Pela segunda semana seguida a Euroliga teve uma rodada incompleta. Dois jogos não puderam ser realizados pois o ALBA Berlim (ALE) e o Panathinaikos (GRE) estão em quarentena e ficaram impossibilitados de viajar para enfrentar, respectivamente, Olimpia Milano (ITA) e Zenit São Petersburgo (RUS). Ambas as partidas terão suas novas datas anunciadas posteriormente. Enquanto isso, confira o que de principal aconteceu nas sete partidas que puderam ser realizadas normalmente.

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O jogo da rodada

(euroleague.net)

O jogo mais esperado desta semana foi jogado na Grécia, local onde o Olympiacos (GRE) recebeu os turcos do Anadolu Efes (TUR). À partida para este jogo, estas equipas encontravam-se em posições quase opostas da tabela. O Olympiacos estava no sexto lugar com três vitórias e duas derrotas, enquanto o Efes, fruto do seu recorde de uma vitória e três derrotas, estava no 14º lugar. Na manhã desta sexta-feira (horário brasileiro) um terremoto atingiu o mar que fica entre a Grécia e a Turquia, deixando mortos e centenas de feridos, fazendo com que os dois times respeitassem um momento de silêncio antes do início da partida.

Este jogo começou bem ofensivamente e com muitas trocas na liderança do jogo. Aos 5:48 minutos, fez-se história na Euroliga e Bryant Dunston passou a ser o recordista de mais desarmes de lançamento (tocos) na história moderna da competição, com 250. Ele ainda faria mais um até ao fim do jogo e está então atualmente a marca nos 251 desarmes. A meio do primeiro período o Efes foi se distanciando aos poucos e poucos. Um momento de viragem foi quando Chris Singleton roubou a bola aos gregos e no ataque seguinte cravou uma bola de três pontos, colocando a equipa de Istambul na frente por 17 a 12. A partir daí o Olympiacos nunca se conseguiu aproximar muito até ao final do período. O marcador mostrava 29 a 26 a favor da equipa turca após os dez minutos iniciais, fruto dos ataques inspirados de ambas as equipas. O melhor marcador a esta altura era Vasilije Micić, base sérvio do Efes, com sete pontos.

O segundo período começou e o Olympiacos veio a dormir e o Anadolu Efes, por outro lado, entrou muito bem. Por causa disso, tiveram uma parcial a seu favor de 12 a 2 a abrir o período e, nos primeiros quatro minutos, os gregos tinham apenas três pontos. Só que surpreendentemente, de seguida foi a altura do Efes empancar no ataque, pois os turcos tiveram quase seis minutos inteiros sem marcar um único ponto. Assim, a equipa de Pireu foi aproximando-se do marcador e no final do primeiro tempo registrava-se um resultado de 44 a 38 a favor dos turcos.

No segundo tempo, o Olympiacos aproveitou o momento com que vinha antes do intervalo e entrou com uma defesa forte, que impossibilitou o Anadolu Efes de marcar nos primeiros três minutos do período e conseguiu virar por momentos o jogo. A equipa de Istambul não demorou a responder e, com um triplo, empatou o jogo. Aqui entramos numa altura do jogo que ninguém conseguia marcar e nos quatro minutos seguintes apenas assistimos a nove pontos marcados por ambas as equipas somadas. Eventualmente chegamos a um instante em que o ataque do Efes deu um clique e começou a carburar de novo. Distanciando-se mais uma vez no marcador, conseguiram colocar a vantagem nos nove pontos (61 a 52). O Olympiacos não conseguiu fazer muito e chegávamos ao final de mais um período com a equipa da Turquia na frente por 63 a 57.

No início do último período, vimos finalmente o Larkin de volta com oito pontos seguidos: dois triplos e dois lances livros. Estes cestos levaram a uma ampliação da vantagem do Efes para 75 a 63. No entanto, foi de seguida, a dois minutos do fim, a vez do Olympiacos ter um bom parcial, desta vez de 7 a 0, aproximando-se assim dos turcos. A diferença foi cortada para apenas 75 a 70. No decorrer do jogo, um pouco mais tarde, Vassilis Spanoulis cravou um triplo e o jogo passou para 78 a 75 para o Efes. Larkin fez de tudo para não perder o jogo de regresso, foi clutch a 48 segundos do fim e depois Micić voltou a marcar uns lances livres com 13 segundos restantes no relógio. O jogo terminava pouco depois com vitória do Anadolu Efes, 84 a 79.

As atuações que merecem ser destacadas deste encontro não são muitas, mas o melhor jogador hoje foi sem dúvida Micić, que registrou 20 pontos, sete assistências e teve 15 de PIR (Performance Index Rating). Shane Larkin não esteve lá muito inspirado apesar de ter marcado 15 pontos, pois teve 4 de 13 em lançamentos de campo. No lado do Olympiacos, o que esteve melhor foi Hassan Martin que teve 11 pontos (4 de 5 de dois pontos), seis ressaltos, dois roubos de bola e 19 de PIR. Para além do recorde de Bryant Dunston, tivemos outro momento histórico, desta vez protagonizado por Tibor Pleiss, do Efes, que foi o 18º jogador da história da Euroliga a chegar aos 1.000 ressaltos na prova.

De volta às vitórias

No regresso aos jogos o ASVEL (FRA) recebeu os lituanos dos Zalgiris Kaunas (LIT), no jogo inaugural desta sexta jornada. Os franceses, que já não jogavam desde dia 11 deste mês por causa de um surto de COVID-19, abriram o jogo muito bem e não se notava falta de ritmo. No final do primeiro tempo, o ASVEL liderava por dez pontos (23 a 13). O período seguinte foi mais equilibrado, mas os franceses continuavam quentes ofensivamente e iam com 50 pontos marcados nos primeiros vinte minutos.

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A segunda parte chegou e o jogo mudou completamente de rumo. O ataque do ASVEL parecia limitado e sem imaginação, frutos de um provável cansaço por falta de competição e da boa defesa lituana. Nesta situação a equipa de Lyon apenas conseguiu marcar 24 pontos no restante do jogo e com isso abriu a porta para o Zalgiris ganhar o jogo. Esta vitória do Kaunas veio com muita ajuda do ala lituano Marius Grigonis, que teve o seu melhor jogo de sempre na Euroliga, onde atingiu máximos pessoais de pontos (25) e PIR (27). Para além disso, os verdes e brancos estiveram perfeitos da linha de lance livre (18 de 18), o que foi muito facilitador neste jogo. Do lado do ASVEL, merecem destaque Moustapha Fall, que teve um PIR de 27, fruto dos sete pontos, oito ressaltos (sete ofensivos) e 11 faltas sofridas (que é por alguma margem um recorde nesta edição da Euroliga).

O CSKA Moscou (RUS), que saiu derrotado nos seus últimos dois jogos aqui nesta competição, jogou na quinta-feira (29) em Moscovo contra o Valencia (ESP). Este jogo teve uns primeiros minutos em que nenhuma equipa conseguia se livrar da outra e as vantagens eram quase sempre mínimas. No entanto, depois do jogo estar 17 a 16 para o CSKA no final do primeiro período, as coisas mudaram e passaram a haver vários parciais de ambas as equipas. A primeira a conseguir tal coisa foi o CSKA, que teve um parcial de 15 a 0, onde passou a ter uma vantagem de dez pontos. Depois foi o Valencia que retomou a vantagem no jogo com uma “run” de 11 a 0. E para finalizar o segundo período a equipa de Moscovo conseguiu mais uma série de 11 a 3, que colmatou num resultado de 44 a 35 para os russos ao intervalo.

Na sua segunda parte o jogo foi mais calmo neste aspeto, havendo apenas um grande parcial de 12 a 2 por parte do Valencia, com quatro triplos consecutivos, onde passaram para a frente por um ponto. O jogo ficou 84 a 75 para os moscovitas, que trataram muito bem da bola (no jogo todo, cometeram apenas seis turnovers). Mike James esteve muito bem, com 17 pontos (5 de 5 de dois pontos) e cinco assistências. Do outro lado, o melhor marcador foi Nikola Kalinić, que veio do banco e foi também perfeito de dois pontos (5 de 5), conseguindo 15 pontos.

O Fenerbahçe (TUR) é mais uma equipa que vinha de uma série negativa, com três derrotas seguidas, mas conseguiu virar a sorte nesta semana após ir a Israel bater o Maccabi Tel Aviv (ISR). Um jogo em que voltamos a ver Ali Muhammed, armador do time turco, num nível que já não víamos faz um tempo. Foi o seu jogo com mais pontos desde os playoffs de 2019. Ele apareceu em momentos cruciais, ajudou a que o Maccabi não construísse grandes vantagens e depois marcou um cesto que fez distanciar o Fenerbahçe, que a partir desse momento os israelenses nunca mais estiveram no comando. Uma coisa estranha que aconteceu neste jogo foi que a equipa de Tel Aviv conseguiu a sua segunda maior marca de sempre em relação a ressaltos ofensivos (21) e mesmo assim perdeu. Num jogo que os turcos do Fenerbahçe conseguiram uma vitória por 75 a 65, é preciso ainda destacar a prestação de Scottie Wilbekin, que em 28 minutos conseguiu 23 pontos (7 de 7 de lance livre) e Ante Žižić, que teve um double-double, com 11 pontos e dez ressaltos.

Na quinta-feira o Real Madrid (ESP) recebeu em casa o Bayern de Munique (ALE), com Los Blancos ainda sem vitórias. Por outro lado, o Bayern encontrava-se na liderança da competição, com quatro vitórias em cinco jogos. No entanto, neste jogo as sortes inverteram-se e o Real dominou o Bayern, que acabou num resultado final de 100 a 82. Esta partida foi completamente dominada pelos madrilenos. A vantagem já estava em dez pontos no final dos primeiros dez minutos e apesar de as coisas terem sido aproximadas ao intervalo (49 a 45), o Real Madrid controlou muito bem o jogo.

Na segunda parte, os “Galáticos” ganharam por um total de 51 a 37. Este jogo ficou marcado pela expulsão precoce do treinador dos alemães, Andrea Trinchieri. Para além disso é importante destacar que o Bayern esteve muito bem na tabela ofensiva, onde conseguiu um total de 16 ressaltos nesse lado no campo. Só que o Real conseguiu tirar melhor vantagem do seu jogo coletivo, que esteve muito acima da média. A equipa de Madrid, que costuma ter uma média de 15,4 assistências por jogo, teve um total de 23 no confronto.

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Os jogadores mais importantes neste embate foram do lado espanhol: Jaycee Carroll, com os seus 19 pontos (4 de 4 de dois pontos e 5 de 5 de lance livre) e um PIR de 20; Trey Thompkins, o homem grande que veio do banco e contribuiu com 16 pontos e sete ressaltos. Já do lado alemão, merecem destaque Jalen Reynolds, que teve 15 pontos, sete ressaltos e 17 de PIR, e Wade Baldwin IV, com os seus 18 pontos. Por final, quero congratular Sergio Llull, armador do Real, que marcou 14 pontos neste jogo e passou assim Felipe Reyes como o sexto melhor marcador de sempre da história da Euroliga moderna, com 3.028 pontos.

Emoção a fechar a semana

Outra equipa que se estreou a vencer na Euroliga foi o Khimki (RUS), que nesta sexta-feira (30) conseguiu a sua primeira vitória, diante do Estrela Vermelha (SER), na Rússia. Este jogo, apesar de ter começado com uma boa vantagem do Khimki (8 a 1), foi bastante equilibrado na primeira parte. Após estes primeiros 20 minutos, Alexey Shved, armador do time da casa, já tinha quase um duplo-duplo (11 pontos e nove assistências). Na segunda parte, as defesas apareceram fortes. O Khimki demorou 7:30 minutos a conseguir marcar o seu primeiro lançamento de campo e o Estrela Vermelha, no quarto período, tinha apenas três pontos nos quatro primeiros minutos.

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Quem também esteve forte na segunda parte foi o recém-chegado ao Khimki Errick McCollum, que marcou 22 dos dos seus 23 pontos (70% de aproveitamento dos arremessos) nos 20 minutos finais, o que contribuiu para os seus 25 de PIR. Shved acabou por conseguir chegar ao double-double, com 15 pontos (8 de 8 de lance livre), 12 assistências e 24 de PIR. Já Jordan Mickey esteve muito bem a proteger a sua tabela com cinco desarmes de lançamento. Ele foi outro a ter um duplo-duplo, este com 11 pontos e 11 ressaltos. Do outro lado, no Estrela Vermelha, o melhor jogador foi mais uma vez Jordan Loyd, com 18 pontos (9 de 9 de lance livre), sete ressaltos e 21 de PIR. Também merece ser reconhecido Johnny O’Bryant, que assinou há pouco tempo com a equipa sérvia, e fez a sua estreia neste jogo, onde conseguiu 14 pontos.

O jogo que fechou esta semana foi o duelo de espanhóis entre Baskonia (ESP) e Barcelona (ESP), que teve emoção até ao último segundo do jogo. Durante o encontro inteiro nenhuma equipa conseguiu, em momento algum, uma vantagem acima de 11 pontos. Para além disso, nenhuma equipa ganhou um período por mais de um ponto. Acho que dá para se ter uma noção do equilíbrio que tivemos neste embate. Quando faltavam três minutos para acabar o jogo, o Baskonia liderava o Barcelona 71 a 61 e aí o inesperado aconteceu.

O Barcelona teve um parcial de 12 a 0 para a acabar o jogo. Sim, o Baskonia deixou que esta série de pontos acontecesse. Contribuíram com pontos nesta virada dos culé Nikola Mirotić, Kyle Kuric, Brandon Davis e Álex Abrines. No entanto, o jogo ainda não tinha chegado ao fim e Alec Peters teve direito à bola do jogo e acabou por… ser desarmado por Mirotić, o homem do jogo. O espanhol acabou o jogo com 18 pontos (8 de 11 de lançamentos de campo), sete ressaltos e um extraordinário PIR de 27. Do lado do Baskonia, Pierriá Henry fez mais um bom jogo e bem completo, com oito pontos, oito ressaltos e sete assistências. Achile Polonara merece destaque e talvez merecia que o resultado fosse outro. O italiano teve um PIR de 20, devido aos seus 14 pontos (4 de 5 de dois pontos) e seis ressaltos.

Ao fim da rodada, o Zalgiris volta à liderança, com a campanha de cinco vitórias e uma derrota. Eles dividem a ponta com o Barcelona, que tem a mesma campanha, mas perde no saldo de pontos. Fenerbahçe e CSKA, com suas vitórias, voltam para a zona de classificação. Efes e Real Madrid saltaram duas e uma posição respectivamente, mas ainda se encontram longe da zona de classificação. O Khimki deixa a lanterna com sua vitória, deixando o ASVEL na última posição, ainda sem vencer.

Confira como ficou a classificação geral da Euroliga após a 6ª rodada:

By Tabela de Ferro

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