Por Thiéres Rabelo e Vinicius Matosinhos

Ao longo dos anos, em especial desde a virada do século, vários brasileiros defenderam clubes europeus. Muitos deles foram levados para o Velho Continente ainda meninos, nas categorias de base. Hoje, fizemos uma seleção dos vários nomes que pudemos lembrar e tentamos rankear os dez melhores. Confira com a gente, em ordem regressiva, a primeira parte desse especial e dê a sua opinião nos comentários. Hoje, falaremos das menções honrosas (os que não chegaram ao top 10) e os atletas do #10 ao #5. Ainda esta semana, publicaremos os quatro melhores.

10. Anderson Varejão

n_f_c_barcelona_jugadores_historicos-4983495Um dos melhores jogadores brasileiros de todos os tempos, seja pela seleção ou na NBA, Anderson Varejão teve uma passagem breve, mas absolutamente vitoriosa pelo Barcelona. Contratado junto ao Franca em janeiro de 2002, ainda com 19 anos, o capixaba teve de esperar pacientemente para ter seu espaço na equipe. Os dois treinadores que o treinaram na Catalunha, Aíto García na primeira temporada, e Svetislav Pešić nas duas seguintes, procuraram inseri-lo nos jogos constantemente, ainda que por poucos minutos. Nos primeiros dois anos, inclusive, ele somou um total de 31 jogos pela Euroliga, incluindo os dois do Final Four de 2003, e somente seis na ACB, todos pela temporada regular. Varejão esteve em quadra em todos os jogos da histórica campanha da Euroliga de 2002-03, em que o Barça conquistou seu histórico primeiro título europeu, com uma média de 13:32 minutos por jogo. Pelo clube catalão, ele ainda seria bicampeão espanhol (2003 e 2004), antes de ser selecionado no Draft da NBA em 2004 pelo Orlando Magic.

9. Rafa Luz

O paulista pode não ter o mesmo histórico de títulos de Varejão, mas seu talento vem lhe garantindo já nove temporadas na elite do basquete espanhol e contando. O armador da seleção brasileira foi formado na base do Unicaja Málaga, onde foi jogar ainda aos 15 anos, em 2007. Seu primeiro grande destaque veio na “Euroliga Sub-18” de 2009-10, chamada na época de Nike International Junior Tournament (NIJT). No torneio, ele disputou três jogos e manteve médias de 13,3 pontos, 7,0 rebotes, 4,3 assistências e 2,3 roubos, para 17,7 de PIR (Performance Index Rating) por partida. Naquele mesmo ano ele faria sua estréia pelo time principal do Unicaja, com o qual jogaria pelas duas temporadas seguintes, entre ACB e Euroliga.

Ele seria emprestado para clubes menores nos anos seguintes para ganhar experiência, até terminar seu vínculo com o time de Málaga em 2012. Ele então passou os três anos seguintes no Obradorio, onde cresceria em importância e chegaria a ser o armador titular do time. Ao fim da temporada 2014-15 ele voltou ao Brasil, onde foi campeão do NBB com o Flamengo e voltou para a Espanha, para disputar uma temporada com o Baskonia. Ele voltou ao Brasil para defender o Franca em 2017-18, para em seguida retornar à Espanha, onde está até hoje, defendendo o Murcia. Ele já acumula 249 jogos pela ACB, com uma média de 5,8 de valoração por jogo, além de 70 jogos em competições européias.

8. Rafael Hettsheimer

Hettsheimer desembarcou na Europa para sua primeira passagem em 2005 e por ali ficou por nove temporadas consecutivas. Quem o contratou junto ao COC Ribeirão Preto (onde foi campeão brasileiro em 2003) foi o CB Sant Josep Girona, da Catalunha, que disputava a ACB. Mas o pivô passou os primeiros quatro anos na Espanha emprestado a vários clubes das divisões de acesso. A primeira grande chance na primeira divisão veio em 2009, quando foi contratado pelo Zaragoza e emprestado para o Obradoiro. Ele agradou e o Zaragoza o trouxe de volta ainda em 2010 e ele se tornou titular e se destacou pelo clube. Sua melhor temporada com o clube foi em 2011-12, quando teve médias de 13,3 pontos, 6,4 rebotes e 14,6 de valoração por jogo.

Ele foi tão bem que o Real Madrid o contratou por um ano e, na temporada 2012-13, apesar de ter poucas oportunidades, foi campeão espanhol com os Merengues e também disputou sua primeira Euroliga. Sem renovar com o time, ele foi então para o Unicaja Málaga na temporada seguinte, em um contrato de dois anos. Ali, ele até teve mais espaço, tanto na ACB quanto na Euroliga, mas não conseguiu repetir o mesmo basquete dos tempos de Zaragoza e voltou para o Brasil ao fim da primeira temporada. Ele teve uma breve segunda passagem pela Espanha, na segunda metade da temporada 2016-17, pelo Fuenlabrada, mas partiu para o basquete portorriquenho no meio de 2017, antes de retornar ao Brasil.

7. Vitor Faverani

Outro pivô que teve uma carreira muito bem sucedida na Europa, Faverani foi formado na base do Unicaja Málaga, onde chegou ainda aos 14 anos de idade. Aos 17 anos ele já fazia sua estréia como profissional, emprestado ao Axarquía, da segunda divisão espanhola. Sua primeira experiência na primeira divisão foi na temporada 2006-07, mas por apenas dois jogos, antes do Unicaja emprestá-lo a dois outros clubes da segunda divisão, nas duas temporadas seguintes. Na temporada 2008-09, ele finalmente faria parte do elenco principal do clube de Málaga, mas não teve espaço, jogando apenas dois jogos na ACB e (curiosamente) sete jogos na Euroliga daquele ano, com uma média menor do que oito minutos por jogo.

Vitor Faverani anuncia su desvinculación del Valencia Basket | Teinteresa

Ao fim daquela temporada, ele assinou com o Murcia, com o qual disputou duas temporadas. A primeira (2009-10) foi para se firmar discretamente, vendo seu tempo de quadra mais que dobrar, mas ainda majoritariamente um reserva. O time foi rebaixado e na segunda divisão do ano seguinte, ele foi o melhor jogador do time, com uma média de 14,9 pontos (cestinha do time), 6,4 rebotes e 1,1 toco, acertando 70,7% dos arremessos de quadra, em apenas 22 minutos por jogo. Foi o bastante para o Valencia acertar sua contratação para as duas temporadas seguintes, onde ele foi um sólido reserva da equipe na ACB e na EuroCup. Ao fim da temporada 2012-13, o Boston Celtics assinou um contrato de três anos com o jogador, mas lesões atrapalharam sua passagem de duas temporadas pelos EUA e ele estaria de volta à Europa no verão de 2015.

Ele assinou com o Maccabi Tel Aviv, mas foi dispensado após apenas quatro meses, tendo disputado apenas dois jogos. Ele voltou para o Murcia em novembro daquele mesmo ano, onde disputou outras duas sólidas temporadas, suas melhores na ACB. Tanto que no meio da temporada 2016-17, o Barcelona o comprou junto ao Murcia e contou com o jogador durante os meses finais da temporada, também dando sólidos minutos vindo do banco, inclusive na Euroliga, em que fez alguns bons jogos. Dispensado pelo Barça, ele voltaria uma última vez ao Murcia, em que disputou poucos jogos, mas foi o terceiro maior pontuador (11 pontos de média) e mais eficiente (12 de PIR) do time na EuroCup, mesmo vindo do banco.

6. Augusto Lima

Mais um jogador que o Unicaja Málaga buscou no Brasil ainda na adolescência, Augusto desembarcou na Europa em 2006, aos 14 anos, e foi formado pela base do clube. Sua estréia pelo profissional aconteceu ainda em 2009, aos 17 anos, sendo colocado em quadra tanto pela ACB, quanto pela Euroliga (para um total de 17 partidas, com quase 15 minutos por jogo). Entre um empréstimo e outro para clubes menores, onde teria mais tempo de quadra, ele permaneceu em Málaga até o fim da temporada 2012-13, totalizando 109 jogos (65 pela ACB e 44 pela Euroliga). Antes de deixar o clube, ele conseguiu a cidadania espanhola em 2021, o que facilitaria para ele ser incorporado nos elencos europeus, que têm limites de estrangeiros.

Deixando o Unicaja, ele assinou com o Murcia no verão europeu de 2013, com o qual jogou três das melhores temporadas de sua carreira (duas e meia, para ser mais exato). Ele defendeu o time do sul da Espanha por 81 jogos entre o início da temporada 2013-14 e o meio de 2015-16 e, titular absoluto, se destacou como um dos melhores pivôs da ACB. No total, ele manteve médias de 10,0 pontos, 6,8 rebotes e 0,8 toco, para uma média de 14,9 de valoração a cada jogo. Sua melhor temporada na Espanha até agora possivelmente foi a de 2014-15, em que teve médias de 10,4 pontos, 7,2 rebotes e 1,1 toco, para 16,6 de valoração por jogo. Ele foi tão bem que o Real Madrid o contratou antes do início da temporada 2015-16, mas concordou em deixá-lo permanecer em Murcia, com opção de resgate em janeiro.

Não deu outra. Após manter uma média de 13,4 de valoração nos primeiros 17 jogos da temporada, o Real Madrid levou o brasileiro para a capital. Infelizmente, disputando espaço com Gustavo Ayon e Felipe Reyes, seu tempo de quadra caiu pela metade (12 minutos de média na ACB e 9:37 na Euroliga). Mesmo sem ter tido muitas oportunidades reais, ele pôde comemorar o campeonato espanhol e da copa da Espanha daquela temporada. Ele passaria por quatro clubes diferentes nas duas temporadas seguintes, emprestado pelo Real Madrid, incluindo o Zalgiris Kaunas, na temporada 2016-17, com o qual foi campeão lituano e da copa da Lituânia, além de ter disputado 30 jogos (19 como titular) na Euroliga. Após passar por Lituânia, Turquia e China, ele voltou ao Murcia em março de 2018, finalizando aquela temporada com o ex-clube.

Para o início da temporada 2018-19, ele assinou com o tradicional Cedevita Zagreb, da Croácia, e começou a temporada muito bem. Mas ele preferiu deixar o clube após apenas dez jogos, por não estar de acordo com mudanças na comissão técnica, e assinou contrato com o San Pablo Burgos, onde está até hoje. Augusto é um dos melhores pivôs da ACB hoje, estando entre os dez com mais rebotes e mais tocos na temporada. Com apenas 28 anos, o melhor de sua carreira ainda está por vir.

5. Guilherme Giovannoni

O ala-pivô teve duas passagens pelo basquete europeu. Após ser formado nas categorias de base do Pinheiros, ele foi contratado pelo Fuenlabrada, com o qual estreou em janeiro de 2000, ainda com 19 anos. Ele ficou no clube até o fim da temporada 2000-01, quando se transferiu para o Gijón, também da Espanha. Sem muito espaço, ele voltou ao Brasil no fim de 2001, após ter adquirido uma experiência de 48 jogos na ACB. De volta À liga nacional, ele defendeu brevemente o Pinheiros e o COC Ribeirão Preto e já em 2002 foi contratado pela gigante italiana Benetton Treviso. Começava, ali, a sua mais vitoriosa passagem pelo basquete europeu.

Giovannoni não entrou na Benetton logo de cara, sendo emprestado para a Vip Rimini (onde jogava também Marcelinho Machado, na ocasião) para disputar a segunda divisão italiana na temporada 2002-03. Mesmo com a campanha não tão boa de sua equipe, ele conseguiu ser um de seus principais destaques: em 32 partidas disputadas, ele manteve uma média de 16,1 pontos por jogo e foi eleito o MVP Sub-23 do torneio. Isso lhe rendeu uma passagem direta de volta para a Benetton na temporada seguinte, onde ele foi utilizado em 57 partidas do clube entre Serie A (38) e Euroliga (19), 22 como titular. Foi nessa temporada que ele teve seu melhor jogo na Euroliga, vindo do banco para marcar 24 pontos (6/7 da linha de três) em pouco mais de 19 minutos, ainda roubando 5 bolas, para um PIR de 32. Ele também conquistou seu primeiro título na Itália, com a vitória da Benetton na copa da Itália daquela temporada.

Sem muito espaço naquele grande time, ele foi emprestado novamente, para disputar a temporada 2004-05 com a Lauretana Biella, com a qual teve talvez sua melhor temporada na Itália, individualmente. Em 33 jogos pela equipe, todos como titular, ele manteve médias de 12,7 pontos, além de 4,0 rebotes e 1,3 roubos, para uma média de valoração de 12,0 por jogo. A Benetton o trouxe de volta mais uma vez, mas, com ainda menos espaço (no total, 7:00 minutos por jogo de média) ele foi emprestado para o BC Kyiv, da Ucrânia, o qual ajudou a alcançar a final do campeonato ucraniano e a semifinal do extinto FIBA EuroChallenge (competição européia de terceiro nível na época). Por ter feito parte do elenco da Benetton, ele foi condecorado com o título italiano que o clube conquistou naquela mesma temporada.

Giovannoni02Foi então que na temporada 2006-07 ele retornaria à Itália. Já desligado da Benetton, ele assinou contrato de um ano com a tradicionalíssima Virtus Bologna. Ele correspondeu às expectativas logo de cara, tornando-se titular, com médias de 10,0 pontos, 5,5 rebotes e 1,3 roubo de bola (10,9 de valoração), ajudando o clube a chegar à final da Serie A pela primeira vez desde 2001 e a retornar à Euroliga depois de cinco anos. Com o contrato renovado por mais dois anos, ele ainda se tornou o capitão do time em fevereiro de 2008 e um dos ídolos (chamados de “bandeira”, pelos italianos) do torcedor.. Em três anos com a gigante de Bolonha, ele disputou 114 partidas entre Serie A (112) e Euroliga (12) e só deixou o clube pelo completo caos político em que ele entrou no meio de 2009. Pelo menos, ele pôde se despedir com título: a Virtus venceria o EuroChallenge daquela temporada, com um grande time montado antes do clube ser colocado à venda nos meses seguintes.

 

4. J.P. Batista

Com quase 500 jogos de experiência no basquete europeu, em dez temporadas jogando no Velho Continente, o pernambucano João Paulo Batista teve uma das melhores carreiras de um brasileiro por lá. Ele se tornou um ídolo do Le Mans, da França, tornando-se capitão do time e a quem o próprio clube se refere como “A Rocha”. Ele voltou ao Brasil em 2015, onde disputou quatro temporadas do NBB, e aos 38 anos, quando uma aposentadoria parecia o caminho natural, o Le Mans o trouxe de volta para uma última temporada com o clube.

J.P. disputou quatro temporadas no basquete universitário americano, os dois últimos destes com a grande universidade de Gonzaga. Em seu último ano no college, o ala-pivô foi um dos melhores jogadores do time, com médias de 19,3 e 9,4 rebotes por jogo, em 33 partidas como titular absoluto. Ele tentou ingressar na NBA, disputando a Summer League de 2006 pelo Minnesota Timberwolves, mas não conseguiu a vaga e decidiu aceitar uma das ofertas que recebeu do basquete europeu.

Sua primeira experiência européia foi nos países bálticos. Ele passou as temporadas 2006-07 e 2007-08 com os lituanos do Lietuvos Rytas e um breve período (17 jogos) emprestado ao BK Barons, da Letônia. De cara ele foi um dos destaques do Rytas na disputa da Copa ULEB (hoje chamada EuroCup), contribuindo com 12,4 de PIR (Performance Index Rating) por jogo, mesmo vindo do banco, durante a temporada regular. O time alcançou a final do torneio, onde perdeu para o Real Madrid, mas, por este já ter garantido sua vaga na Euroliga via campeonato espanhol, o Rytas ficou com a vaga destinada ao campeão da ULEB. Logo em seu segundo ano na Europa J.P. teria sua primeira experiência na Euroliga. Mas ele não teve muitas oportunidades na equipe e acabou emprestado para o Barons, onde foi campeão letão e do extinto FIBA EuroChallenge na temporada 2008. Por ter feito parte do elenco do Rytas na mesma temporada, ele também foi condecorado com o título de campeão da extinta Liga Báltica, vencida pelo time naquele ano.

Foi no verão europeu de 2008 que o Le Mans, da primeira divisão francesa, contratou o brasileiro e começava ali o melhor período da carreira do jogador. Com o time na disputa da Euroliga da temporada 2008-09, ele pôde ser um de seus destaques na competição, já que obtivera logo de cara a confiança do clube e foi seu titular em boa parte da temporada. Ele teve uma média de 11,4 pontos por jogo, em pouco mais de 23 minutos de média. Naquele ano, ele ajudou o time a vencer as duas copas nacionais da França, terminar em terceiro na temporada regular do campeonato francês e a chegar nas semifinais do mesmo.

Pelas cinco temporadas seguidas, J.P. se tornaria um dos pilares de seu time, mantendo uma média total nesses cinco anos de 12,1 pontos e 5,2 rebotes por jogo, em cerca de 25 minutos de média no campeonato francês. Se essas médias forem ajustadas para “por 36 minutos”, Batista teria uma média de 17,6 pontos e 7,6 rebotes. Suas duas melhores temporadas nesse período foram as de 2012 e 2013. Na primeira, ele foi um dos líderes do time nas competições domésticas, com médias de 14,5 pontos e 6,2 rebotes por jogo (convertidos em 19,4 pontos e 8,4 rebotes por 36min). Na segunda, ele teve seu melhor desempenho em competições européias, sendo o cestinha do time na EuroCup, anotando 17,2 pontos por jogo (convertidos em 24,1 por 36min).

Infelizmente o Le Mans não conseguiu vencer o almejado quinto título francês enquanto J.P. vestiu a camisa do clube, sendo vice-campeão duas vezes (2010 e 2012), mas o jogador se despediu do clube pela primeira vez com o título da Copa da Liga Francesa, em 2014, na qual Batista foi eleito o MVP. Ao fim da temporada 2013-14, o Le Mans começou uma reformulação da equipe e não renovou com seu já capitão. O atleta, então, assinou com o Limoges, o segundo maior campeão francês, para a temporada 2014-15 e ajudou o clube a completar seu bicampeonato nacional, enquanto ainda disputava a Euroliga e, depois, a EuroCup. O Le Mans o trouxe de volta para a disputa desta temporada 2019-20, em que ele esteve em quadra em 21 jogos.

3. Tiago Splitter

Depois se destacar defendendo o time de Blumenau na Liga Nacional, Tiago aos 15 anos acertava a sua transferência para a Espanha, contratado pelo Baskonia, que na época era chamado Tau Ceramica, onde se desenvolveu muito como atleta e se tornou o maior pivô brasileiro que atuou na Europa. Ao todo, foram dez anos jogando por clubes espanhóis (Bilbao de 2001-2003, o Baskonia em 2003-2010 e Valencia em 2011), onde brilhou nas quadras europeias em competições internacionais. Recentemente, ele deu uma entrevista para um site basco, na qual ele disse: “tudo o que eu sei eu aprendi em Vitoria”, referindo-se à cidade de Vitoria-Gasteiz, onde joga o Baskonia.

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Quando o brasileiro chegou a Europa para se apresentar ao Tau Ceramica, por ser muito novo a equipe espanhola resolveu envolvê-lo em um empréstimo, afim de que o garoto pudesse se aperfeiçoar e adaptar-se ao basquete europeu. Em seu período de empréstimo de dois anos no Bilbao Basket, Splitter anotou 11,8 pontos e 6,4 rebotes em 26 minutos de média. Acabou mostrando que apesar da idade, poderia sim se destacar entre os profissionais e acaba voltando para o Tau Ceramica

O clube da cidade de Vitoria-Gasteiz foi onde Tiago passou seus anos de ouro na Espanha, chegando a ser nomeado MVP da Supercopa da Espanha em 2006 e 2007, onde foi campeão da competição por quatro anos seguidos (2005-2008). A temporada de 2008 foi onde obteve suas maiores conquistas na Europa e com o melhor índice em quadra, conseguindo alcançar o Final Four da Euroliga aquele ano, perdendo a final para o CSKA. Em 25 jogos naquela temporada da liga continental, suas estatísticas foram 14 pontos, 5 rebotes e 1,1 assistências por jogo. Ele se saiu melhor do que na edição 2006-2007 (10,7 pontos, 6 rebotes e 1,8 interceptações em 20 jogos). Também em 2008, o brasileiro se consagraria campeão da Liga ACB, Splitter, em 34 jogos, foi o segundo melhor marcador da equipe (13,5 pontos) e o segundo melhor reboteiro do clube no campeonato (5,2 rebotes por jogo).

Já dois anos depois, Splitter mostrou que tinha evoluído ainda mais, levando o prêmio de MVP da temporada e das finais da Liga ACB, com a melhor média de pontos da sua carreira (chegando aos 15,7 pontos por jogo). Ali Tiago deixava, antes de ir para a NBA na temporada seguinte, seu nome marcado na história da Espanha e da Europa como um dos jogadores brasileiros mais conhecidos e dominantes dentro do garrafão.

No auge de sua carreira, atuando pelo no San Antonio Spurs, Splitter se deparou com o locaute da NBA em 2011. O brasileiro resolve então voltar para a Espanha rapidamente para atuar pelo Valência. Foram três jogos pelo campeonato nacional (com 15,3 pontos, 9,3 rebotes e 2,0 assistências por partida. Já pela EuroCup também foram três jogos somando 14,0 pontos, 7,7 rebotes e 1,0 assistência de média.

2. Marcelinho Huertas

Com uma vasta experiência na Europa, Marcelinho Huertas coleciona boas estatísticas nos anos que vem jogando no basquete do Velho Continente. Após sua saída do Paulistano em 2004, Marcelinho ingressa no clube espanhol Joventut Badalona, do ainda garoto Ricky Rubio. O armador brasileiro ainda defendeu mais cinco equipes europeias nos anos seguintes, entre elas o Bilbao (ESP), a Fortitudo Bolonha (ITA), o Baskonia (duas vezes), o Barcelona (ESP) e, atualmente, o Tenerife (ESP).

Apesar de longos anos e o título da FIBA Eurocup em 2006, pelo Joventut Badalona, Huertas ainda não tinha se firmado no basquete do outro lado do mundo. Já no Bilbao, em 2008 as médias dele aumentaram muito, chegando a 14,6 pontos por jogo na liga ACB, sua melhor performance europeia no quesito de pontos por partida, sendo até escolhido como o armador da seleção da liga espanhola daquela temporada. No ano seguinte, o armador tentou a chance na Itália, porém a equipe passava por um período conturbado, sendo eliminados precocemente da EuroCup e rebaixados da Serie A da liga italiana, o que fez o brasileiro decidir ir para o Caja Laboral (hoje conhecido como Baskonia), time de seu amigo da seleção, Tiago Splitter. Novamente jogando o campeonato espanhol, Marcelinho contribuiu muito para a equipe e se consagrou, pela primeira vez, campeão espanhol, em 2010.

Não demorou muito para que o Barcelona o contratasse e Marcelinho, na temporada seguinte, conseguiu se adaptar rapidamente ao esquema do técnico Xavi Pascual. Logo na sua primeira temporada no Barcelona, o armador anotou 8,2 pontos e 3,1 assistências por partida na Liga ACB e 8,5 pontos e 4,2 assistências na Euroliga, suas melhores marcas pelo clube catalão. Uma de suas atuações mais emblemáticas aconteceu no primeiro jogo da final da Liga ACB 2012 contra o Real Madrid, em casa. Com uma cesta espetacular do meio da quadra, virando o placar, que estava em 80 a 78 para o Real, Marcelinho garantiu a vitória nos segundos finais e entrou para a história do Barcelona logo na sua primeira temporada. Depois em 2014 venceria novamente a liga nacional antes de ir para NBA.

Após sua passagem na liga americana e duas temporadas (2017-2019) em sua volta para o Baskonia, sem títulos, Marcelinho viria para o Iberostar Tenerife em 2019, onde se encontra até hoje. E em sua nova equipe, Marcelinho acaba mostrando toda sua experiência acumulada de competições internacionais e consegue alcançar um dos maiores feitos de um brasileiro na Europa ao se consagrar campeão da FIBA Copa Intercontinental 2020, ainda levando o prêmio de MVP da competição. O armador da Seleção Brasileira foi muito decisivo na grande final contra o Virtus Bologna (ITA), onde sua equipe ganhou por 80 a 72. Cestinha da partida com 23 pontos, Huertas chamou o jogo no segundo tempo, fazendo 20 pontos nos 20 minutos finais, o prêmio de melhor jogador do campeonato não poderia ir para outra pessoa.

Aos 36 anos, Marcelinho Huertas, mesmo não conseguindo ir para a final da liga espanhola este ano, terminou a temporada nacional com um dos melhores índices de sua carreira. Na equipe das ilhas Canárias desde o início da temporada, o brasileiro anotou 13,1 pontos por jogo na Liga ACB e foi o líder em assistências da competição, com média de 8,1 passes para cestas. A média de assistências pelo campeonato é a maior da carreira de Marcelinho.

1. Oscar Schmidt

Oscar é precioso demais. Por isso, optamos por dedicar a ele um texto especial. Clique na imagem acima e leia mais sobre a carreira do “Mão Santa” na Europa, na nossa coluna “Personagens Históricos“.

Elegendo um quinteto ideal de brasileiros que jogaram na Europa:

Menções honrosas
Em ordem aleatória

  • Vítor Benite: atualmente no basquete europeu, ele acaba de terminar sua quinta temporada consecutiva no continente e já é um dos destaques do San Pablo Burgos.
  • Jonathan Tavernari: com passagens pelo basquete universitário americano e pelo Brasil, o ala-pivô fez sua carreira na Itália, onde jogou pela primeira vez em 2011 e ali está sem interrupções desde 2014, após deixar o Pinheiros.
  • Raulzinho: antes de partir para a NBA, o armador mineiro disputou quatro temporadas na ACB, entre 2011 e 2015.
  • Paulão Prestes: o pivô jogou na Europa entre 2006 e 2013, na maioria do tempo na Espanha, mas com uma passagem pela Lituânia.
  • Scott Machado: entre 2014 e 2017, o armador teve passagens pela França, Estônia, Alemanha e Espanha, antes de tentar a sorte novamente na NBA.
  • Alex Garcia: após deixar a NBA e voltar para o Brasil, o ala-armador foi contratado por uma temporada pelo Maccabi Tel Aviv. Ele, inclusive, foi o cestinha do time na semifinal da Euroliga daquele ano (19 pontos, 20 de PIR), da qual o Maccabi foi vice-campeão.
  • Lucas Nogueira: antes de se juntar ao Toronto Raptors na NBA, “Bebê” jogou na Espanha entre 2011 e 2014. Ele retornou ao país brevemente em 2018.
  • Marcel: um dos maiores jogadores da história da seleção brasileira, Marcel teve duas passagens pela Itália: em 1983-84, jogou na Juvecaserta (time de Oscar) e entre 1986 e 1989, jogou na Fabriano Basket.
  • Marquinhos Souza: o Marquinhos desta geração teve duas passagens breves pela Itália, ambas pela Sutor Montegranaro, em 2004-05 e 2009-10.
  • Marquinhos Abdalla: o Marquinhos das décadas de 1970 e 1980, o primeiro brasileiro da história a ser selecionado no Draft da NBA (1976), teve duas passagens pela Itália, defendendo a Athletic Genova (de 1976 a 1978) e a Virtus Bologna (1980-81).
  • Marcus Toledo: o hoje ala-pivô do Pinheiros se destacou aqui no Brasil ainda na adolescência e já aos 17 anos foi jogar na Europa, onde se profissionalizou. Ele jogou por cinco clubes do basquete espanhol entre 2004 e 2013, antes de voltar para o basquete brasileiro.
  • Marcelinho Machado: a super-estrela do Flamengo e da seleção da última década jogou na Europa em duas oportunidades. Entre 2002 e 2004, ele passou pelas segundas divisões da Itália e da Espanha. Na temporada 2006-07, ele defendeu o gigante Zalgiris Kaunas, com o qual foi campeão do campeonato e da copa lituanos, além de disputar 12 jogos na Euroliga.

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