Neste domingo (19), o Real Madrid conquistou mais um título espanhol para sua coleção, o 36o da sua história, ao bater o Barcelona no jogo 4 por 81 a 74 e fechar a série final em 3-1. Assim como havia ocorrido em seu último troféu, na temporada 2018-19, o time da capital foi bastante superior ao seu grande rival, não deixando dúvidas sobre o título conquistado. Aplicando uma forte defesa e com um jogo mais coletivo, os “blancos” sufocaram o time catalão, que não encontrou respostas no ataque, além de se mostrar bastante frágil na defesa, um dos pontos fortes da equipe ao longo das últimas duas temporadas. A série só não foi uma “varrida” do Real Madrid, em função de grande atuação de Nikola Mirotić e de decisões questionáveis da arbitragem no jogo 2, amplamente favoráveis ao time da casa, o Barcelona. O gigante Walter Tavares, que já havia sido escolhido o Defensor do Ano da Liga ACB, foi dominante nos dois garrafões e, com uma atuação quase perfeita no jogo 4, foi eleito o MVP das Finais, com muita justiça.

A temporada terminou de forma bastante diferente para as duas equipes. O Barcelona, campeão da Liga ACB e vice-campeão da Euroliga na temporada anterior, era o grande favorito para levantar troféus nesta temporada, especialmente após as boas campanhas na temporada regular das duas competições. Além disso, a equipe venceu a Copa do Rei em fevereiro (em cima do Real Madrid), e superou seu grande rival nos quatro confrontos de fase regular, sendo dois de ACB e dois de Euroliga. Porém, nos confrontos mais importantes, a equipe caiu diante de seu arquirrival. Primeiro, na semifinal da competição europeia, tendo que se contentar com um terceiro lugar de sabor amargo. E agora, nas Finais da liga espanhola, onde buscava o bicampeonato, mas que foi totalmente dominada pelo Real Madrid. O técnico lituano Šarūnas Jasikevičius, até então bastante elogiado, passou a ser contestado neste final de temporada, especialmente pela forma como a equipe catalã perdeu seus jogos, com queda na intensidade defensiva e certa displicência ofensiva de alguns jogadores.

Já o Real Madrid mostrou porque é o grande clube do basquete europeu. Apesar de ter montado uma equipe para brigar por títulos, e de ter ficado no topo das tabelas ao longo da temporada, a oscilação de performance em alguns jogos deixavam dúvidas sobre quão longe o time poderia chegar. Além disso, o retrospecto diante do Barcelona era ruim, alimentando ainda mais a tese de que o time a ser batido era o catalão. Assim como na temporada passada, o time sofria com algumas lesões e, para piorar, o técnico Pablo Laso afastou Thomas Heurtel e Trey Thompkins por indisciplina. Porém, veio a semifinal da Euroliga, diante do Barcelona e, mesmo com a lesão de Nigel Williams-Goss no primeiro minuto, o time da capital conseguiu sair com a vitória, para surpresa de muitos. E só não levou mais um título da Europa, diante do Anadolu Efes, por detalhe, perdendo por apenas um ponto. E isso parece ter invertido as posições de favoritismo daí para a frente. O Real Madrid não tomou conhecimento de Manresa e Baskonia nos playoffs da Liga ACB, dominando o Barcelona nos jogos finais.

Um dos grandes fatores de desequilíbrio dessa série final entre Real Madrid e Barcelona foi a energia da equipe madrilenha. Com uma entrega enorme na defesa e uma sensação de maior “vontade” de ganhar o título, o time de Madri estava disposto a mostrar para todos que continuava sendo a grande força do basquete espanhol, e que não suportava as derrotas para o Barcelona na temporada. A notícia do infarto do técnico Pablo Laso pouco antes do início das Finais (felizmente com boa recuperação), deu mais um incentivo ao time branco, que contou com Chus Mateo no banco de reservas. Além disso, a experiência de Sergio Llull e Rudy Fernández acabou sendo fundamental para o título, especialmente com a ausência de Laso ao lado da quadra. Por outro lado, o temperamento explosivo de Jasikevičius parecia mais atrapalhar a equipe do que ajudar, com a rotação da equipe catalã (ofensiva e defensiva) bem distante do brilho visto em meses anteriores. Mesmo o experiente armador Nick Calathes cometia erros básicos, parecendo que a derrota na semifinal da Euroliga havia ficado na cabeça dos jogadores do Barcelona.

Além de ser o 36o título do Real Madrid (contra 19 do Barcelona), também foi o 14o de Liga ACB, disputada desde a temporada 1983-84, onde o grande rival catalão possui 16 títulos. Esta foi a 17a final de Liga entre as duas equipes, com vantagem do time da capital por 10-7, sendo que desde a temporada 2012-13 o Real venceu cinco e o Barcelona “apenas” duas vezes. Também vale mencionar o sétimo título de Liga de Sergio Llull, igualando o feito de Felipe Reyes, além do sexto título de Rudy Fernández e Pablo Laso, e o segundo título consecutivo do húngaro Ádám Hanga, jogador do Barcelona na temporada passada.

Confira abaixo os resultados finais dos playoffs da Liga ACB 2021-22:

QUARTAS-DE-FINAL

Barcelona 2 x 0 Gran Canaria
Joventut Badalona 2 x 1 Tenerife
Real Madrid 2 x 0 Manresa
Baskonia 2 x 1 Valencia

SEMIFINAIS

Barcelona 3 x 1 Joventut Badalona
Real Madrid 3 x 0 Baskonia

FINAIS

Real Madrid 3 x 1 Barcelona

Barcelona 75 x 88 Real Madrid (Gabriel Deck: 18 pts, 5 reb, 3 assist, 20 val)
Barcelona 71 x 69 Real Madrid (Nikola Mirotić: 26 pts, 7 reb, 26 val)
Real Madrid 81 x 66 Barcelona (Vincent Poirier: 6 pts, 10 reb, 2 roub, 2 tocos, 18 val)
Real Madrid 81 x 74 Barcelona (Walter Tavares: 25 pts, 13 reb, 1 roubo, 1 toco, 41 val)

Walter “Edy” Tavares, MVP das Finais

O gigante cabo-verdiano Walter Tavares foi eleito o MVP das Finais da Liga ACB, com médias de 13,2 pontos, 6,2 rebotes e 20 de valoração na série. O pivô fez um jogo 4 quase perfeito, com 25 pontos (9 de 11 dos arremessos de quadra, e 7 de 7 dos lances livres), 13 rebotes (sendo sete ofensivos), uma assistência, um roubo, um toco e 41 de valoração, terceira maior marca histórica em uma série final.

O prêmio de MVP das Finais (ou Final) é entregue desde a temporada 1990-91, com nomes importantes do basquete tendo conquistado a honraria, como Arvydas Sabonis (Real Madrid, 1992-93 e 1993-94), Šarūnas Jasikevičius (Barcelona, 2002-03), Dejan Bodiroga (Barcelona, 2003-04), Felipe Reyes (Real Madrid, 2006-07 e 2012-13), Juan Carlos Navarro (Barcelona, 2008-09, 2010-11 e 2013-14), Tiago Splitter (Baskonia, 2009-10), Sergio Llull (Real Madrid, 2014-15 e 2015-16), Facundo Campazzo (Real Madrid, 2018-19) e Nikola Mirotić (Barcelona, 2020-21).

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