Esta 2ª semana de EuroLiga começou de forma invulgar. Para começar, tivemos apenas três jogos na quinta-feira (8/10), pois o jogo entre Zenit São Petersburgo (RUS) e Barcelona (ESP) fora adiado para sexta-feira, para terminar o período de quarentena do time espanhol. A partida entre Khimki (RUS) e Zalgiris Kaunas (LIT), que seria na sexta-feira (9/10), também foi adiado, após atletas dos dois times testarem positivo para a COVID-19.
O Coronavírus já causou imprevistos de grande dimensão na edição do ano passado e já começa a provocar pequenos imprevistos este ano, mas espero sinceramente que ele não comece nenhum surto em alguma equipa. Senão, será uma situação bem desconfortável para quem quer que esteja envolvido. Para além destas perturbações no calendário, foi uma jornada com vários dérbis: dois na quinta, entre as equipas turcas Anadolu Efes (TUR) e Fenerbahçe (TUR) e os espanhóis o Real Madrid (ESP) e Valencia (ESP); e mais dois na sexta, um duelo entre alemães ALBA Berlim e Bayern de Munique (ALE) e o eterno duelo de rivais gregos Panathinaikos (GRE) e Olympiacos (GRE).
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O jogo da rodada
O jogo mais antecipado para esta semana era aquele que se desenrolou em Atenas, num embate entre “eternos inimigos”, e o Olympiacos levou a melhor, derrotando o Panathinaikos fora de casa. Neste duelo, o Olympiacos esteve o jogo todo em vantagem. Ao final do primeiro período, os vermelhos já tinham uma vantagem de dez pontos (22 a 12) e o ala-pivô Georgios Printezis nestes primeiros dez minutos já se encontrava com nove pontos. O Panathinaikos demorou a entrar no segundo período, pois foram mais de dois minutos até conseguirem os primeiros pontos. Entretanto o Olympiacos ia abrindo cada vez mais a vantagem, tendo já oito minutos percorridos. Os forasteiros, com a ajuda de Sasha Vezenkov (sete pontos neste período), chegaram a ter uma vantagem de 15 pontos. No entanto, o Panathinaikos acabou mesmo por vencer aquele período pela vantagem mínima e foram para o intervalo com um défice de nove pontos.
“O Trevo” de Atenas entrou bem no segundo tempo e quando se pensava que podiam virar o jogo, os jogadores do Olympiacos mantiveram o discernimento, conseguindo pôr a vantagem deles outra vez na casa dos dois dígitos até ao final do período. Mas o Panathinaikos, ali, voltou a se aproximar, tendo naquele momento a sua melhor fase do jogo, pois colocou a vantagem dos forasteiros em apenas quatro pontos. Quem estava a ver o jogo era impossível ter entrado no quarto período sem ter a adrenalina no máximo. Um duelo daqueles entrar para o derradeiro período com uma diferença tão pequena era tudo o que se pedia.
A verdade é que o Panathinaikos conseguiu manter renhido por algum tempo, mas numa situação daquelas o que não podia acontecer aconteceu. A equipa da casa teve um entrave ofensivo de cerca de dois minutos onde não conseguiram marcar pontos e o Olympiacos descolou-se e nunca mais o Panathinaikos conseguiu voltar a ter o “momento” do jogo. Assim, com a sua experiência a equipa de Pireu controlou o jogo numa vantagem segura, que culminou num resultado final de 78 a 71.
Neste duelo titânico, destacou-se por parte dos celtas o jovem poste, Georgios Papagiannis que para além dos seus quatro ressaltos ofensivos conseguiu um total de sete ressaltos e seis pontos. Já o sexto homem da formação de Atenas, Marcus Foster, conseguiu a maior marca de pontos da sua equipa com 15. Também merece destaque Ioannis Papapetrou com 14 pontos, quatro assistências, três ressaltos e dois roubos de bola. Dos vencedores destaca-se sem dúvida o melhor marcador da partida, Printezis, com 17 pontos, Vezenkov, que para além dos seus nove pontos teve oito ressaltos e dois roubos de bolas. Nas tabelas destaca-se Octavius Ellis com os seus 13 ressaltos, que para além de ter sido a maior marca neste jogo, foi a marca até agora da prova (temporada) inteira.
Jogar fora de casa dá vantagem?
A resposta é não, óbvio, mas com poucos fãs nas bancadas cada vez a vantagem de se jogar em casa é menor e no primeiro dia desta semana houve mais equipas forasteiras a vencer do que o contrário. O único que conseguiu “contrariar a tendência” foi o CSKA Moscou (RUS), que recebeu o Maccabi Tel Aviv (ISR), num jogo bem renhido, onde nenhuma equipa conseguiu abrir uma vantagem de dois dígitos. Este jogo chegou aos últimos dez minutos ainda indefinido e o CSKA tinha uma vantagem de apenas um ponto. Foi neste momento que Mike James e Will Clyburn mais se destacaram. Os dois somaram 25 dos 31 pontos do CSKA neste período e Clyburn foi ainda mais clutch, porque conseguiu 14 dos seus 20 pontos naquele espaço de tempo de dez minutos. No final ainda cravou um lançamento de três pontos a 38 segundos do fim e quatro lances livres a seguir, fechando o marcador do jogo nos 76 a 72. Clyburn ainda conseguiu outra coisa extraordinária, que foram duas rolhas (tocos) em lançamentos de triplo do Maccabi nos minutos finais. Do lado dos israelenses é importante destacar a exibição de Scottie Wilbekin com 20 pontos, cinco assistências, quatro ressaltos e 3 roubos de bolas.
No dérbi da quinta-feira, o Fenerbahçe venceu no terreno do Anadolu Efes e agora estas equipas estão com recordes completamente opostos: o Fener apenas com vitórias e o Efes só com derrotas. Quem começou melhor foi mesmo a equipa da casa, que tinha uma vantagem de nove pontos após o período inicial. No entanto o Fenerbahçe teve uns dez minutos seguintes completamente avassaladores (26 a 12), que levou a que estes tivessem uma vantagem de sete pontos ao intervalo. O segundo tempo foi mais equilibrado em termos de pontos marcados, o que levou a que então se tivesse um resultado final de 80 a 71, ganhando a equipa que vestiu amarelo e preto. Nando de Colo teve um jogo normal para ele com 20 pontos, sete ressaltos, quatro assistências e três roubos de bola, Jan Veselý conseguiu um double-double com 13 pontos e dez ressaltos. Krunoslav Simon foi o melhor jogador da equipa perdedora e melhor marcador do jogo com os seus 24 pontos (quatro em cinco nos arremessos de três pontos).
O segundo clássico do dia foi uma pequena surpresa. O Valencia foi a Madri e passou a ferro o Real Madrid. Apesar dos donos da casa terem começado a ganhar, com uma vantagem de 19 a 17 após o primeiro período, a partir daí foi um jogo de sentido único e acabou com uma confortável vitória valenciana por 93 a 77. Um jogo que apesar da larga margem foi decidido no cuidado com a bola. O Valencia conseguiu ter apenas 11 turnovers em 21 assistências que fez, enquanto o Real perdeu 15 vezes a bola e fez 17 assistências. Bojan Dubljević foi sem dúvida o fator-X na equipa valenciana. Este tirou vantagem das situações de pick & pop e acabou o jogo com 24 pontos, com seis em nove nos arremessos de três pontos, e perfeito (quatro em quatro) da linha de lance livre. As exibições de Facundo Campazzo e Walter Tavares foram em vão. O argentino chegou aos 14 pontos, já o poste cabo-verdiano teve 15 pontos e sete ressaltos.
Zenit e Olimpia seguem invictos
Se há algo que se pode tirar desta semana é que a equipa do técnico Xavi Pascual, o Zenit São Petersburgo, é um fator a ter-se em conta nos jogos em diante. Este pode ser o início de uma caminhada bem interessante para a equipa russa. Após surpreender o Efes na semana passada, foi a vez de fazer mais uma gracinha e ganhar em casa do Barcelona. Um jogo que se mostrou equilibrado do início ao fim e com constantes mudanças de líder nos últimos minutos. Foi deveras um jogo intenso e com incertezas de quem sairia vencedor. Aliás, o Barcelona foi o líder do jogo a grande parte do tempo, até que no final do jogo, quando os espanhóis venciam por 68 a 63, os russos tiveram uma parcial de 8 a 0. Com um step-back belíssimo de K.C. Rivers e dois cestos de Alex Poythress, o Zenit virou e venceu o jogo, que ficaria 74 a 70. Do lado vencedor, destacaram-se Poythress, com um double-double de 16 pontos e 11 ressaltos, e Billy Baron que vindo do banco anotou 16 pontos e cinco ressaltos. A estrela do Barcelona, Nikola Mirotić conseguiu 14 pontos, sete ressaltos e quatro assistências e mesmo tendo falhado os seus seis triplos tentados, foi o melhor jogador do emblema da Catalunha.
Num jogo realizado na Sérvia entre o Estrela Vermelha (SER) e o Baskonia (ESP), o conjunto de Belgrado conseguiu levar à melhor, vencendo a partida por 90 a 73. O Estrela Vermelha entrou muito bem, especialmente defensivamente, enquanto os bascos necessitaram de mais de três minutos para conseguirem ter o seu primeiro lançamento de campo concretizado. O Baskonia no final do primeiro tempo ainda deu um esforço em que chegou a encostar-se aos sérvios, mas estes mantiveram-se sempre na frente e na segunda parte descolaram-se e mantiveram sempre uma margem confortável até ao final do jogo. Este resultado é muito explicado na diferença da eficácia de três pontos. O Estrela Vermelha conseguiu mais lançamentos de três concretizados com menos oito tentativas (o Baskonia teve 36% de aproveitamento e o Estrela Vermelha 52%). Apesar do veterano Marko Simonović ter brilhado com os seus 16 pontos (quatro em cinco nos arremessos de três pontos), quatro ressaltos e um game-high de cinco faltas sofridas, o melhor jogador em quadra foi o americano Jordan Loyd que de acordo com o PIR (Performance Index Rating) foi o melhor jogador desta jornada inteira com 34. Para ter esta pontuação, ele teve uns exemplares 30 pontos (nove em nove na linha de lance livre), seis ressaltos e cinco faltas sofridas. É de realçar também as 11 assistências de Langston Hall. Dos bascos, os melhores jogadores foram Rokas Giedraitis com os seus 26 pontos (seis triplos) e Pierriá Henry, que apesar de ter apenas anotado seis pontos, teve dez assistências.
Um dos clássicos que se realizaram na rodada foi jogado em Munique, entre ALBA Berlim e Bayern de Munique, e teve a vitória dos bárbaros por 90 a 72. Para terem noção de onde o jogo ficou resolvido, excluindo o segundo período o ALBA teria ganho o jogo por 63 a 59. Naqueles segundo período de jogo, o Bayern foi completamente dominador, maltratou os “Albatrozes de Berlim” por 31 a 9. Mas o domínio da equipa de Munique não foi só aí, por mérito deles e demérito adversário. Eles conseguiram uma incrível marca de 68% de lançamentos de dois pontos concretizados e 47% de três pontos. Para além disso, dominaram completamente as tabelas, ganhando neste quesito por 31 a 19. Por agora o Bayern mantém-se invicto contra o ALBA na EuroLiga. Desta vez os seus principais contribuintes foram Vladimir Lučić, com 14 pontos (três em quatro de três pontos) e seis ressaltos, e Wade Baldwin que teve 14 pontos e nove faltas sofridas. Do outro lado merecem destaque Marcus Eriksson, com 15 pontos, e Jayson Granger, que aos seus dez pontos somou seis assistências.
A Olimpia Milano (ITA) foi uma das equipas que mais evoluiu em relação ao ano passado. Depois de alguns anos nos lugares de baixo nesta competição, o time italiano conseguiu ter um arranque de temporada perfeito. Para estar agora com a campanha de 2-0, a Olimpia venceu o ASVEL (FRA), que pelo sentido contrário está 0-2. Esta equipa milanesa tem de facto ótimas peças, entre elas Sergio Rodríguez, Malcolm Delaney, Shavon Shields e Luigi Datome. No entanto o ASVEL conseguiu sempre manter o jogo relativamente renhido. Aliás até tiveram por cima grande parte do primeiro período. O jogo quando chegou aos últimos dez minutos tinha um resultado bem interessante de 61 a 54 para os italianos. O jogo estava em aberto, mas a Olimpia entrou nesse período a matar e começou com um parcial de 10 a 0, dos quais metade foi marcada por Datome. A partir daí, o jogo nunca mais foi o mesmo. Para verem como a Olimpia mudou, a equipa italiana já não vencia os quatro períodos de uma partida desde 10 de novembro de 2016 (frente ao Anadolu Efes). Os franceses, que bem tentaram, foram comandados por Amine Noua, com 12 pontos, e Moustapha Fall, com dez pontos e oito ressaltos. A Olimpia teve boas prestações de bastantes jogadores, mas merecem destaque Shields, com 17 pontos e sete ressaltos, e Delaney com os seus nove pontos e oito assistências.
Khimki e Zalgiris fazem o “jogo da COVID”
No início da semana, mais precisamente no domingo (4/10), saiu a notícia de que três jogadores do Khimki (Janis Timma, Jordan Mickey e Evgeny Voronov) haviam testado positivo para o Coronavírus. Na sexta-feira pela manhã, dia do duelo contra o Zalgiris Kaunas em casa, Greg Monroe (a principal contratação para a temporada) e Maksim Barashkov também testaram positivo. Tudo isso um dia após o pivô francês Joffrey Lauvergne, do Zalgiris, testar positivo na Lituânia. A Euroliga decidiu, acertadamente, adiar a partida. Mas, erroneamente, passou ela simplesmente para o dia seguinte e o jogo aconteceu na tarde deste sábado, na Rússia. Além dos cinco atletas impossibilitados de jogar por causa da COVID-19, o Khimki também acumulou desfalques por lesão de seu melhor jogador, Alexey Shved, e do armador titular, Stefan Jović. Assim, os russos foram para esta partida com apenas oito atletas, sendo somente dois deles tradicionais titulares.
Sem maiores problemas, mesmo sem seu pivô titular, o Zalgiris controlou a partida do início ao fim e ficou com a vitória por 84 a 70, liderados pelos 21 pontos do ala Marius Grigonis. Três outros atletas do gigante lituano também pontuaram em duplos-dígitos. Pelo Khimki, o esforço quase que sozinho do ala-pivô Jonas Jerebko não foi o suficiente. O sueco foi o cestinha do jogo, com 23 pontos, além de pegar 12 rebotes, para incríveis 30 de PIR. O surpreendente Zalgiris parece estar se adaptando bem ao técnico Martin Schiller e é um dos cinco clubes ainda invictos. Esta é a primeira vez desde a temporada 2021-13 que o clube inicia a EuroLiga com duas vitórias seguidas.
Confira como ficou a classificação geral da Euroliga após a 2ª rodada: