Após uma temporada regular incrível, com disputa pela classificação até a última rodada, não seria surpresa se ocorresse uma fase de Playoffs histórica também. E realmente está acontecendo. Das quatro séries da pós-temporada, três foram decididas no decisivo jogo cinco, entre 25 de abril e 10 de maio. Saiba todos os detalhes sobre cada série e nossas expectativas sobre os clubes classificados ao Final Four, que será disputado entre os dias 19 e 21 de maio, em Kaunas, Lituânia.
Lembrando que um dos nossos editores, Rafael Bittelbrunn, estará em Kaunas e reportará em tempo real sobre o evento mais aguardado do mundo quando o assunto é basquete de clubes. Siga-nos nas redes sociais e fique por dentro desse conteúdo exclusivo.
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Playoff A – [1º] Olympiacos (GRE) 3 x 2 Fenerbahçe (TUR) [8º]
Por Ricardo Romanelli
No confronto entre o líder Olympiacos e o oitavo colocado Fenerbahçe, os jogos ficaram muito distantes da disparidade que as colocações na tabela poderiam sugerir. A série teve muita emoção, com nenhum dos times conseguindo alcançar duas vitórias consecutivas. No crucial jogo 3, quando o confronto estava empatado em 1X1, um arremesso de Kostas Sloukas no estouro do cronômetro definiu a partida a favor do Olympiacos por apenas um ponto.
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O Fenerbahçe ainda venceria o jogo 4 e forçaria um jogo 5 valendo a série, mas o decisivo Sloukas brilhou novamente e anotou 22 pontos e 6 assistências no triunfo do time grego. Ele foi o cestinha do Olympiacos em três das cinco partidas da série.
O ataque do Fenerbahçe foi mais equilibrado, e apenas Tyler Dorsey (21 pontos no jogo 3) e Marko Gudurić (26 pontos no jogo 5) quebraram a barreira dos 20 pontos na série. Este confronto de playoffs também foi marcado pelo duelo de treinadores de estilos diferentes. Enquanto Dimitri Itoudis trabalhou para atacar as fraquezas do Olympiacos, o técnico do time grego, Georgios Bartzokas, fez exatamente o oposto. Não buscou reagir às estratégias de Itoudis e não fez grandes ajustes para contrapor o adversário, tentando impor a dominância que o time mostrou durante a temporada regular.
Os ajustes de Itoudis fizeram com que a cobertura defensiva do Fenerbahçe dificultasse muito o jogo ofensivo de jogadores como Thomas Walkup e Kostas Papanikolaou. O Fenerbahçe marcou o corta-luz passando por trás da screen, e com isso negando caminho para atacar a cesta. Com isso, o Olympiacos também conseguiu criar menos arremessos para Sasha Vezenkov, o grande astro do time.
Jogadores como Carsen Edwars, Tyler Dorsey e foram colocados em posição de atacar em jogadas de isolation e 1×1 contra elos fracos da defesa do Olympiacos, que não conseguiu encontrar uma cobertura defensiva eficiente durante a maior parte da série. Taticamente, Itoudis trabalhou melhor, e com isso deu a seu time a chance de ser uma zebra histórica neste primeiro round, mas no final o talento do Olympiacos prevaleceu, especialmente com as grandes atuações de Sloukas nos decisivos jogos 3 e 5.
O Olympiacos chega ao Final Four para um duelo contra o Monaco, onde no papel o time grego é favorito. Apesar disso, as dificuldades do Olympiacos foram além do esperado no primeiro round, e o Monaco chega para o jogo cheio de confiança após derrotar o Maccabi Tel-Aviv em outra série emocionante.
Playoff B – [4º] Monaco (FRA) 3 x 2 Maccabi Tel Aviv (ISR) [5º]
Por Gabriel Girardon
Foi um duelo digno dos dois times que terminaram mais próximos na zona de classificação aos playoffs. A série entre Monaco, quarto colocado, e Maccabi Tel Aviv, o quinto, fez jus ao equilíbrio visto diversas vezes entre as equipes do mais alto escalão do basquete europeu. Decida apenas no último jogo, no Principado, onde prevaleceu o talentoso time monegasco.
Antes do duelo desta quarta-feira, cada equipe tinha dominado duas partidas, com devida equivalência: uma vitória em casa e outra fora. O único jogo “fora da curva” na série foi o quarto, em Tel Aviv, quando o Maccabi atropelou o rival com 35 pontos de frente (104-69). Pela força demonstrada em toda temporada, qualquer time que passasse seria justo, com condições reais de desafiar o Olympiacos, um dos principais favoritos ao título.
Tamanho equilíbrio se deu até os minutos finais na Salle Gaston Médecin, sem a certeza de quem iria carimbar o passaporte para Kaunas. Foram algumas alternâncias na dianteira do placar e diferentes postulantes a herói da decisão. A destacar os armadores das duas equipes. De um lado, Mike James e Jordan Loyd (por vezes Élie Okobo junto). Do outro, Lorenzo Brown e Wade Baldwin.
Quando a bola subiu no Principado, parecia que James seria o principal condutor em caso de vitória do time da casa. Foram 21 pontos só no primeiro tempo. Por parte dos israelenses, Baldwin respondeu com 15 pontos na metade do jogo e seguiu com seu ritmo até o fim. Terminou com 27, e 99 no total dos cinco confrontos. Média incrível de 19.8 na série. Insuficiente.
Mike James estacionou na pontuação, sofrendo com problemas físicos, e o embate seguiu em pleno equilíbrio. O Maccabi, que passou a maior parte do tempo atrás no placar, virou no último quarto e parecia se aproximar de um retorno ao Final Four após nove anos. Até que o herói monegasco despertou.
No momento crucial do jogo, Jordan Loyd anotou oito pontos em sequência e se mostrou carrasco outra vez. Embora com média de 15 pontos na série, o ala-armador teve partidas de dois e quatro pontos. Em compensação, destruiu o game 2 com 33. Os 21 na noite de quarta foram essenciais para o triunfo.
Os talentos individuais, em especial de James e Loyd, se unem também a um coletivo forte e um time fechado pelo objetivo que, há não muito tempo atrás, parecia muito distante. O “patinho feio” Monaco que ingressou na Euroliga na temporada passada após surpreender com o título da Eurocup tornou-se uma real potência.
A equipe alcançou o Final Four pela primeira vez e recolocou um francês nas decisões do principal torneio europeu após 26 anos – desde o ASVEL, em 1997. Apesar do inegável favoritismo do Olympiacos na semifinal, o time monegasco mostrou força suficiente para duelar com o rival grego em jogo único. A esta altura, já não se pode duvidar de mais nada.
Playoff C – [3º] Real Madrid (ESP) 3 x 2 Partizan (SER) [6º]
Por Vinícius Matosinhos
A série histórica entre Real Madrid e Partizan finalmente terminou e, infelizmente para o Partizan, eles ficaram do lado errado da história. História esta que daria um bom roteiro de filme. Até agora, nenhum time conseguiu se recuperar de uma desvantagem de 0 a 2 na série, mas o Real quebrou a maldição e fez algo que parecia quase impossível. Essa série teve de tudo: reviravolta sem precedentes, grandes atuações, muitas emoções, atmosfera incrível em ambas as arenas e, claro, polêmica.
Logo na primeira partida da série, disputada em Madri, houve um desfecho dramático e uma cesta de três pontos no último segundo de Kevin Punter, que marcou impressionantes 26 pontos, incluindo 11 cruciais no último quarto para a incrível vitória fora de casa. O placar do primeiro confronto foi apertado (89-87), mas o Real Madrid ligou o alerta após a partida, pois embora tenham lutado bravamente, a ausência de um desempenho consistente e a lesão de Walter Tavares no joelho no segundo tempo certamente iria afetar o desempenho da equipe nos próximos jogos da série.
Com toda certeza, o jogo dois foi definidor para ditar o ritmo e caminho da série. Aproveitando-se da ausência de Edy Tavares, o Partizan venceu por 95-80, em uma partida que terminou com uma briga entre as duas equipes nos minutos finais, trazendo ainda mais tensão para a série. A briga ocorreu após uma falta dura de Sergio Llull em Kevin Punter, os ânimos se exaltaram, resultando em um caos generalizado.
A situação foi analisada pelos árbitros com a ajuda do replay por vários minutos. Esses eventos geraram reações intensas de jogadores profissionais nas redes sociais. O resultado foi a suspensão de quatro jogadores, todos muito importantes taticamente para seus times, Guerschon Yabusele foi suspenso por 5 jogos, Kevin Punter por 2 jogos, Gabriel Deck e Mathias Lessort por 1 jogo cada um, ou seja, dois jogadores de cada equipe suspensos, mas com o Real Madrid saindo mais prejudicado por um de seus jogadores ter recebido a maior pena.
Agora seria a vez da série ser transferida para Belgrado, Sérvia, na Stark Arena, com a chance de o Partizan fechar a série e buscar uma vaga no tão cobiçado Final Four, enquanto o Real Madrid teria que superar esse momento conturbado e dar o seu melhor para tentar reverter a desvantagem. O terceiro jogo da série, além dos jogadores suspensos, ganharia um ingrediente a mais com a volta de Walter Tavares. O pivô do Real brilhou com 26 pontos e 11 rebotes, liderando o Real Madrid para uma vitória emocionante por 82 a 80, com direito a um arremesso de três decisivo de Nigel Williams-Goss.
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A solidariedade e as homenagens às vítimas do triste ataque em uma escola na Sérvia marcaram o ambiente antes do jogo quatro. Dentro de quadra, o Real Madrid conquistou mais uma vitória crucial fora de casa, por 85 a 78 sobre o Partizan, forçando o decisivo jogo 5. Adam Hanga teve uma atuação eficiente, enquanto Dzanan Musa e Gabriel Deck contribuíram para a vitória, mas Deck acabou deixando a partida antes do fim por conta de uma lesão, preocupando o elenco espanhol. O Partizan lutou, não foi suficiente para garantir a vitória, mas havia esperança, pois, no quinto jogo a equipe sérvia contaria com o retorno de Kevin Punter.
Foi uma noite mágica e histórica no WiZink Center, onde o Real Madrid protagonizou uma virada épica para vencer o Partizan e se classificar para a Final Four. O clube espanhol estava 18 pontos atrás no início do terceiro período, mas uma incrível corrida no último quarto levou a equipe à vitória. Sergio Rodríguez foi fundamental, marcando 19 pontos, enquanto Sergio Llull também teve um desempenho decisivo.
O Real Madrid agora enfrentará o seu arquirrival Barcelona, que por ter varrido a série contra o Žalgiris, terá mais tempo de descanso até o Final Four. O “El Clasico” na semifinal possui grandes expectativas, não só pela rivalidade centenária dos clubes, mas pelo equilíbrio entre as duas equipes. Ambos possuem em seu elenco jogadores com experiência em playoffs e capacidade de desequilíbrio ofensivo. Será uma verdadeira batalha.
Playoff D – [2º] Barcelona (ESP) 3 x 0 Žalgiris Kaunas (LIT) [7º]
Por Rafael Bittelbrunn
Uma série entre Davi e Golias, mas com vitória do gigante, neste caso. Pelo menos em termos de orçamento e montagem do elenco, o Barcelona era o amplo favorito no confronto com o Žalgiris, e não decepcionou. A equipe jogou de forma consistente e madura e “varreu” o time lituano, chegando a seu terceiro Final Four de forma consecutiva, o décimo da era moderna.
Na primeira partida, no Palau Blaugrana, o time catalão colocou alta intensidade desde o início, tanto na defesa quanto no ataque, e encerrou o primeiro tempo já com vantagem de 17 pontos. A equipe foi dominante nos rebotes (37-28) e impiedosa na bola tripla, acertando 14 arremessos (54% aproveitamento), contra apenas dois do time lituano. Além disso, o time estabeleceu um novo recorde na Euroliga: acertou todos os 21 lances livres tentados, superando o número do Baskonia (16/16), nos playoffs de 2005. No final, vitória tranquila por 91-69, com cinco jogadores anotando dígitos duplos.
No segundo jogo, também em Barcelona, as coisas não foram tão simples para o time da casa. Com uma melhor defesa e boa partida de Ignas Brazdeikis (20 pontos), o time lituano chegou a liderar e levou o jogo próximo até os minutos finais, quando a melhor qualidade do Barcelona prevaleceu. O time da casa subiu o nível da defesa, provocando erros importantes do Žalgiris, conseguindo abrir uma vantagem suficiente para sair com a vitória (89-81). Nesta partida, um jogador foi fundamental: Jan Veselý. O experiente jogador terminou com 26 pontos, seis rebotes e 33 de PIR, e com as dez cestas de dois pontos convertidas, se tornou o líder histórico desta estatística (1.293), superando Kyle Hines.
Com a série mudando para Kaunas, em mais um jogo com casa lotada, a esperança era de pelo menos uma vitória do Žalgiris, para manter acesa a chama de disputa do Final Four. E, apesar do time fazer um primeiro tempo ruim, com baixo aproveitamento nos arremessos, conseguiu segurar o Barcelona e sair para o intervalo perdendo por apenas três pontos. Porém, o time visitante voltou com tudo no terceiro quarto, acertou seis bolas triplas e chegou a abrir 16 pontos de vantagem, praticamente decretando a vitória e o fim da série. Apesar das tentativas do Žalgiris, e do grande apoio da torcida, a vitória ficou com o Barcelona, por 66-77.
Mesmo com a frustração de não disputar o Final Four dentro da sua casa, o Žalgiris fechou a temporada como uma das grandes surpresas, conseguindo a classificação aos playoffs em sétimo lugar, superando equipes com orçamentos bem mais robustos. Além disso, enfrentou um dos melhores elencos (se não o melhor) da Euroliga, e que está no seu melhor momento na temporada. O Barcelona, após as decepções nas duas temporadas passadas, parece chegar ao Final Four deste ano mais maduro, com um elenco experiente e ajustado ao sistema de jogo de Šaras Jasikevičius, com muita confiança na conquista do título.
Datas e horários do Final Four:
