No último sábado (30) colocamos no ar em nossa conta do Twitter uma série de enquetes para que nossos seguidores escolhessem quem foram os melhores jogadores de cada posição, para formar um quinteto ideal da temporada, já que a mesma foi cancelada na última segunda-feira (25).
Os jogadores de cada enquete foram escolhidos baseado em sua produtividade ao longo do ano, levando em consideração várias estatísticas pertinentes a cada posição e estatísticas gerais, como PIR (Performance Index Rating). Aqui traçamos um perfil de cada um dos eleitos e o que eles fizeram para merecer sua escolha este ano.
Armador – Facundo Campazzo (Real Madrid), 51,2% dos votos
O hermano Facundo Campazzo finalmente alcançou o nível mais alto de seu jogo, justificando a aposta que o Real Madrid fez nele ainda em 2014, trazendo-o do Peñarol de Mar del Plata. Quando voltou de duas temporadas de empréstimo ao UCAM Murcia, na temporada 2017-18, Campazzo teve que ser paciente, sendo o terceiro armador da rotação, atrás de Luka Dončić e Sergio Llull. Com a ida do esloveno para a NBA na temporada seguinte, seu papel começou a ficar mais importante e ele se tornou titular na reta final da temporada regular. Na disputa do terceiro lugar da temporada passada, ele estabeleceu o recorde de assistências em um jogo de Final Four, distribuindo 15 na vitória sobre o Fenerbahçe. Esse já era um presságio do que estava por vir neste ano.
Foi nesta temporada que ele, finalmente, estourou e se tornou um dos melhores armadores da Europa. Titular absoluto da posição, ele estabeleceu seus melhores números pessoais da carreira, em especial nas assistências mesmo jogando seis jogos a menos que no ano passado. Ele não foi o líder absoluto no número total (199) e nem na média por jogo (7,1), perdendo em ambas para o Nick Calathes (255 e 9,1, respectivamente), mas ele superou o grego em assistências por 40 minutos: 11,9 contra 11,3 do maestro do Panathinaikos. Em fevereiro deste ano, em uma partida contra o ALBA Berlin, Campazzo igualou o recorde histórico da Euroliga moderna, distribuindo 19 assistências na partida.
Campazzo está um pouco abaixo de alguns outros armadores titulares no que diz respeito à sua produção ofensiva, com 102,9 ORAT (Offensive Rating), que é virtualmente semelhante ao da maioria dos armadores de ponta. Porém, ele certamente se sobressai sobre eles quando o assunto é sua defesa: ele teve 94,5 de DRAT (Defensive Rating), sendo superado somente por Scottie Wilbekin, do Maccabi Tel Aviv, que teve 93,3. Ele também teve a segunda maior média de roubos de bola por jogo na temporada, com 1,39 a cada partida.
https://www.youtube.com/watch?v=bF2wXgOwMwQ
Ala-armador – Shane Larkin (Anadolu Efes), 53,5% dos votos
Em nossa enquete, Shane Larkin disputou votos com craques como Alexey Shved e Nando De Colo e, mesmo assim, foi uma das enquetes que causou menos dúvida. Nas palavras de Everaldo Marques, o que Larkin fez este ano foi “ridículo”. Inacreditável, histórico. Talvez desde os tempos de Nikos Gallis, estrela do basquete grego na segunda metade da década de 1980, a Europa não testemunhava um pontuador tão forte quanto Larkin foi neste temporada. A título de curiosidade, Larkin é filho de Barry Larkin, um dos maiores jogadores de beisebol da história, membro do Hall da Fama do esporte.
O estadunidense, que este ano aceitou o convite para atuar pela seleção da Turquia, onde joga, liderou a Euroliga em pontos por jogo (22,2) e pontos por 40 minutos (29,6). No número total de pontos, ele ficou em terceiro (555 pontos), perdendo para Mike James (590) e Shved (557), mas foi porque ele disputou, respectivamente, três e dois jogos a menos que eles. Ele teve o absurdo ORAT de 111,1, consideravelmente melhor do que os principais jogadores de sua posição. Quem mais se aproximou desse seu desempenho ofensivo foi o armador e seu companheiro de time Vasilije Micić, com 108,7 ORAT.
Sem dúvidas, tivesse a temporada prosseguido, Larkin venceria o prêmio de MVP de maneira unânime. Entre os vários feitos do armador nesta temporada, está o recorde de pontos em um jogo na era moderna da Euroliga, anotando 49 pontos (em 31 minutos!) contra o Bayern de Munique, no final de novembro. No mesmo jogo, ele acertou dez tiros de três pontos, igualando o recorde moderno. E em março, ao anotar 40 pontos contra o Olympiacos (outra vez acertando dez arremessos de fora do arco), ele se tornou o único jogador da Euroliga neste século a ter pelo menos dois jogos com 40 pontos ou mais em uma mesma temporada. O que Larkin fez neste ano foi tão extraordinário, que lhe rendeu a produção de um documentário, produzido pela própria Euroliga, contando sua história, intitulado “INShANE”. Ele está disponível no YouTube.
https://www.youtube.com/watch?v=pVVNu4Na_Ck
Ala – Ioannis Papapetrou (Panathinaikos), 37,8% dos votos
O Panathinaikos teve uma das piores temporadas de seus últimos anos. O time foi uma bagunça do início ao fim, mas ficou ainda pior quando houve uma mudança no comando técnico que trouxe de volta o treinador americano Rick Pitino. Entretanto, a equipe teve, sim, alguns poucos que se salvaram e um deles com certeza foi Ioannis Papapetrou.
Uma das maiores esperanças do basquete grego nos últimos anos, Papapetrou finalmente subiu do patamar de promessa para um consistente contribuidor. Seus números podem não chamar atenção de imediato (15,5 pontos e 5,9 rebotes por 40 minutos), mas ele foi talvez o titular mais eficiente do time e talvez também o mais regular. Não é de se surpreender, então, que ele tenha sido o alvo preferido das assistências do armador Calathes ao longo da temporada, convertendo 53 delas em cestas. Nenhum titular arremessou de maneira mais eficaz que ele, que teve 63,6% de TS% (True Shooting Percentage). Sua defesa não foi das melhores, mas, de novo, ninguém defendeu bem no Panathinaikos este ano: o time teve a segunda pior defesa da Euroliga, com 86,8 pontos sofridos por jogo.
Com apenas 26 anos completados em março e já titular da seleção grega, Papapetrou já demonstrou o talento ofensivo. Ele pontuou em duplos-dígitos em 16 partidas no ano, incluindo 39 pontos anotados contra o ALBA Berlin em novembro. Se o próximo treinador do Panathinaikos souber implantar um sistema defensivo eficiente, o ala (que também pode jogar de stretch four se necessário) poderá se beneficiar muito e subir ainda mais de produção. Resta saber, também, como a saída de Calathes vai afetar seu jogo na próxima temporada. Ao mesmo tempo que ele pode se aproveitar de um protagonismo maior, o “motor” do ataque já não estará mais lá.
https://www.youtube.com/watch?v=R2E4YrRZg3k
Ala-pivô – Nikola Mirotić (Barcelona), 76,2% dos votos
Para aqueles que acham que sair da NBA é um retrocesso na carreira de um jogador, a escolha de Nikola Mirotić por voltar ao basquete europeu pode não ter feito sentido. Hoje, quase um ano depois, essa escolha se mostra a mais acertada possível. Além de estar sendo o protagonista que ele dificilmente (ou pelo menos não imediatamente) seria na NBA, comandando um dos melhores times do mundo, ele ainda é um dos melhores e mais prestigiados jogadores da liga – além de ter recebido o maior contrato (em valor total) de sua carreira.
Depois de Larkin, o montenegrino-espanhol foi o jogador mais produtivo e eficiente da temporada. Sua média de PIR por jogo (22,4), por 40 minutos (32,2) e o acumulado total (629) foram só perdem para as do armador americano. Ele foi o quarto melhor pontuador do ano, com uma média de 19,0 pontos por jogo e 27,3 por 40 minutos. Além disso, ele também evoluiu como defensor, sendo um dos melhores da equipe em DRAT (94,5) e em DEF (47,0).
Quando a liga foi suspensa, o Barça vinha de nove vitórias consecutivas e era um dos maiores favoritos ao título. Sem a menor sombra de dúvidas, os € 26 milhões investidos no jogador criado no quintal do mais rival foram bem investidos. E também não há dúvidas que Mirotić fez a melhor escolha possível, após ter tido o melhor ano de sua carreira, de longe.
https://www.youtube.com/watch?v=xVZx0XO5Ink
Pivô – Othello Hunter (Maccabi Tel Aviv), 31,7% dos votos
O Maccabi do técnico grego Ioannis Sfairopoulos foi, sem dúvidas, uma das melhores defesas da liga, se é que não foi a melhor. Hunter foi uma das peças mais importantes desse sistema defensivo e do time como um todo, após este lhe dar a grande chance de sua carreira. Em função da excelente safra de pivôs que vêm dominando as quadras européias, a vitória de Hunter na enquete foi a mais equilibrada entre as cinco.
Um reserva durante a maior parte de sua carreira, o veterano recebeu sua primeira oportunidade de ser titular na temporada passada, pelo CSKA, o qual ajudou a chegar ao título europeu, mas cuja rotação lhe dava uma média de somente 17:54 minutos por jogo. Chegando em Israel, ele teve de lutar pela titularidade e, quando a assumiu, não largou mais.
Quando, na 11ª rodada, ele virou titular, sua média de tempo em quadra superou os 25 minutos e ele teve o melhor ano de sua carreira. Suas médias por 40 minutos foram de 17,6 pontos e 11,0 rebotes, além de 94,9 DRAT e 49,1 OPP2P. Ele também teve uma média de 14,2 de PIR por jogo (24,3 por 40 minutos), a mais alta de sua carreira. O Maccabi ficou tão satisfeito com o que Hunter mostrou ao longo da temporada que ainda em fevereiro ofereceu a ele uma extensão contratual.
https://www.youtube.com/watch?v=023ZPKb73u0