Este artigo faz parte da série de textos dedicados a contar a história de grandes jogadores, times e treinadores do basquete europeu. Clique aqui para ler outros textos que fazem parte desta série.

Ficha técnica
Nome: Dimitris Diamantidis;
País: Grécia 🇬🇷;
Nascimento: 1980;
Posição: armador, ala;
Carreira: de 1999 a 2016;
Principais Títulos: pelos clubes, 3x campeão da Euroliga (2007, 2009, 2011), 9x campeão da Liga Grega, 10x campeão da Copa da Grécia; pela seleção, medalha de prata da Copa do Mundo (2006), medalha de ouro do Eurobasket (2005);
Honras: 1 × MVP da Euroliga (2011), 2 × MVP do Final Four da Euroliga (2007 e 2011), 6 × melhor defensor da Euroliga (2005, 2006, 2007, 2008, 2009 e 2011), 2× eleito para o time da década da Euroliga (2000-2010 e 2010-2020), 2 × líder de assistências da Euroliga (2011 e 2014), 6 × MVP da Liga Grega (2004, 2006, 2007, 2008, 2011 e 2014), 6 × MVP da final da Liga Grega (2006, 2007, 2008, 2009, 2011 e 2014), 1 × melhor defensor da Liga Grega (2011) 5 × líder de assistências da Liga Grega (2006, 2007, 2010, 2011 e 2015), 6 × líder de roubos de bola da Liga Grega (2003, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2008), 1 × melhor jogador Europeu do ano (2007) 2 × MVP da Copa da Grécia (2009 e 2016) 2 × melhor defensor da final da Copa da Grécia (2009 e 2013);

Um homem temido pelas equipes adversárias em ambos os lados da quadra. Aquele que deu tudo si pelo Panathinakos por 12 anos. Alguém que coleciona títulos não só de clubes, mas também pela sua amada seleção. Dimitris Diamantidis foi e sempre será reconhecido como um dos melhores daquela geração de ouro da Grécia no início dos anos 2000. Um atleta que até mesmo Kobe Bryant gostaria de ter tido em seu time: “Bem, há um jogador da época em que joguei contra que eu gostaria de ter no meu time. O nome dele é Dimitris Diamantidis da Grécia”, afirmou Bryant. Apenas essa declaração já seria o suficiente para mensurar a grandeza do capitão grego.

Início de tudo

Natural da Castória, na Grécia, Diamantidis começou a jogar basquete aos 14 anos de idade para o time juvenil da sua cidade, o Kastoria Basket. Em 1999, após cinco anos de basquete pelo Kastoria, Dimitris acabou se destacando nas categorias de base por ser um jogador versátil, mesmo com pouca idade, fazendo com que conseguisse seu primeiro contrato profissional com o Iraklis Thessalonic (GRE), aos 19 anos. Não demorou muito para que ele fizesse parte de uma revolução juvenil no clube, que contava também com a geração dos jogadores Lazaros Papadopoulos e Nikos Chatzivrettas.

Com muito treino e persistência, Dimitris foi galgando seu espaço na equipe e logo em seu segundo ano de profissional ele já estava entre os titulares. Como resultado da evolução, na temporada 2003-04, Diamantidis foi eleito MVP da Liga Grega (com 14,8 pontos, 4 assistências e 6 rebotes de média naquele ano), ajudando a trazer o Iraklis – uma das equipes gregas mais antigas da Grécia – de volta ao destaque, chegando até aos playoffs da Liga, porém perdendo na semifinal para o Panathinaikos. Aquele era seu cartão de visitas para uma carreira espetacular.

No basquete grego, quando há um jogador de destaque na liga nacional que não seja do Panathinaikos ou Olympiacos, é quase inevitável que na temporada seguinte o atleta em particular vá para umas das duas potências gregas. E com Dimitris não foi diferente. Em 2004 Diamantidis assina com o Panathinaikos, a equipe que o havia eliminado na temporada anterior e de onde nunca mais sairia até sua aposentadoria.

Primeiro ano no Panathinaikos

Agora fazendo parte de uma potência europeia, Dimitris não demonstrou nenhuma dificuldade na questão defensiva em seu primeiro ano na equipe grega. Naquela temporada de 2004-05, Diamantidis se consagraria o melhor defensor da Euroliga (algo que também alcançou nas cinco temporadas seguintes).

Além de conseguir um espaço como o principal líder dentro de quadra – ganhando a Copa da Grécia e Liga Nacional -, o grego também cairia nas graças da torcida por sua espetacular performance defensiva, sendo apelidado de “Homem-Aranha” (por causa de seus braços longos e sua incrível capacidade de roubar a bola em quase todas as situações de jogo) e também de 3D (Dimitris Diamantidis Defense). E graças a essa especialidade defensiva e sua agilidade, Dimitris seria a principal peça, tanto defensiva quanto ofensiva, para fazer o Panathinaikos voltar a ser o campeão da Euroliga.

No topo da Europa

Após um primeiro ano de muito aprendizado e algumas conquistas nacionais, Dimitris já havia se acostumado com a segunda grande transição de sua vida e podemos colocar isso na conta do treinador multicampeão, Zeljko Obradovic. Era inegável que este entendia o estilo de jogo de Diamantidis, dando-lhe muita liberdade para liderar a equipe dentro de quadra e passando essa confiança que tinha no armador para os companheiros de equipe.

Com um elenco unido, não era surpresa saber que o Panathinaikos iria longe na Euroliga no ano de 2007. E o palco do Final Four daquele ano seria logo no Salão Olímpico de Atenas (OAKA), na capital grega, casa dos greens. Ser campeão em casa seria a ‘’cereja do bolo’’. As semifinais foram disputadas entre CSKA Moscou (RUS) e Unicaja Málaga (ESP) de um lado, com o Panathinaikos enfrentando o Tau Cerámica (ESP) do outro. O time russo venceu sua partida sem dificuldades e cravou sua vaga em sua segunda final consecutiva.  Já os greens e sua super defesa conseguiram anular o time de Scola e Splitter, voltando às finais na expectativa de serem campeões após cinco anos do último triunfo. Seria também uma final marcada pelo encontro entre o atual MVP da Euroliga, Theodoros Papaloukas, e o atual melhor defensor da liga, Dimitris Diamantidis – ambos companheiros de seleção e, consequentemente, conhecedores do estilo de jogo e dos pontos fracos um do outro.

No jogo da final, o atual campeão não conseguiu impor um ritmo de jogo na primeira metade da partida, devido à grande defesa grega. Dimitris estava em uma noite iluminada ofensiva e defensivamente, errando apenas um arremesso em todo o jogo (anotando 22 pontos, 3 assistências, 2 roubos de bola e 3 rebotes na final). O placar terminou 93-91 para o Panathinaikos, que se consagrou tetra campeão europeu. Diamantidis levou o prêmio de MVP do Final Four pela primeira vez, mostrando para a Grécia e para o mundo que a defesa agressiva inteligente poderia sim ganhar a Euroliga.

No ano seguinte, depois de uma temporada conturbada, mesmo com a volta do ótimo armador Vassilis Spanoulis (após sua passagem pela NBA no Houston Rockets), o Panathinaikos acabou sendo eliminado precocemente, no Top 16 da Euroliga daquele ano. No entanto, os gregos vieram com tudo para a temporada seguinte (2008-09), com o sonho de levar o quarto título no espaço de nove anos, culminando em uma pós temporada super apertada.

O Final Four daquele ano, disputado em Berlim, seria de tirar o fôlego para ambas as chaves. A primeira semifinal foi disputada entre o melhor time da temporada regular, o Barcelona (ESP), contra os atuais campeões CSKA. O Barcelona, do MVP Juan Carlos Navarro acabou perdendo para a equipe russa, liderada por Ramunas Siskauskas. Já a outra chave da semifinal era logo o clássico grego entre Panathinaikos e Olympiacos. O derby foi decidido nos detalhes, com direito a uma ótima ação defensiva de Dimitris para parar um dos arremessos que poderiam dar a vitória para o Olympiacos. O placar terminou 84-81 e os greens estavam mais uma vez nas finais da Euroliga.

Enfim Diamantidis chegava a mais uma final, juntamente com seus companheiros. Era brilhante e emocionante ver a sinergia que ele criou com Spanoulis e Jasikevicius. Os três juntos formavam um trio de armação que muitas vezes parecia imparável. Contudo, o CSKA vinha para sua quarta final consecutiva e, por ter perdido para os gregos na final de 2007, aquela partida teria um gostinho de revanche para eles. Ou pelo menos era o que imaginavam e acreditavam, pois o que se viu na primeira metade do jogo foi um verdadeiro atropelo do Panathinaikos. O time chegou a ir para o vestiário com a vantagem no placar de 48-28.

Ao voltar do intervalo, impulsionada por Trajan Langdon, a equipe russa demonstrou uma reação no final, chegando a virar no placar da partida. No entanto, assim como no último encontro das duas equipes na final de Euroliga, a principal arma que o Panathinaikos usou foi a defesa apertada nos últimos minutos. E o final da história não foi diferente: Siskauskas chegou a ter a chance de ganhar a partida para o CSKA, mas os gregos conseguiram segurar a vantagem no placar por 73-71, alcançando mais uma coroa europeia (a quinta do time na história). O MVP do Final Four foi Vassilis Spanoulis, mas, com toda certeza, Dimitris Diamantidis (que anotou 10 pontos, 3 assistências e 4 rebotes naquela final) foi essencial para mais uma taça continental para o time grego.

Último título de Euroliga e aposentadoria

Líder defensivo, líder em passes e com pontos cruciais, Dimitris entrava para o rol de maiores jogadores da história do Panathinaikos em tão pouco tempo. Porém, ele queria mais. O próximo título continental só viria em 2011, contudo, como em todos os outros anos, Diamantidis se manteve dominante em campeonatos nacionais, sem perder nenhuma Liga Grega.

O técnico mais vitorioso da história da Euroliga, Zeljko Obradovic, tinha em mãos um time muito experiente e com sede de vitória. Essa sede ficou bem clara quando o Panathinaikos eliminou o atual campeão Barcelona nos playoffs de 2011 por 3-1 na série. A equipe de Dimitris venceu a semifinal do Final Four contra a Montepaschi Siena (ITA) sem muita dificuldade, por 77-69, indo para mais uma final. Só que desta vez encontraria o grande Maccabi Tel Aviv (ISR).

A partida final seria em Atenas, o que daria um reforço a mais, por jogar em casa diante da sua torcida, como na final de 2007. Dimitris Diamantidis foi espetacular naquela partida, registrando 16 pontos, 9 assistências, 2 roubadas de bola e 5 rebotes. A equipe grega se consagrava hexa campeã da Euroliga, com o placar de 78-70. Diamantidis entrava mais uma vez para história da Europa, não só por se consagrar campeão pela terceira vez, mas também por bater o recorde de mais assistências em um jogo decisivo de Euroliga, era a única vez na história do campeonato – e apenas a segunda vez em um jogo de Final Four – que dois jogadores do Panathinaikos tiveram pelo menos 9 assistências no mesmo jogo. Diamantidis e Jeremy Pargo (do Maccabi) se juntaram a Arriel McDonald como os únicos jogadores com 9 assistências em um jogo de pós-temporada. O grego também levou o prêmio de MVP do Final Four pela segunda vez na carreira, juntando-se a Toni Kukoc (1990, 1991, 1993) e Dejan Bodiroga (2002, 2003) como os únicos jogadores a ganhar a honra mais de uma vez. A terceira coroação europeia seria o início de uma despedida que aconteceria 5 anos depois.

Dimitris continuou sendo incontestável nacionalmente, batendo vários recordes e ganhando um título grego atrás do outro nos anos subsequentes, perdendo apenas a final da Liga Grega em 2014/15 para o rival Olympiacos. Além de títulos, Dimantidis colecionou respeito e admiração de todos a sua volta por seu compromisso não só com o Panathinaikos, mas com sua nação. Em seu auge, ele chegou a receber propostas de vários times da NBA, acordos que todo jogador de basquete anseia receber e se encaixaria em um piscar de olhos, mas ele não queria esse estilo de vida, a camisa verde era a vida dele. E ele foi fiel à sua palavra. O homem não se vendeu, se mantendo na Grécia até sua aposentadoria em 2016, nos deixando um legado de que basquete não é apenas ataque, não é apenas defesa, mas o conjunto.

Infelizmente, a imagem que fica na mente de seu último jogo com a camisa do Panathinaikos é dolorosa. Uma cesta nos últimos segundos de Vassilis Spanoulis, aquele que estava com ele no título de 2009 da Euroliga, o armador que vestiu a camisa da seleção da Grécia junto com ele, mas que agora vestia a camisa do rival. Um roteiro que ninguém imaginaria, ainda mais porque Spanoulis estava sendo marcado exatamente por Dimitris. Um desfecho marcante, assim como toda sua história, nem os “deuses do basquete” poderiam imaginar um roteiro final assim.

 

Pela seleção

Tendo jogado pela seleção sub-20 da Grécia nos Jogos Mediterrâneos de 2001, Diamantidis já havia conseguido um reconhecimento considerável com a camisa da Grécia, pois fazia parte da equipe que conquistou a medalha de prata. Mas a estreia na seleção principal não aconteceu até a campanha nas eliminatórias para o EuroBasket de 2003. Fazendo quatro aparições, Dimitris foi uma grande peça vinda do banco de reservas.

Diamantidis voltou a vestir a camisa do país no final do verão, quando a Grécia sediou as Olimpíadas de 2004, com os gregos de volta ao torneio olímpico de basquete pela primeira vez em oito anos. Apesar de ter se destacado no cenário nacional, Dimitris ainda era uma opção do banco, quando a Grécia terminou o torneio em quinto.

Após verões consecutivos de partidas na reversa, Diamantidis finalmente entrou na equipe inicial da seleção no EuroBasket de 2005. No que seria o melhor momento da Grécia no novo milênio. Os gregos conquistaram o ouro com uma vitória sobre a Alemanha na final – mas nada disso seria possível se Dimitris não tivesse acertado aquele arremesso espetacular nos últimos segundos na vitória da semifinal sobre a França.

Um ano depois, o astro do Panathinaikos fazia parte do time da Grécia que chocou o mundo do basquete com uma vitória impressionante sobre os Estados Unidos (de Carmelo Anthony, LeBron James, Dwyane Wade e cia.) nas semifinais do Copa do Mundo FIBA ​​de 2006 no Japão. Diamantidis marcou 12 pontos, 5 assistências, 2 roubadas de bola e 3 rebotes. Apesar da derrota para a Espanha na final, a Grécia conseguiu uma medalha de prata pela primeira vez na história da seleção. 

Enquanto a carreira do clube de Diamantidis estava prosperando, o grego não podia dizer o mesmo sobre a sua seleção. Apesar do sucesso de 2005 e 2006, a Grécia acabou falhando no EuroBasket 2007 e nas Olimpíadas de 2008 em Pequim. Inicialmente, o EuroBasket de 2009 foi visto como uma chance de redenção para a Grécia, mas quando Diamantidis e Papaloukas saíram do torneio acusando cansaço, as esperanças dos gregos de voltar ao pódio foram frustradas. Mas, para grande surpresa da Europa, a Grécia ainda encontrou um caminho para o pódio, pois após a derrota na semifinal para a Espanha, o consolo veio na vitória sobre a Eslovênia valendo o bronze. A medalha de bronze da Grécia levantou muitas perguntas na imprensa, já que membros da mídia e fãs se perguntavam o que Diamantidis e Papaloukas saudáveis ​​poderiam ter oferecido.

Um ano depois, Diamantidis retornou à seleção para o Copa do Mundo FIBA ​​2010 na Turquia. No que seria o último confronto dele com a camisa da equipe nacional. Um antigo arquirrival (Espanha) entregaria à Grécia uma saída antecipada da competição. Isso significava o fim do astro do Panathinaikos com a camisa da Grécia, que anunciou sua aposentadoria da equipe nacional logo após a derrota para a seleção espanhola. Até hoje muitos questionam o auto afastamento de Dimitris pela seleção mesmo com apenas 30 anos, pois muitos ainda acreditavam que Diamantidis poderia ter oferecido algo especial, mesmo que fosse em uma capacidade reduzida.

Celebração de despedida feita pelos torcedores do Panathinaikos

Documentário

By Vinicius Matosinhos

Sou apaixonado por esportes e amo escrever sobre as ligas de basquete espalhadas pelo mundo. Basquete é basquete em qualquer lugar.

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