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eurobasket2bbelgrado2b20052b252822529Ficha técnica
Nome: Theodoros Papaloukas (pronúncia: papa--kas);
País: Grécia 🇬🇷;
Nascimento: 1977;
Posição: armador, ala-armador e ala
Carreira: de 1995 a 2013;
Principais Títulos: pelos clubes, 2x campeão da Euroliga (2006 e 2008), 7x campeão do Campeonato Russo, 3x campeão da Copa da Grécia, 3x campeão da Copa da Rússia, campeão da Liga VTB, campeão da Liga Adriática; pela seleção, medalha de prata da Copa do Mundo (2006), medalha de ouro do Eurobasket (2005);
Honras: Time da Década da Euroliga (2000-2010), eleito um dos 50 maiores contribuidores da história da Euroliga, Melhor Jogador Europeu do Ano (2006), MVP da Euroliga (2007), MVP do Final Four da Euroliga (2006), 2x líder de assistências da Euroliga (2007 e 2009), 3x líder de assistências do Campeonato grego (2001, 2002 e 2009).

O basquete grego se tornou uma das mais talentosas escolas do basquete europeu no final da década de 1980. Durante quase duas décadas, diversos atletas espetaculares desfilaram com a camisa da seleção grega, transformando a geração do início deste século talvez a melhor da história do país, aquela que muito provavelmente encantou Giannis Antetokounmpo. Sem sombra de dúvidas Theo Papaloukas foi um dos melhores jogadores dessa geração.

Para muita gente que não pôde ver Papaloukas jogar e vê seu currículo e seu reconhecimento incontestável, fica difícil de acreditar em um fato a respeito de sua carreira: ele preferia ser um reserva. Sim, seja nos clubes em que jogou ou na seleção, o armador sempre preferiu vir do banco. Isso torna ainda mais incríveis as honras e conquistas que ele obteve em sua carreira.

Os primeiros sucessos da carreira, na Grécia

Nos primeiros anos como profissional, Papaloukas jogou por clubes da segunda divisão grega, recebendo, inclusive, o prêmio de melhor jogador da segunda divisão na temporada 1998-99, aos 22 anos de idade. Para a temporada seguinte, ele recebeu sua primeira chance na primeira divisão do país, sendo contratado pelo Panionios. Na temporada 2000-01, ele teve seu primeiro ano de destaque, com médias por 36min de 15.3 pontos, 5,8 assistências e 4,5 rebotes. Ele foi escolhido para o All-Star Game da liga naquela temporada e ficou em terceiro lugar na corrida para MVP.

theodoris2bpapaloukas2bdafniEra inevitável que um dos dois gigantes gregos contratassem a jovem estrela e quem conseguiu fazê-lo foi o Olympiacos. Foi a grande chance da carreira de Papaloukas, com um dos maiores times do continente. De início, ele dividiu o tempo de quadra com o veterano armador sérvio Milan Tomić, ídolo do torcedor e capitão do time. Ainda assim, jogando 21 minutos por jogo no Grego, ele conseguiu ser um dos pilares da equipe, com médias por 36min de 11,4 pontos e 7,4 assistências. Com o trio de Papaloukas, Tomić e o ala-armador americano Alphonso Ford, outro grande jogador na história do basquete grego, o Olympiacos venceu a Copa da Grécia e foi vice-campeão nacional.

Mas foi na Euroliga que ele recebeu suas primeiras grandes chances como titular e ele aproveitou. Em sua estréia na liga, ele não pontuou muito (2 pontos), mas distribuiu 10 assistências e pegou seis rebotes. Em 19 jogos naquela Euroliga (13 como titular) ele teve médias por 36min de 11,3 pontos, 5,4 assistências e 3,9 rebotes. O Olympiacos não passou da fase do Top 16, mas a performance individual de Papaloukas chamou a atenção de outro gigante europeu.

Primeiros anos difíceis na Rússia

CSKA MOSCU 07/08 MACCABI 07/08 FINAL FOUR 07/08Ao fim da temporada 2001-02, o CSKA Moscou oficializou a contratação de Papaloukas. Para ambas as partes, esse seria uma movimentação que mudaria suas histórias. Porém, isso não aconteceu de imediato. Para a mesma temporada, o clube russo também trouxe outro jovem armador do basquete grego, o americano J.R. Holden, que havia se destacado na temporada anterior na Euroliga pelo AEK Atenas. Provavelmente por ser um pontuador bem mais natural, Holden foi o escolhido para ser o armador titular e assim o foi durante os nove anos seguintes, com Papaloukas sendo seu suplente imediato. E isso não poderia ter sido melhor para todas as partes envolvidas.

Nos seis anos em que Papaloukas vestiu a camisa do gigante moscovita, o time apareceu no Final Four em todas as temporadas, fato inédito na história do clube. Mas nas primeiras três temporadas do armador na Rússia, sob o comando do treinador sérvio Dušan Ivković, ele não teve tantas chances, tendo uma média de 17,5 minutos por jogo no período. Foi apenas em 2005, quando o CSKA trouxe o campioníssimo treinador italiano Ettore Messina que tudo mudou.

O ápice da carreira

maxresdefaultPapaloukas entraria nos três melhores anos de sua carreira naquele momento e tudo começou com o título com a seleção grega do Eurobasket no verão de 2005 (falaremos mais da seleção à frente), o primeiro em quase 20 anos. Mas esse sequer foi o maior feito dele no período em questão.

Com Messina, Papaloukas assumiu um papel bem mais importante e isso pôde ser visto durante toda a primeira fase da Euroliga de 2005-2006. Mesmo vindo do banco, o grego foi o quinto jogador com mais assistências na temporada regular, mesmo jogando pouco mais de 22 minutos por jogo. Nesta fase, ele estava provendo o time com médias por 36min de 14,5 pontos e 6,9 assistências, com mais 13,8 de PIR e um aproveitamento de 57,5% dos arremessos de quadra. Era natural que a confiança nele aumentasse, à medida que o clube avançava as fases da competição. E o melhor estaria por vir.

O CSKA confirmou presença no Final Four pelo quarto ano seguido, sem ter conseguido nada melhor que um terceiro lugar nas aparições anteriores. Mas Papaloukas fez toda a diferença. Com a confiança de Messina, que o deixou em quadra por 28 minutos na semifinal e por 30 na final, o armador foi o cestinha do time em ambas as partidas (19 e 18 pontos, respectivamente), acertando 66,6% dos arremessos. Com isso, o CSKA vencia seu primeiro título da Euroliga em 35 anos e Papaloukas, sem a menor sombra de dúvidas, foi eleito o MVP daquele Final Four. Vejam sua performance nos dois jogos:

Na temporada seguinte, impulsionado por mais um sucesso com a camisa da Grécia no verão, Papaloukas viveria outra temporada espetacular, talvez a melhor de sua carreira, mesmo que o CSKA tenha batido na trave e ficado com o vice-campeonato. Nenhum jogador em toda a competição deu mais assistências que ele na temporada, na qual ele teve uma média por 36min de 8,0 assistências por jogo, além de 14,5 pontos, 4,7 rebotes e 15,2 PIR por jogo. Após ter sido eleito o melhor jogador da Europa em 2006, ele também foi eleito o MVP da Euroliga naquele ano.

Mesmo sem o título para o CSKA, Papaloukas não deixou de fazer bem a sua parte para levar o clube ao título. Ele foi decisivo contra o Maccabi Tel Aviv no terceiro e decisivo jogo das quartas-de-final, com 14 pontos e 10 assistências. Ele também foi o melhor jogador no time durante o Final Four, com 11 pontos, 7 rebotes e 4 assistências na semifinal contra o Unicaja e o cestinha da grande final contra os donos da casa, Panathinaikos, com 23 pontos e 8 assistências. Mas a força dos anfitriões foi maior.

Despedida com título

maxresdefault-1Em julho de 2007, o CSKA renovou o contrato com Papaloukas por mais três anos, no valor total de 10,5 milhões de euros. Na temporada 2007-08, ele não foi tão efetivo como na temporada mágica do ano anterior, com médias por 36min de 12,8 pontos e 7,5 assistências, com 11,2 de PIR em todas as fases. Mas ele foi essencial na fase do Top 16 (16 PIR por jogo, 12,9 pontos e 10 assistências por 36min) e nas quartas-de-final (14,3 PIR por jogo, 12,4 pontos e 7,5 assistências por 36min).

Com um time melhor em relação ao ano anterior, o CSKA não teve muitos problemas no Final Four, especialmente na grande final e conseguiu seu segundo título em três anos, o sexto no total. Porém, para a surpresa de muitos, esta seria uma primeira despedida entre Papaloukas e o CSKA.

A volta para a Grécia e a aposentadoria

teodoros-papalukas-znamenitij-grecheskij-basketbolistEm junho de 2008, o jogador e o clube chegaram a um acordo amigável para a rescisão de seu contrato, permitindo que ele aceitasse a proposta de seu ex-clube, o Olympiacos, por mais três anos, com valor total de 10,5 milhões de euros. Sua passagem pelo antigo clube não teve o mesmo sucesso que com o CSKA, mas ainda assim mudou o patamar do time.

Individualmente, Papaloukas se destacou mais na temporada 2008-09, na qual foi o líder de assistências geral da Euroliga. Ele teve médias pot 36min de 7,4 assistências no total e foi decisivo nas quartas-de-final contra o Real Madrid. Ele ajudou o clube a alcançar seu primeiro Final Four em dez anos! Eles foram eliminados pelo arquirrival Panathinaikos na semifinal, em uma partida épica, e terminaram em quarto lugar.

Na temporada seguinte, ele ajudou o time a chegar ao Final Four pelo segundo ano seguido, o que não ocorria desde 1995. Os gregos chegaram à grande final, onde perderam para o Barcelona de Juan Carlos Navarro e Ricky Rubio. Para alegrar um pouco o torcedor, o Olympiacos de Papaloukas saiu de um jejum de títulos de oito anos, vencendo a Copa da Grécia em 2010 e 2011. Antes disso, a última vez que o Olympiacos havia levantado uma taça havia sido na Copa da Grécia de 2002, quando o próprio Papaloukas ainda jogava pelo time!

Papaloukas disputaria ainda duas temporadas discretas, uma pelo Maccabi Tel Aviv, em 2012, e a última em 2013, retornando ao CSKA, onde se aposentou, aos 36 anos de idade.

Pela seleção4185f610-papaloukas-saitamaNo auge de sua carreira, Papaloukas ajudou aquela que pode ter sido a melhor geração grega a alcançar seus melhores resultados, como seleção nacional. Após um talvez decepcionante 5º lugar nas Olimpíadas em casa de 2004, os gregos sofreram com um pouco de desconfiança, mas surpreenderam a todos nos dois anos seguintes.

No Eurobasket de 2005, a Grécia não era considerada por ninguém uma das favoritas. Afinal, desde o título de 1987 em casa (até então o único) e do vice em 1989, a Grécia não havia mais passado das semifinais. Mas, contrariando a todos, eles começaram a surpreender na segunda fase e foi aí que Papaloukas foi decisivo.

Após uma primeira fase discreta e uma partida apagada nas oitavas contra Israel, Papaloukas explodiu nas quartas, contra a Rússia de Andrei Kirilenko, sendo o cestinha da partida, com 23 pontos, acertando 80% dos arremessos de quadra. Ele também foi essencial na semifinal, contra a França de Tony Parker, ajudando a Grécia a vencer o jogo, mesmo estando perdendo por sete pontos a 47 segundos do fim.

Ele também foi o cestinha do time na grande final contra a Alemanha de Dirk Nowitzki, anotando 22 pontos na tranqüila vitória grega. Ele acertou três bolas de três, o que não era uma de suas principais características. No total, ele teve 64,2% de acerto dos arremessos de quadra. Junto com o companheiro Dimitris Diamantidis, Papaloukas foi eleito para o quinteto ideal daquele Eurobasket.

A Grécia também conseguiu outra façanha no ano seguinte, na Copa do Mundo do Japão. Empolgado com o título europeu, o time conseguiu fazer uma campanha arrasadora, do início ao fim, vencendo todos os oito jogos até a final. No meio do caminho, eles conseguiram bater a Lituânia e a Turquia na fase de grupos, a China e a França na fase final e aquela que talvez foi a maior vitória da história da seleção da Grécia: derrubaram os EUA de LeBron James, Dwyane Wade, Carmelo Anthony e cia. na semifinal, por 101 a 95. Na partida heróica contra os americanos, Papaloukas distribuiu 12 assistências, além de marcar 8 pontos e pegar 5 rebotes.

Mesmo com a derrota arrasadora para a Espanha na grande final, a campanha de 2006 foi e continua sendo a melhor de toda a história da Grécia na Copa do Mundo. Ao fim daquele ano, como já falamos anteriormente, Papaloukas foi eleito o melhor jogador Europeu do ano.

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