A Euroliga chegou ao fim do “primeiro turno” de sua temporada regular, com a realização da 17ª rodada nesta terça e quarta-feira (29 e 30). O “G4” teve uma alteração importante após esta rodada, com Real Madrid e Barcelona invertendo suas colocações. Na metade de baixo da zona de classificação, o equilíbrio continua impressionante e todos os times até o sétimo colocado têm, pelo menos, dez vitórias nesta primeira metade da temporada.
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O jogo da rodada
Quase a fechar 2020 tivemos no penúltimo jogo do ano um confronto que contava com duas equipas do “G4” ao entrar para esta semana. Este jogo foi realizado na cidade de Munique e contava então com o Barcelona (ESP) que foi jogar a casa do Bayern de Munique (ALE). Ambas as equipas já tiveram melhores momentos: o Bayern já não tinha duas vitórias seguidas desde a 13ª jornada e o Barcelona vinha numa sequência de três derrotas consecutivas.
O jogo começou desde cedo a tender para os lados dos catalães, que tiveram um início invejável e após os primeiros minutos estavam a ganhar por 12 a 5. A vantagem manteve-se mais ou menos constante. O Barcelona chegou mesmo a alcançar uma vantagem de dez pontos quase no fim do primeiro período, mas um esforço dos alemães neste final dos dez primeiros minutos levou a que o placar mostrasse 26 a 22 para os espanhóis ao entrarmos para o segundo período. Ao longo deste quarto, o resultado nivelou-se após um parcial de 8 a 0 para o Bayern, causando um empate de 32 a 32 a essa altura. O Barcelona voltou-se a adiantar e chegaria ao intervalo com uma vantagem de 45 a 43, mesmo com 18 pontos marcados pelo base do Bayern, Wade Baldwin IV.
Na segunda parte do jogo os papéis inverteram-se. Foi a vez do Bayern começar quente. Os jogadores do Barcelona não tinham entrado mentalmente de volta no jogo e a equipa da casa já vencia por 51 a 45. Foi a partir daqui que as coisas se escaparam do Barcelona e a equipa nunca mais reentraria na disputa do jogo e chegou mesmo a ter uma desvantagem de 19 pontos no início do quarto período. O Bayern esteve simplesmente dominante especialmente na segunda parte, onde nesta o Barcelona marcou o mesmo número de lançamentos de dois pontos que na primeira parte, mas com mais cinco tentativas. Para além disso, houve números muito bons para os alemães: ganharam a batalha nas tabelas 33 a 27, estiveram acima de 50% nos lançamentos de três pontos (9 de 17, 52.9%) e não falharam nenhum lance livre (23 de 23). A vitória dos bávaros se confirmou no fim por 90 a 77.
O homem do jogo foi, sem a menor margem de dúvidas, Baldwin. O jogador do Bayern teve um máximo de carreira em pontos e assistências, com 29 e sete, respetivamente, e bateu o recorde de PIR (Performance Index Raitng) por parte de um jogador do Bayern, com 41. Jalen Reynolds celebrou o seu 28º aniversário com uma vitória e com 12 pontos, oito ressaltos e dois desarmes de lançamento. Paul Zisper marcou 16 pontos (4 de 7 de três pontos) e Nick Weiler-Babb, para além dos seus 14 pontos, conseguiu uns impressionantes quatro roubos de bola. No lado do Barcelona tivemos Álex Abrines com 17 pontos (4 de 7 de três pontos) e cinco ressaltos, Rolands Smits com 14 pontos e Nick Calathes, que apesar de marcado apenas nove pontos, teve oito assistências e cinco ressaltos. Com o resultado, o Barcelona perde a vice-liderança e vê o próprio Bayern, logo atrás, na quarta colocação, igualar sua campanha, com 11 vitórias e seis derrotas.
Khimki (RUS) 88 x 105 Olympiacos (GRE)
Os gregos do Olympiacos iniciaram mais uma semana de Euroliga com uma prestação ofensiva quase impossível de repreender. Foi um jogo onde alcançaram alguns recordes do clube nesta competição: empataram o máximos de triplos concretizados num jogo (16) e o seu máximo de pontos marcados fora de casa (105); esta foi também a primeira vez em sete anos que chegaram à marca dos 100 pontos num jogo sem prolongamento. Este jogo fez a equipa de Pireu voltar aos 50% de vitórias (oito vitórias e oito derrotas) após uma série negativa de resultados (duas vitórias nos últimos sete jogos, este incluído). Já os russos continuam no último lugar da competição, com apenas duas vitórias nos 17 jogos que já realizaram. A partida até esteve mais equilibrada do que o resultado final faz parecer, mas isso aconteceu apenas até ao final do terceiro período, quando o Olympiacos teve uma parcial de 13 a 0, que deixou a equipa de Moscou sem maneira de voltar a entrar para o jogo. Alexey Shved foi sem dúvida o melhor jogador do Khimki, com os seus 22 pontos (7 de 7 nos lances livres), nove assistências, quatro ressaltos e um PIR de 28. Durante este jogo Shved alcançou um feito que poucos jogadores (15 ao todo) até agora fizeram na história da Euroliga, que foi alcançar a marca dos 2.500 pontos. No lado grego, Kostas Sloukas brilhou, com 25 pontos (5 de 7 de três pontos), cinco assistências e um PIR de 29. A vitória fez o Olympiacos subir apenas uma colocação, agora no 10º lugar.
Anadolu Efes (TUR) 65 x 73 Real Madrid (ESP)
O Real Madrid venceu nesta terça-feira o Anadolu Efes, num jogo que teve uma primeira parte muito defensiva, na qual se registava 37 a 31 para a equipa da casa. Um jogador do qual a equipa turca “sentiu saudade” foi de Shane Larkin. O base não falhou a partida mas depois de marcar os cinco primeiros pontos do jogo, fartou-se de falhar lançamentos. Foram seis lançamentos de campo seguidos falhados e falhou todas as suas tentativas de três pontos. Ele ainda voltou a marcar a seis minutos do fim, mas foi também a última vez e ele acabou o jogo com sete pontos. Uma peça-chave para a vitória madrilenha neste embate foi a eficácia da linha de três. O Real teve 40% de aproveitamento em 37 tentativas, enquanto o Efes teve quase metade disso (22,6%) em 31 tentativas. O único jogador dos turcos a chegar aos dois dígitos de pontos marcados foi Vasilije Micić, com os seus 16 pontos, mas foi pouco eficiente (5 em 16 nos lançamentos de campo, 0 em 6 de três pontos). Ele teve ainda cinco ressaltos e cinco assistências. Na equipa de Madrid não houve ninguém que se destaque individualmente, mas Nicolás Laprovittola foi capaz de ter sido o melhor jogador, com dez pontos e seis assistências. A vitória, sexta consecutiva, leva a campanha dos “Merengues” a 12 vitórias e cinco derrotas, o que faz o clube finalmente superar o maior rival Barcelona e ocupar agora a vice-liderança. O Efes cai do nono para o 11º lugar, agora com oito vitórias e nove derrotas.
ALBA Berlim (ALE) 71 x 74 Žalgiris Kaunas (LIT)
Neste jogo os lituanos do Žalgiris chegaram à marca dos cinco jogos consecutivos a vencer, mas notou-se que foi um jogo complicado ofensivamente. Por exemplo, demoraram 19 minutos para conseguirem converter pela primeira vez um lançamento atrás da linha de três pontos. O confronto entre estas duas equipas foi com emoção até ao fim. Um triplo a menos de cinco segundos do fim cortou a vantagem dos lituanos para apenas um ponto, mas o ALBA não conseguiu voltar a marcar e o Žalgiris venceu. Este jogo poderia ter tido um final diferente caso os germânicos tivessem o seu treinador, Aíto García Reneses, disponível ao lado da quadra. Infelizmente ele testou positivo para a COVID-19 durante o fim-de-semana passado. Curiosamente, pela primeira vez num confronto entre estas duas equipas, foi o time de fora que venceu. Dos vencedores, Nigel Hayes foi quem mais se destacou, que para além de ter aparecido no momento certo, marcou 18 pontos (7 em 9 de lançamentos de campo e 3 em 4 de três pontos), alcançou oito ressaltos e obteve um PIR de 24. No lado caseiro Luke Sikma foi eficiente tanto nos lançamentos (11 pontos em 5 de 7 de lançamentos de campo), como no tempo que esteve em campo (17 minutos). Para além de chegar aos dois dígitos em pontos, teve cinco assistências, três roubos de bola (em ambos mais que qualquer companheiro de equipa neste jogo) e dois ressaltos. Com a vitória, o Žalgiris chega a dez triunfos e sete derrotas, o que faz o clube saltar duas posições, agora no sexto lugar. Já os “Albatrozes” caem uma colocação, agora em 14º, com seis vitórias e dez derrotas.
Maccabi Tel Aviv (ISR) 72 x 78 Zenit São Petersburgo (RUS)
Mais um jogo, mais uma vitória para o Zenit, que por agora continua a ser uma das belas surpresas desta edição da Euroliga. O clube russo, que foi o lanterna da temporada passada, chega a 2021 com apenas uma vitória a menos que o terceiro colocado. Caso vença os seus dois jogos em atraso, o clube ainda alcançaria o Real Madrid na disputa pelo segundo lugar. Num jogo tão disputado como este, qualquer coisa pode fazer a diferença e as duas faltas ofensivas que Kevin Pangos, do Zenit, sacou ao base Elijah Bryant, do Maccabi, em menos de um minuto, foi algo muito importante, tanto para dar ímpeto à sua equipa como para causar duas faltas e dois “turnovers” à equipa adversária. A diferença nos ressaltos de 36 a 26, tal como uma maior eficácia nos arremesos de dois pontos (63,9% contra 50%) e seis assistências a mais por parte dos russos foram outros fatores que ajudaram muito na vitória. Para a equipa de Tel Aviv, Scottie Wilbekin foi o melhor marcador, com os seus 18 pontos e teve ainda quatro ressaltos, três assistências e dois roubos de bola. Já para os vencedores, Mateusz Ponitka teve 14 pontos, sete ressaltos, cinco assistências e dois roubos de bola. O Zenit ocupa agora o quinto lugar, com dez vitórias e cinco derrotas. Já o Maccabi não se move da 12ª posição, agora com sete vitórias e dez derrotas, mas vê sua reação na temporada ser interrompida.
Baskonia (ESP) 71 x 70 Valencia (ESP)
A fechar os jogos de terça-feira, tivemos um dos jogos mais emocionantes deste ano. Com o que contamos? Bem, primeiro tivemos o Baskonia a conseguir ganhar quando, a uma altura do jogo (meio do segundo período), perdia por 17 pontos. Depois, tivemos tivemos um quarto período em que nenhuma das equipas se conseguia destacar e, por fim, quando o jogo estava por um ponto de diferença, tivemos uma tentativa de “buzzer beater” do Valencia do meio campo, que não entrou. Para mim, o momento do jogo foi quando o resultado se encontrava 58 a 52 para o Valencia e o base Pierriá Henry marcou um triplo completamente desequilibrado, que deu origem a um parcial de 11 a 0 para o Baskonia e culminou na reviravolta e na primeira vantagem dos bascos no jogo. O Valencia levou para casa esta derrota e uma das razões para tal foi a exibição paupérrima da linha de três pontos na segunda parte, onde, em 17 tentativas, acertou apenas uma (5,9%). O homem do jogo veio do banco da equipa da casa: Achille Polonara foi o melhor marcador da partida, com 18 pontos, e ainda teve sete ressaltos (cinco ofensivos), duas assistências, dois roubos de bola e um PIR de 26. Para o Valencia, Nikola Kalinić é o que merece mais destaque, com os seus 16 pontos (6 em 7 de dois pontos), quatro ressaltos, três assistências, dois roubos de bola e 20 PIR. O Baskonia sobe uma posição, agora em nono, com oito vitórias e oito derrotas. Já o Valencia perde contato com o “G4”, caindo do quinto para o sétimo lugar, com dez vitórias e sete derrotas.
Fenerbahçe (TUR) 81 x 59 ASVEL (FRA)
Quem viu apenas o início do jogo entre Fenerbahçe e ASVEL ficou surpreendido com o resultado final. Aliás, após os primeiros dez minutos, só deu Fenerbahçe, pois os turcos venceram os três períodos finais por 26 pontos no total. No entanto, tivemos uma altura em que o ASVEL estava a fazer-se de difícil de se distanciar deles, mas a meio do terceiro período tivemos uma parcial de 13 a 2 a favor da equipa de Istambul, que pode ter sido o momento decisivo do jogo. A ausência do pivô Moustapha Fall foi muito sentida e o ASVEL teve 12 ressaltos a menos que o adversário neste embate e uma percentagem de apenas 33,3% de dois pontos, em 33 tentativas, o que foi a percentagem mais baixa que o time francês teve alguma vez na história desta competição. Jan Veselý não teve uma prestação dominante, mas foi provavelmente o homem do jogo, com os seus 16 pontos, três ressaltos e três assistências. Já para o ASVEL o melhor jogador foi David Lighty, com 11 pontos e duas assistências. Os dois times vêm muito mal na temporada, mas o Fenerbahçe ganha uma sobrevida. Os turcos sobem uma posição, agora em 13º, com sete vitórias e dez derrotas, apenas duas vitórias a menos que o primeiro time dentro da zona de classificação. Já o ASVEL cai uma colocação, com suas cinco vitórias e 11 derrotas, e é o penúltimo colocado na competição.
Estrela Vermelha (SER) 74 x 71 Panathinaikos (GRE)
Em um confronto da parte de baixo da tabela, o Estrela Vermelha bateu o Panathinaikos em Belgrado e se afastou um pouco das últimas posições. Este jogo parecia quase decidido para os donos da casa, que tinham uma vantagem de dois dígitos com menos de cinco minutos para o fim da partida. No entanto, o Panathinaikos teve uma parcial de 11 a 0 (nove pontos de Ioannis Papapetrou) e chegou a empatar o jogo a 68 já no minuto final. No entanto, um par de lances livres marcados por Johnny O’Bryant e um roubo de bola de Ognjen Dobrić, que resultou num cesto de Corey Walden, que selou a vitória para o Estrela Vermelha. Num jogo tão apertado como este, todas as posses de bola contam e a equipa que cuidou melhor da bola saiu vencedora. Foram 15 “turnovers” dos gregos e apenas dez da equipa dos Balcãs. Corey Walden foi o melhor jogador dos vencedores, não só pelo cesto decisivo, mas também pelos seus 17 pontos, cinco assistências e dois roubos de bola. Para o Panathinaikos, Papapetrou, em apenas 23 minutos em campo, registou 20 pontos (5 em 6 de dois pontos) e três ressaltos. O jogo marcou a reestreia do técnico Dejan Radonjić no comando do Estrela, ele que comandou o time entre 2014 e 2017 e já havia comandado o time no último final de semana, pela Liga Adriática. A situação dos sérvios continua bastante ruim, com apenas seis vitórias e 11 derrotas, mas o time salta do penúltimo para o 15º lugar. O Panathinaikos, que ocupava essa posição, cai para o 16º, com cinco vitórias e 11 derrotas.
Olimpia Milano (ITA) 87 x 91 CSKA Moscou (RUS)
O último jogo da Euroliga no ano não poderia ter sido melhor. Tivemos emoção até ao último segundo de jogo, tivemos “overtime“, tivemos momentos que deixaram qualquer pessoa a ver nervosa e provavelmente alguns dos adeptos destas equipas tiveram de ir verificar como estava o coração… Foi mesmo um jogo impróprio para cardíacos. Faltava um segundo para o fim do quarto período, quando Mike James, do CSKA, sofre uma falta e vai ao lance livre. Ele marca o primeiro, no entanto, falha o segundo e a bola é ganha por parte da Olimpia e estes pedem tempo. Na reposição de bola, Kyle Hines recebeu a bola sozinho perto do cesto, mas, antes de conseguir lançar, sofreu uma falta que também o levou para a linha de lance livre. Quando tudo parecia perdido para o CSKA, Hines falha o primeiro lance livre e depois consegue marcar, para irmos para o prolongamento. Neste, o CSKA conseguiu uma pequena vantagem desde o início e não a deixou escapar. Da equipa italiana, Zach Leday foi sem dúvidas o jogador que merece mais destaque. Para além de ter sido o melhor marcador da partida, não falhou nenhum lançamento. Foram 21 pontos, com 3 em 3 de dois pontos, 1 em 1 de três pontos e 12 em 12 de lances livres. Ele teve ainda sete ressaltos, dos quais três ofensivos, e um PIR de 31. Para o CSKA, o pivô sérvio Nikola Milutinov foi quem mais se destacou, com 17 pontos e 19 ressaltos, entre eles 16 (!!!) ofensivos, conseguindo então 30 de PIR. Esta foi a 12ª vitória consecutiva do CSKA, que com 14 vitórias e três derrotas, é o líder absoluto da competição. A Olimpia, que flertava com o “G4” duas rodadas atrás, cai uma posição, agora em oitavo lugar, com nove vitórias e sete derrotas.
Confira como ficou a classificação geral da Euroliga após a 17ª rodada: