Após duas temporadas ficando no “quase”, a pressão sobre o técnico Šaras Jasikevičius só aumenta, com a conquista da Euroliga se tornando mais urgente. A diretoria fez a sua parte e trouxe reforços importantes, colocando mais uma vez a equipe como favorita no cenário europeu. Porém, se os resultados não vierem novamente, dificilmente o técnico lituano terá uma nova oportunidade com a equipe catalã, fazendo com que cada jogo seja uma decisão. Será que desta vez o Barça conseguirá comemorar mais um título europeu, algo que não acontece desde a temporada 2009-10?
Quem chegou
Jan Veselý (C/PF, veio do Fenerbahçe-TUR, tcheco, 32 anos) / Tomáš Satoranský (PG/SG, Washington Wizards-EUA, tcheco, 30 anos) / Oscar da Silva (PF/C, Alba Berlim-ALE, alemão, 24 anos) / Nikola Kalinić (SF/PF, Estrela Vermelha-SER, sérvio, 30 anos) / Mike Tobey (C, Valencia-ESP, esloveno-estadunidense, 27 anos) / Oriol Paulí (SF, Andorra-ESP, espanhol, 28 anos)
Quem saiu
Rolands Šmits (PF, foi para o Žalgiris Kaunas-LIT, letão, 27 anos) / Dante Exum (PG/SG, Partizan-SER, australiano, 27 anos) / Nigel Hayes-Davis (SF/PF, Fenerbahçe-TUR, estadunidense, 27 anos) / Brandon Davies (C, Olimpia Milão-ITA, estadunidense-ugandês, 31 anos) / Nick Calathes (PG, Fenerbahçe-TUR, grego-estadunidense, 33 anos) / Pierre Oriola (C/PF, agente livre, espanhol, 30 anos)
Treinador:
Šarūnas Jasikevičius (lituano, lituano, 46 anos, vai para sua terceira temporada como treinador do clube)
Possível quinteto titular:
PG – Tomáš Satoranský
SG – Nico Laprovittola
SF – Álex Abrines
PF – Nikola Mirotić
C – Jan Veselý
Sujeito a variações
Possível segunda unidade:
PG – Rokas Jokubaitis
SG – Cory Higgins/Kyle Kuric
SF – Sergi Martínez/Oriol Paulí
PF – Oscar da Silva/Nikola Kalinić
C – Mike Tobey/Sertaç Sanli
Sujeito a variações
Desempenho geral na temporada passada
Após uma temporada anterior com o título da Liga ACB e o vice-campeonato da Euroliga, o Barcelona veio para a temporada 2021-22 pronto para vencer tudo. O time manteve boa parte da base e trouxe bons reforços, colocando a equipe novamente como favorita a conquistar o título europeu.
O início da temporada não foi exatamente como imaginado pela equipe, mas foi o mesmo das temporadas anteriores: com a perda do título da Supercopa da Espanha para o Real Madrid. E, desta vez, com um gosto mais amargo, já que o time do Barça chegou a vencer o confronto por 19 pontos, mas tomou a virada. Já na Euroliga, a equipe não deu margens para desconfianças, perdendo apenas três partidas até dezembro, incluindo uma sequência de nove vitórias seguidas e a liderança da competição.
Na virada do ano, o time oscilou um pouco mais, porém ainda era a equipe a ser batida, terminando a fase de classificação na primeira colocação, com melhor campanha que na temporada anterior (21-7), apesar da derrota pesada (24 pontos de diferença) para o Maccabi Tel Aviv, dentro de casa, na última rodada. Nos playoffs, a equipe precisou de cinco jogos para passar pelo Bayern de Munique, com o fantasma dos desperdícios de bola aparecendo novamente. A dúvida sobre o comando do técnico Jasikevičius voltava à tona, e o encontro com o rival Real Madrid na semifinal seria uma grande prova, especialmente porque o Barça tinha bom retrospecto recente contra o time da capital.
O confronto entre os espanhóis novamente dava a sensação de nova vitória barcelonista, após um melhor primeiro tempo e 13 pontos de vantagem. Mas o Real voltou com tudo, praticou uma defesa fortíssima, fez um terceiro quarto arrasador e virou a partida. O jogo foi equilibrado até o final, mas o time da capital eliminou o grande rival (86-83), acabando com as pretensões de um título pelo Barcelona. Restou a vitória pelo terceiro lugar contra o Olympiacos, e assistir o Real perder a grande final para o Anadolu Efes, como havia ocorrido com o próprio Barcelona no ano anterior.
No cenário doméstico, o time conquistou novamente a Copa do Rei, em cima do Real Madrid, e terminou com a melhor campanha da fase de classificação da Liga ACB. Após passar sem dificuldades por Gran Canaria (2-0) e Joventut Badalona (3-1) nos playoffs, o time enfrentou novamente o Real na final. E dessa vez o desfecho foi diferente do ano anterior, com o Real levando o título após vitória por 3-1 na série, terminando a temporada com mais moral do que o Barcelona.
Reforço(s) mais importante(s) para esta temporada
Em um time sedento por um título de Euroliga, seria razoável imaginar que a diretoria traria bons reforços para a equipe. Porém o Barcelona foi além, trazendo ótimos jogadores em diversas posições, ficando até difícil destacar uma única principal contratação. A chegada dos experientes Tomáš Satoranský e Nikola Kalinić traz um reforço defensivo importante, com muita entrega dentro de quadra, além de boa capacidade de passe e arremesso. Já Oscar da Silva e Mike Tobey trazem envergadura, tamanho dentro do garrafão, além de bom arremesso do perímetro, sendo um problema para defensores mais pesados.
Mas se é para citarmos o grande reforço do Barcelona para esta temporada, este seria Jan Veselý. O tcheco dispensa apresentações, conquistando, dentre outras coisas, o título de MVP da Euroliga em 2018-19, jogando pelo Fenerbahçe. Com 2,13m, o atleta possui qualidades difíceis de encontrar em jogadores dessa estatura, como velocidade, movimentos rápidos e ótimo arremesso de meia distância, sendo um problema para a defesa adversária. Além disso, o jogador possui ótima leitura de jogadas de “pick-and-roll”, e provavelmente aproveitará muito bem os ótimos armadores que a equipe possui (Laprovittola, Satoranský e Jokubaitis), podendo ser o ponto diferencial para o Barça finalmente voltar a vencer a Euroliga.
O que esperar nesta Euroliga
Não dá para dizer que as duas últimas temporadas do Barcelona foram um fracasso, mas claramente a falta do título da Euroliga deixa uma sensação diferente. A diretoria deu mais uma chance ao técnico Jasikevičius, recheando ainda mais o time com bons jogadores, e a pressão sobre ele será ainda maior. A queda, novamente, na Supercopa da Espanha no início desta temporada, e a derrota no primeiro jogo da Liga ACB, não foram um bom sinal, mas a temporada é longa. Obviamente, mais do que resultados imediatos, o que interessa é a vitória lá no final da temporada, levantando o troféu.
Não colocar o Barcelona como o grande favorito ao título da Euroliga (ao lado do Real Madrid), seria uma falha grande, especialmente quando analisamos o elenco montado para esta edição. Porém, a pressão de duas temporadas anteriores é grande e o técnico tem sido criticado pelo seu estilo de jogo (muito limitante, com pouca liberdade aos jogadores), o que pode comprometer o jogo da equipe ao longo da temporada. Além disso, o Barça precisa ajustar um problema que custou partidas importantes: os desperdícios de bola. Se o técnico lituano conseguir arrumar isso, já será um passo importante rumo ao título europeu.