Por Artur José Freitas e Thiéres Rabelo

Como há semanas não se via, a COVID-19 voltou a reduzir uma semana de jogos da Euroliga. A 24ª rodada da temporada regular aconteceu nesta quinta e sexta-feira (04/02 e 05/02), mas com duas partidas a menos. Primeiro, na segunda-feira (1), o jogo entre Maccabi Tel Aviv (ISR) e Khimki (RUS) precisou ser adiado, pois as medidas de proteção sanitária do governo israelense têm impossibilitado que clubes visitantes viagem para o país. No dia seguinte, foi anunciado que a partida entre Žalgiris Kaunas (LIT) e Estrela Vermelha (SER) também seria adiada, pois o clube sérvio apresentou casos do novo vírus dentro do elenco.

ISTANBUL, TURKEY – FEBRUARY 05: Lorenzo Brown, #4 of Fenerbahce Beko Istanbulin action during the 2020/2021 Turkish Airlines EuroLeague Regular Season Round 24 match between Fenerbahce Beko Istanbul and Zenit St Petersburg at Ulker Sports Arena on February 05, 2021 in Istanbul, Turkey. (Photo by Tolga Adanali/Euroleague Basketball via Getty Images)

Mas nem por isso a rodada perdeu em emoção. Na realidade, ela foi bem atípica. Curiosamente, todos os times do “G4”, além de também o sexto colocado, perderam suas partidas. Assim, a tabela sofreu poucas alterações. Mas o principal ingrediente desta rodada foi a presença de três grandes clássicos nacionais, que agitaram as emoções dos torcedores. Outro grande destaque desta rodada foi novamente o Fenerbahçe (TUR), que estendeu sua série de vitórias para nove e já está muito perto de alcançar o grupo dos principais.

Por fim, antes de começarmos a falar das partidas desta rodada, informamos aos fãs da competição que ela fará uma pausa na semana que vem, para que sejam disputadas as principais copas nacionais. A 25ª rodada acontecerá nos dias 18/02 e 19/02.

>>LEIA TAMBÉM: 23ª rodada – CSKA tropeça mais uma vez e vê Barcelona isolando-se na liderança

Barcelona (ESP) 86 x 88 Anadolu Efes (TUR)
O jogo que abriu esta semana foi sempre muito equilibrado, com o Efes abrindo dez pontos no fim do segundo quarto, mas com o Barça se recuperando antes mesmo do fim da primeira metade. No entanto, a meio do terceiro período os turcos tiveram uma parcial de 9 a 0, que os fez descolar um bocadinho do Barcelona. A uma altura, o jogo estava 80 a 67 para os forasteiros, mas o Barcelona foi-se aproximando aos poucos e nos últimos minutos, quando estava 86 a 78 para o Efes, os catalães fizeram um parcial de 6 a 0, colocando o jogo a dois pontos de diferença, a 17 segundos do fim. Devido ao tempo escasso, o Barcelona foi obrigado a fazer falta e o armador Vasilije Micić, que teve de ir com nervos de ferro para a linha de lance livre, converteu ambos os lançamentos, colocando o jogo de novo a quatro pontos. O Barcelona acabaria por ficar sem tempo e o resultado final estabeleceu-se em 88 a 86, com vitória dos turcos. Para os derrotados, Nikola Mirotić voltou a brilhar, ao marcar 24 pontos (três em quatro de três pontos), cinco ressaltos (três ofensivos), que resultaram num PIR (Performance Index Rating) de 25. O homem do jogo foi o homem com nervos de ferro, Micić, com os seus 26 pontos (sete em nove de dois pontos), três ressaltos, cinco assistências, dois roubos de bola e um PIR de 30. A vitória recoloca o Efes na zona de classificação, passando do nono para o oitavo lugar (12 vitórias e dez derrotas). O resultado poderia ter tirado a liderança isolada do Barcelona (17 vitórias e sete derrotas), pois caso o CSKA vencesse, os dois times ficariam com campanhas idênticas, apesar dos “Culé” levarem vantagem nos critérios desempate. Mas eles receberam uma baita ajuda de um de seus compatriotas na competição, também na quinta-feira.

Valencia (ESP) 105 x 103 CSKA Moscou (RUS)
Ambos os jogos de quinta-feira foram eletrizantes e para quem depois do primeiro jogo achava que as coisas não podiam melhorar… Enganou-se e enganou-se bem. O jogo entre Valencia e CSKA não ficou resolvido no tempo regulamentar e nem no primeiro prolongamento. Teve-se de ir a um segundo prolongamento para as coisas ficarem decididas e não foi por muito que não tínhamos direito a uma terceira dose. Este foi um jogo renhido desde a bola ao ar inicial até ao fim dos 50 minutos. O fim do quarto período ficou marcado pelo desarme de lançamento (“toco”, no português brasileiro) de Sam Van Rossom, do Valencia, à tentativa de game-winner de três pontos de Mike James, do CSKA. O fim do primeiro prolongamento ficou marcado ainda mais estranho: a 6.4 segundos do fim deste período, o resultado estava 95 a 94 para o CSKA, quando Martin Hermannsson sofre uma falta que lhe dá direito a dois lances livres. Ele vinha numa série de 27 lances livres consecutivos a marcar, no entanto, falhou um deles, levando então à extensão do jogo. O verdadeiro fim do jogo ficou marcado por duas tentativas falhadas de três pontos por parte de James, que tentava dar a vitória à sua equipa. Nikola Kalinić brilhou com os seus 22 pontos (sete em dez de dois pontos e cinco em seis de lance livre), cinco ressaltos e três assistências, para um PIR de 23. Para o CSKA, James foi o melhor jogador, que mesmo vindo do banco e mesmo depois da grande confusão extra-quadra na qual ele se envolveu na semana passada, jogou mais de 40 minutos, que resultaram em 37 pontos, três ressaltos, sete assistências e quatro roubos de bola, para um PIR de 31. A vitória alça o Valencia apenas uma posição, agora em décimo lugar (12 vitórias e 12 derrotas). Já o CSKA perde a chance de igualar a campanha do Barcelona, mas permanece em segundo (16 vitórias e oito derrotas).

Fenerbahçe (TUR) 92 x 84 Zenit São Petersburgo (RUS)
Em Istambul, o time mais quente da Euroliga, o Fenerbahçe, trazia sua série de oito vitórias seguidas para o duelo contra um dos melhores times da competição, o sexto colocado Zenit. Porque o equilíbrio é a palavra-chave desta semana, este foi mais um jogo equilibrado do início ao fim e, antes do último quarto, nenhuma das equipas conseguiu abrir uma vantagem maior do que oito pontos. Para quem estava a ver o jogo, algo que foi notório no início foi a mão quente que ambas as equipas tinham, combinando para um início de oito em nove da linha de três pontos. Eventualmente, as coisas iriam esfriar-se, mas o Fenerbahçe ainda arranjou maneira de acabar o jogo acima dos 50% de eficácia de triplo (dez em 18). Após uma primeira metade completamente aberta, o Fenerbahçe conseguiu ser um pouco melhor no terceiro quarto, quando chegou a abrir oito pontos de frente, sua maior vantagem até ali. Mas os russos não se entregaram e começaram, no terceiro período mesmo, uma excelente reação. Entre a parte final do terceiro e a metade do último quarto, o time visitante teve uma parcial de 18 a 5, que lhes daria uma vantagem de 74 a 69. Mas os turcos deram mais uma demonstração de força e, com uma parcial de 17 a 1 em menos de quatro minutos, eles não só retomaram a liderança, como abriram 11 pontos de vantagem e precisaram apenas administrar a vantagem nos três minutos finais. Provavelmente a eficácia de três pontos foi a chave da vitória para os turcos, no entanto, temos de felicitar dois dos jogadores do Zenit por passarem certas marcas importante na competição. KC Rivers passou os 300 triplos concretizados e Will Thomas, após uma ótima atuação, com 21 pontos (nove em 18 de lançamentos de campo), seis ressaltos (quatro ofensivos), três assistências e um PIR de 26, alcançou e ultrapassou os 1.000 pontos na Euroliga. Pelos donos da casa, Nando de Colo foi o grande destaque, com 24 pontos e sete assistências (28 de PIR), enquanto Marko Gudurić teve 19 pontos e seis rebotes e Jan Veselý marcou 16 pontos. O gigante turco (14 vitórias e dez derrotas), com o nono triunfo consecutivo, salta do oitavo e toma o sexto lugar do próprio Zenit, que agora é o sétimo (13 vitórias e nove derrotas), ainda com dois jogos a menos.

Bayern de Munique (ALE) 101 x 95 ALBA Berlim (ALE)
O duelo entre as únicas equipas germânicas da competição começou cedo com uma vantagem confortável para o ALBA, que se manteve o jogo quase todo. Mas a meio do último período a qualidade do Bayern veio ao de cima e os bávaros acabaram por empatar o jogo com um triplo de Wade Baldwin. A 9.4 segundos do fim, Luke Sikma, da equipa de Berlim acabou por falhar o lançamento para ganhar o jogo. No prolongamento, a qualidade do Bayern persistiu e levou a uma vitória em mais um jogo renhido. Algo que salta às vistas são os 24 pontos que o Bayern conseguiu dos 19 tunrovers que provocou ao ALBA, contra os 14 pontos conseguidos pela equipa da capital em apenas dez oportunidades. Na eficácia de três pontos, também encontramos algumas discrepâncias, onde tivemos o Bayern com uma eficácia de 44% (11 em 25) e o ALBA com apenas 35.1% (13 em 37), sendo estes pequenos pormenores que acabam por depois, no fim, fazer a diferença. Maodo Lô, do ALBA, apesar de não ter estado numa das suas noites mais quentes, acabou por conseguir alcançar os seus 1.000 pontos na Euroliga, com os 16 que marcou nesta partida. No entanto, quem esteve ainda mais quente no ALBA foi mais uma vez Simmone Fontecchio, que marcou 21 pontos (quatro em quatro de dois pontos e quatro em sete de três pontos), e ainda teve cinco ressaltos, três assistências e um PIR de 26. Pelo Bayern, Jalen Reynolds foi o homem do jogo, com os seus 24 pontos (dez em 15 de pontos), quatro ressaltos e quatro roubos de bola, que resultaram num PIR de 30. O Bayern consegue a “varrida” para cima do ALBA na Euroliga, vencendo os dois jogos da temporada, e dando o troco da derrota sofrida para o time da capital no campeonato alemão, no início deste mês. Os bávaros, que venceram a terceira seguida, não saem do quinto lugar, mas os resultados deixam o time com uma campanha idêntica ao quarto colocado Real Madrid (15 vitórias e nove derrotas). O ALBA sofre a terceira derrota seguida e também não muda de posição, estando ainda em 16º (oito vitórias e 16 derrotas).

ASVEL (FRA) 78 x 69 Olimpia Milão (ITA)
Mais um jogo em que a palavra de ordem em quase todo o encontro foi “equilíbrio”. As margens de vantagens foram quase sempre mínimas, até quando o ASVEL, a meio do último período teve uma parcial de 14 a 2, em que passou de estar a perder por três, para estar a ganhar por nove. Esta parcial terminou a apenas dois minutos do fim, então, quando “terminou”, os franceses tinham já a vitória bem encaminhada. Esta vitória do ASVEL marca a primeira vez neste século que o clube consegue uma sequência de quatro vitórias consecutivas numa época na Euroliga, um ótimo momento que a equipa de Lyon está a passar. No entanto, eles seguem ocupando apenas o 14º lugar na classificação da competição (dez vitórias e 14 derrotas). Às vezes o porquê de uma vitória renhida não é muito bem transmitido estatisticamente, mas, neste jogo, é bem esclarecedor esse motivo: o ASVEL nesta partida, com menos 11 tentativas de dois pontos do que a Olimpia, concretizou mais nove lançamentos. Foi uma diferença de 71,1% (27 em 38) do ASVEL contra 37,5% dos italianos (18 em 49). Esta eficácia de dois pontos dos franceses foi a sua terceira melhor de sempre da competição, algo bem marcante sem dúvida. Esta eficácia quase recorde teve uma boa ajuda de David Lighty: o americano registou 16 pontos (cinco em sete de dois pontos e dois em três de três pontos), três ressaltos, três assistências e um PIR de 21. Para a Olimpia, o destaque vai para Shavon Shields com os seus 18 pontos (seis em oito de dois pontos) e seis ressaltos. A equipe italiana (15 vitórias e oito derrotas), que perdeu o armador Sergio Rodríguez às vésperas da partida por uma lesão, não perde o terceiro lugar, apesar da derrota, e ainda têm um jogo a menos.

Real Madrid (ESP) 64 x 84 Baskonia (ESP)
Este foi o único jogo de toda a jornada que não foi equilibrado. Aqui, o Baskonia conseguiu abrir uma boa vantagem desde cedo, todavia, o Real perto do intervalo conseguiu reduzir, chegando quase ao empate. O Baskonia voltou a reagir bem no começo da segunda parte e quando parecia que “Los Blancos” iam no fim voltar a pôr o jogo disputado, os bascos abriram um parcial de 6 a 0 colocando, a diferença do resultado em 15 e o Real Madrid nunca mais voltou a conseguir aproximar-se. O Baskonia conseguiu vencer ambos os jogos contra os madrilenos na Euroliga e, para além disso, conseguiu segurá-los a apenas 64 pontos, que correspondem ao segundo pior registo do Real na temporada. No entanto, não é por acaso, o pior registo do Real este ano foi na primeira volta (“primeiro turno”), precisamente no jogo contra o Baskonia, onde chegaram apenas ao 63 pontos. Estes maus registos ofensivos resultaram de uma boa defesa dos bascos, que fizeram com que os madrilenos tivessem uma eficácia de apenas 39% de lançamentos de campo (25 em 64). Por outro lado, o Baskonia esteve exemplar a lançar ao cesto, registando percentagens de eficácia formidáveis: 62,9% de dois pontos (22 em 35) e 59,1% de três pontos (13 em 22). O armador argentino Luca Vildoza, que veio do banco do Baskonia, esteve exemplar a lançar (dois em três de dois pontos e três em três de três pontos), o que resultou em 13 pontos e conseguiu ainda três ressaltos e seis assistências. Para o lado do Real Madrid, Alberto Abalde foi o único a passar os dois dígitos em termos de pontos marcados, com 12 (quatro em sete de três pontos) e teve ainda três ressaltos e duas assistências. Com a segunda vitória seguida, o Baskonia volta a se aproximar da zona de classificação, saltando duas posições e ocupando agora o 11º lugar (11 vitórias e 13 derrotas). Já o Real perde a chance de se igualar ao vice-líder CSKA, mas também não perde sua quarta posição, apesar de o Bayern ter igualado sua campanha (15 vitórias e nove derrotas).

Olympiacos (GRE) 77 x 88 Panathinaikos (GRE)
Apesar de os dois clubes viverem fases ruins na competição, um dos jogos que, naturalmente, chamou mais atenção nesta rodada foi o “Dérbi dos Eternos Inimigos“. Tentando evitar a quinta derrota seguida, o Olympiacos buscava não só iniciar uma reação na competição (única que a equipe disputa), mas também “varrer” o arquirrival, o qual derrotou em Atenas no primeiro turno e que tem uma das piores campanhas da competição. Porém, a noite foi completamente “verde”. Apesar de não conseguir construir uma vantagem que lhe desse tranqüilidade, o Panathinaikos (que jogou desfalcado de seu principal jogador, Nemanja Nedović) esteve à frente no marcador praticamente durante todo o jogo. Os visitantes levaram uma pequena vantagem de 38 a 35 para o intervalo de jogo, após uma grande reação do Olympiacos no fim do primeiro tempo. Porém, jogando com muita intensidade física, os “Verdes” conseguiram se impor no segundo tempo, chegando a abrir sua maior vantagem, 13 pontos, no terceiro quarto. Sem querer se entregar, o Olympiacos reagiu ainda no fim do terceiro período e com uma parcial de 5 a 0 no início do último quarto, encostou, cortando seu déficit para apenas dois pontos (61 a 59). Mas o Panathinaikos voltou a atacar com intensidade, que se fez notória com a grande diferença de rebotes (39 contra 26), principalmente ofensivos (16 contra 9), o que contribuiu para que o time concretizasse a sua segunda vitória seguida, algo que não acontecia desde o início de janeiro. O cubano Howard Sant-Roos foi o destaque dos visitantes, com 20 pontos, mas teve outros quatro companheiros que pontuaram em duplos-dígitos. Shaquielle McKissic foi a estrela solitária do Olympiacos, com 20 pontos. A vitória no clássico traz empolgação e nutre as poucas esperanças do Panathinaikos de tentar chegar na zona de classificação, mas, por enquanto, ela não muda nada a situação do clube, que ainda tem a quarta pior campanha da competição (nove vitórias e 14 derrotas). Porém, para o Olympiacos, a derrota (quinta seguida) foi pesada, fazendo o clube cair duas posições, agora em 12º (11 vitórias e 13 derrotas).

Confira como ficou a classificação geral da Euroliga após a 24ª rodada:

By Tabela de Ferro

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