Olá, leitores do Euroleague Brasil! Sou Arthur Rastelli, o novo colunista do blog. Jornalista de profissão e basqueteiro por opção, minha relação com o basquete vem de longe, lá por volta de 1994, quando iniciei a praticar a modalidade e nunca mais parei. Atualmente, além do meu trabalho na área de comunicação, também sou analista de desempenho e estatístico de um time de basquete na Itália. Irei trazer curiosidades, notícias e outras informações do basquete europeu. Nos vemos De Quadra em Quadra!
Nesta temporada, a Olimpia Milão chegou pela segunda vez na sua história a uma série de playoffs na Euroliga moderna (da temporada 2000-01 em diante) e tem tudo para ter a melhor classificação de sua história se chegar ao Final Four. Neste momento, ela está ganhando por 2 a 0 a série contra o Bayern Munique. A última vez que o time disputou o mata-mata foi na temporada 2013-14, há sete anos.
Levando em consideração a temporada passada, onde a equipe lombarda ficou na 12ª colocação na Euroliga, no momento em que a temporada foi cancelada, tivemos uma salto na classificação (quarta nesta edição) que pode ser atribuído de forma precipitada à COVID-19 e a diversos desfalques e remarcações de jogos. Mas vamos com calma.
Na temporada passada a Olimpia repatriou o treinador Ettore Messina, que era o principal auxiliar de Greg Popovich, considerado um dos melhores treinadores da modalidade, no San Antonio Spurs. Messina não trouxe na bagagem apenas a experiência e aprendizado que teve na NBA, mas uma forma bem mais ampla de pensar o basquete, dentro e fora das quadras.
Quem é Ettore Messina?
Para aqueles que, porventura, não saibam quem é Ettore Messina, aqui vai um breve currículo dele. Nascido em Catânia, na Sicília, ele jogou em clubes de categoria de base, mas com apenas 16 anos de idade já se decidiu por ser treinador, também em equipes de base. Ele foi se destacando, até que em 1983 foi contratado pela Virtus Bolonha, onde foi, ao mesmo tempo, responsável pelas categorias de base e assistente técnico do time profissional. Foram anos aprendendo a função, até que na temporada 1989-90 ele recebeu a oportunidade de treinar o time principal.
Logo em sua primeira temporada, ele já conduziu a Virtus ao título da Copa da Itália e ao da Copa Saporta, competição da FIBA que era considerada a segunda mais importante do continente, atrás apenas da Euroliga (equivalente à EuroCup dos dias de hoje). Este foi, inclusive, o primeiro título europeu da história da Virtus. Na temporada 1992-93, ele conduziu o clube ao seu primeiro scudetto (título italiano) em quase dez anos. Ele deixou o clube naquele momento, para assumir o cargo de treinador da seleção italiana principal, onde ficou pelos quatro anos seguintes.
Em 1997, ele deixou a Nazionale e voltou para a Virtus, onde logo de cara conduziu o time a mais um scudetto e ao primeiro título de Euroliga de sua história. Não demorou muito e sua Virtus conseguiria um feito ainda maior, quando na temporada 2000-01 venceu a Tríplice Coroa – scudetto, Copa da Itália e Euroliga, naquele time histórico que tinha Manu Ginóbili como um dos grandes destaques. Ele ainda teve uma passagem muito vitoriosa pelo CSKA Moscou (RUS), na qual ainda ganhou mais dois títulos da Euroliga (2005-06 e 2007-08), antes de partir para o Real Madrid e depois para a NBA. Seus quatro títulos da Euroliga o deixam empatado com outros três treinadores como o segundo maior vencedor da história da competição.
Messina e a Olimpia hoje
O projeto do empresário e proprietário do clube, Giorgio Armani, para a Olimpia é ambicioso e o mesmo vale para o treinador. Recentemente, Messina deu uma entrevista ao jornal La Repubblica, um dos principais tabloides italianos, onde revela os planos da sociedade.
“O verdadeiro objetivo é se tornar um time que está todos os anos nos playoffs. Não me interessa a classificação ao Final Four este ano, se os anos seguintes vão ser medianos. Temos que fazer parte daquele grupo que joga regularmente os playoffs. É difícil, mas o verdadeiro objetivo é esse”, explicou o treinador da Olimpia.
Porém, o importante é entender como Messina pensa em alcançar o objetivo. Ele trouxe para a equipe de Milão um conceito de “basquete a 360 graus” e está inovando no cenário italiano. Como? Investindo no staff técnico.
Falando na comissão técnica, Giustino Danesi, preparador físico da Olimpia também falou ao La Reppublica sobre as inovações de Messina. “Faço parte de um ‘Performance Team‘ pedido por Ettore Messina. Somos quatro preparadores, quatro fisioterapeutas, guiados por um coordenador, Roberto Oggioni, que otimiza as relações entre o staff técnico e o departamento médico”, explicou. “Para mim, esse é o segredo da Olimpia Milão e uma novidade absoluta introduzida por Messina no basquete italiano”, completou Danesi.
Segredo ou não, as mudanças são importantes e estão trazendo resultados para a equipe italiana, que dentro de casa este ano já venceu a Supercopa italiana, a Copa da Itália e é a atual líder da Serie A. Esse intercâmbio e novas tendências é mais que bem vindo para o basquete europeu continuar evoluindo.