane Thunders, JAP)
Martin Peterka (ERA Nymburk, CZE)

Técnico: Ronen Ginzburg (ISR)

Os tchecos chegam para esta sua primeira disputa olímpica como a menos forte das equipes européias e muito dificilmente conseguirá ficar com uma das duas vagas diretas do fortíssimo grupo A. Mas não se engane, pois essa equipe vai vender caro seus resultados, mesmo diante das gigantes EUA e França. E em teoria, tem um time mais forte que o do Irã para tentar ficar com uma das duas vagas destinadas para os terceiros colocados.

Historicamente, a República Tcheca vem se mostrando uma das escolas mais competentes do basquete mundial, no que diz respeito a de onde e seleção saiu e onde ela está chegando. Na primeira década do século, o país tinham dificuldades tremendas até para se manter na elite européia. Entre a dissolução da Tchecoslováquia e o ano de 2011, foram apenas duas participações do país em EuroBaskets (1999 e 2007), nas quais teve algumas das piores campanhas do torneio. Nos outros anos, a seleção sempre ficava pelo caminho nas eliminatórias.

Em 2011, quando ficou com uma das vagas da Divisão B do EuroBasket para a edição de 2013, começaria uma evolução gigantesca da escola tcheca, que disputaria duas edições seguidas da competição, conseguindo sua melhor participação em 2015, quando terminaram em sétimo lugar. Aquela campanha contou com a dupla Jan Veselý e Tomáš Satoranský, talvez os dois maiores jogadores da história do país, jogando em alto nível e já se tornando os “donos” da equipe. A sétima colocação deu direito aos tchecos de disputar, pela primeira vez em sua história, um torneio pré-olímpico, tentando a vaga para os Jogos do Rio.

Com uma base forte que se mantém desde essa época, a República Tcheca continuou evoluindo e conseguiu sua primeira classificação para uma Copa do Mundo, para a edição de 2019. Ali, eles fizeram outra façanha, alcançando as quartas-de-final, em uma campanha marcada pela fatídica vitória sobre o próprio Brasil, um jogo em que dominaram a nossa Seleção, chegando a abrir 29 pontos de diferença.

No torneio pré-olímpico de Victoria, não eram os tchecos os favoritos, mas a equipe foi crescendo ao longo da competição. Por muito pouco (literalmente, uma cesta) a equipe passou de eliminada e sem vitórias, para classificada para a semifinal, ao bater o Uruguai por 80 a 79, em uma partida recheada de eros da equipe nos segundos finais. Mas na fase final, os tchecos compensaram um pouco e tiveram uma campanha impecável. Eles derrotaram os anfitriões, Canadá, na semifinal, em um jogo espetacular, que precisou de prorrogação; e simplesmente atropelaram a Grécia na final, com uma defesa monstruosa que não deu chances aos gregos.

As armas da equipe tcheca vão muito além da dupla supracitada. O garrafão é duríssimo, com a dupla Patrik Auda e Ondřej Balvín sendo elementos cruciais do esquema do técnico Ronen Ginzburg. Os dois, inclusive, atuam no basquete japonês. Balvín acabou com o jogo na partida da semifinal, contra o Canadá, com seus 14 pontos, 19 rebotes e cinco tocos, enquanto Auda fez a festa para cima do garrafão grego na grande final.

Para ajudar a dividir as atenções das defesas adversárias no perímetro, se destaca o ala americano naturalizado Blake Schilb, que além de ajudar na criação, pode acabar com uma partida se estiver em uma noite inspirada. Na semifinal contra o Canadá, por exemplo, ele estava com a mão calibrada da linha de três (sete acertos) e terminou a partida com 31 pontos.

Mas sem dúvidas a grande força desta equipe é a sua unidade e o seu entrosamento. O mesmo grupo, praticamente, joga junto há mais de cinco anos. Ginzburg, no comando técnico desde 2013 e talvez o grande arquiteto das vitórias da equipe, criou um sistema defensivo muito forte. A República Tcheca corre por fora, absolutamente, mas ela muito provavelmente irá incomodar algumas boas equipes neste torneio.

Este texto é um conteúdo original do EuroLeague Brasil e não deve ser reproduzido em outros sites sem o devido consentimento. Se você gostou do nosso trabalho, ajude a compartilhá-lo!

By Tabela de Ferro

O único site em língua portuguesa especializado em basquete europeu.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *