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No texto de hoje, eu, membro da equipe do EuroLeague Brasil, vou me permitir brincar um pouco com o clubismo, falando sobre um dos grandes jogadores a vestir a camisa do time para o qual eu torço.
A passagem de Jasikevičius pelo Panathinaikos
Hoje, dia 5 de março, é aniversário de um dos maiores jogadores europeus de toda a história: o ex-armador lituano Šarūnas Jasikevičius, apelidado como “Šaras”. A lenda, atualmente no comando técnico do Barcelona (líder da Euroliga), completa hoje 45 anos de idade. Em comemoração ao seu aniversário, vou contar um pouco de como foi a sua passagem pelo Panathinaikos.
Šaras teve duas passagens pelo Panathinaikos. Primeiro, após passar duas temporadas tentando se firmar na NBA, ele preferiu voltar para a Europa. Ele assinou um contrato de dois anos com os Verdes, no valor total de € 7,3 milhões, o que o tornou o jogador mais bem pago da Europa. Ele disputou três temporadas seguidas com o clube, entre 2007-08 e 2009-10, e depois voltou para disputar uma última temporada com o clube, a de 2011-12, já aos 36 anos. Vale ressaltar que sua temporada 2010 foi encurtada, pois ainda em 2009 ele precisou passar por uma cirurgia no joelho e passou por um período de recuperação de cinco meses. Assim, ele pôde disputar apenas sete jogos naquela Euroliga e 22 no campeonato grego, com limitação de minutos.
Ao todo, ele disputou 197 jogos com a camisa do Rei da Europa, com uma média de pouco mais de 18 minutos por jogo. Essa marca de jogos é a segunda maior dele pelos clubes que defendeu, perdendo apenas para os 230 que ele fez com a camisa do Barcelona. Suas médias totais por jogo em Atenas foram de 9,2 pontos, 2,8 assistências, 0,6 roubos e 1,3 rebotes. Se convertidos para a medida Per 36 (por 36 minutos), essas médias subiriam para 17,8 pontos, 5,5 assistências, 1,0 roubos e 2,0 rebotes.
Quando o assunto era playoffs, ele era ainda melhor. Em quatro campanhas na fase de “mata mata” do campeonato grego, ele manteve médias “por 36min” de 18,2 pontos e 5,4 assistências. Na campanha do título europeu de 2009, ele foi crucial. Nos seis jogos daqueles playoffs, ele manteve médias por jogo de 11,4 pontos e 4,0 assistências. Na semifinal do Final Four, contra as anchovas, ele foi espetacular, com 18 pontos e cinco assistências (24 de PIR), sendo oito pontos só no último quarto. Nos três minutos finais, ele fez cinco pontos decisivos (dos sete que o Panathinaikos marcou nesse intervalo) e ainda deu a assistência para a cesta da vitória, além de agarrar o rebote final do jogo e evitar que a bola voltasse para as anchovas.
Ao todo, Šaras tem três partidas de Final Four pelo Panathinaikos e tem uma média por jogo de 16,5 pontos e 3,2 assistências (17 de PIR). Mas suas atuações decisivas não se limitaram somente à competição européia. Durante sua segunda passagem, ele foi a peça mais importante na partida da final da Copa da Grécia, contra as anchovas. Seus números – dez pontos, três assistências, um roubo, dois rebotes, cinco faltas sofridas e dois “turnovers” provocados em 17 minutos – não foram assim tão impressionantes, mas ele foi como um general no último quarto e ajudou o Panathinaikos a limitar o rival a somente dois pontos nos sete minutos finais de jogo e a conseguir a virada após estar perdendo por 13 pontos! Ele foi eleito o MVP daquela final.
Como dissemos, Jasikevičius é um dos maiores jogadores de basquete da história, seja por sua seleção ou pelos clubes. Sua lista de títulos e premiações individuais é de cair o queixo. Pelo Panathinaikos, Šaras ergueu um total de sete troféus: uma Euroliga (2008-09), três campeonatos gregos (2008 a 2010) e três Copas da Grécia (2008, 2009 e 2012). Ele também acumulou honras como ser nomeado para o quinteto ideal do campeonato grego (2009), para dois Jogos das Estrelas (2008 e 2009) e o melhor armador do ano (2008).
O carinho pelo clube
Com passagens tão vitoriosas pelo clube, seria impossível que Jasikevičius não tivesse um carinho gigantesco pelo Panathinaikos. Aliás, esta é uma característica própria dele, de continuar amando seus ex-clubes, como ele já demonstrou com o Žalgiris Kaunas, seu time do coração, e pelo próprio Barcelona. Nesta semana, uma entrevista dele “viralizou” nos meios de comunicação da Grécia.
Seu Barcelona visitou o Panathinaikos pela Euroliga, na terça-feira, e venceu facilmente. Na coletiva da partida, ele foi perguntado a respeito da recepção incrível que a torcida do time fez para o ala Mario Hezonja no aeroporto de Atenas, jogador este trazido da NBA pelo clube, na semana passada. Antes mesmo do repórter terminar a pergunta, ele deu uma risadinha, antes de dar a seguinte resposta: “É por coisas assim que o Panathinaikos é o que é. Fiquei emocionado quando vi. Estou feliz por ele (Hezonja) ter podido passar por essa experiência, pois, normalmente, um acontecimento como esse ocorre uma única vez na vida. É algo que você consegue vivenciar somente quando você joga por este clube.”
Em 2018, quando ainda treinava o Žalgiris, Šaras deu uma de suas declarações mais bonitas a respeito do Panathinaikos. Como vem acontecendo há alguns anos, o clube vem passando por graves crises política e financeira. O dono do time, Dimitris Giannakopoulos (que colocou o clube à venda no ano passado), vinha ameaçando um rompimento com a Euroliga, para levar o time para a disputa da Basketball Champions League, da FIBA. Quando esses rumores surgiram, Jasikevičius deu a seguinte declaração: “Eu não consigo imaginar a Euroliga sem o Panathinaikos e sem a família Giannakopoulos. É um clube muito importante para mim. Provavelmente, foi o mais importante da minha carreira no exterior. Eu não quero que eles deixem a Euroliga.”
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